Memória 2021: O adeus de quem nos deixou este ano

E para fecharmos a retrospectiva de 2021 chegou o momento saudade. O ano que se encerra teve perdas que deixaram saudades em todas as áreas e no ano da vacinação a Covid- 19 seguiu levando mais gente embora do plano físico.

A morte do humorista que fez o Brasil rir  

Rir é um ato de resistência. Esta frase dita por Paulo Gustavo no final do ano passado se tornou símbolo da maior tragédia que o país vive. Um dos maiores nomes do humor brasileiro nos últimos anos com personagens que fizeram milhares de pessoas rirem como a Dona Hermínia o humorista sucumbiu às complicações devastadoras da Covid-19. Sua morte em 4 de maio aos 42 anos deixou o país em um luto que nem mesmo o negacionismo calou sua voz. Paulo Gustavo foi um dos mais de 600 mil brasileiros que perderam a vida pra doença em quase dois anos.

A morte trágica no auge da rainha da sofrência

Sexta - feira, dia 5 de novembro. O Brasil fica chocado com a morte precoce de uma das cantoras mais ouvidas do país. Marília Mendonça em apenas seis anos de carreira colhia os frutos por se tornar uma das vozes do movimento feminino na música sertaneja com canções que falam de relacionamentos complicados e suas músicas rendiam recordes de visualizações no YouTube e execuções no Spotify. Com a volta dos shows a cantora retornava sua turnê pelo país e iria fazer um show em Caratinga, mas o avião bimotor em que ela viajava junto de outros quatro ocupantes caiu nas proximidades de Piedade de Caratinga matando todos os ocupantes dentre eles Marília Mendonça que com apenas 26 anos deixou um enorme vazio na música. 

As perdas do ano na música






 

Em 2021 a música perdeu grandes artistas. Em 7 de janeiro o forró perde um de seus ícones, Genival Lacerda, uma das vítimas da Covid-19. Genival compôs músicas que viraram clássicos do gênero como Severina Xique Xique, De quem é esse jegue  e Mate o véio. No dia 3 de abril outra vítima que a Covid- 19 levou foi o cantor Agnaldo Timóteo. Em sua carreira compôs músicas de sucesso e também se arriscou na política. No dia 7 de maio morre o cantor e compositor Cassiano, autor de clássicos da soul music como A Lua e eu, em 16 de maio morria o MC Kevin num acidente quando caiu do 5º andar do hotel onde estava hospedado. Em 24 de agosto os Stones ficaram sem sua alma quieta, o baterista Charlie Watts aos 80 anos. O samba também teve dias de luto com a perda de sambistas famosos como Nelson Sargento (27 de maio), um dos principais sambistas da história, o puxador de sambas Dominguinhos do Estácio (30 de maio) e Monarco da Portela (11 de dezembro). O jazz instrumental perdeu Chick Corea (11 de fevereiro) e a canção romântica perdeu BJ Thomas (29 de maio), aqui no Brasil o ano marcou o adeus a dois grandes pianistas: João Carlos Assis Brasil (6 de setembro) e Nelson Freire (1º de novembro) e antes do ano acabar morre o cantor Maurílio (29 de dezembro). Ele fazia dupla com Luiza e se sentiu mal durante a gravação de um DVD, ficou internado por 15 dias e morreu por complicações pulmonares.

Adeus à grandes artistas na dramaturgia e no cinema


 
 




2021 foi o ato final de artistas que brilharam nos palcos e nas telas. Um deles foi Tarcísio Meira (12 de agosto). O ator de 85 anos morreu por complicações causadas pela Covid deixando um enorme legado. Um dos mais completos atores da história fez de tudo: foi herói, galã, vilão, enfim um verdadeiro artista. Um dia antes em 11 de agosto morria o ator Paulo José de 84 anos vitimado por uma pneumonia. Ele sofria do Mal de Parkinson desde 1993 e virou símbolo no combate à doença. Atuou em dezenas de filmes, novelas e peças de teatro mostrando um enorme talento. No dia 15 de maio o país se despede da dama Eva Wilma, vítima de câncer no ovário. Atriz de múltiplos talentos fez personagens marcantes dentre eles as gêmeas Ruth e Raquel na primeira versão de Mulheres de Areia na extinta TV Tupi. No dia 19 de setembro saía de cena o ator Luís Gustavo aos 87 anos, vítima de câncer. Luiz Gustavo fez personagens cômicos que fizeram história como o politicamente incorreto Beto Rockfeller na novela de mesmo nome que foi sucesso na Tupi e que revolucionou a linguagem das telenovelas e Mário Fofoca, o detetive de Elas por Elas que ganhou uma série um ano depois. Em 27 de julho Orlando Drummond saía de cena aos 101 anos. Orlando Drummond além de ator foi humorista e dublador e seu personagem mais conhecido foi o Seu Peru na Escolinha do Professor Raimundo além de dublar personagens como Scooby Doo. Outra perda do ano foi Sérgio Mamberti (3 de setembro), ator de inúmeras novelas e filmes teve como personagem mais marcante o dr. Victor do Castelo Rá Tim Bum. Ainda tivemos a perda de João Acaiabe (31 de março), ator de vários papéis de destaque em novelas e programas infantis e Mila Moreira (6 de dezembro), precursora ao ser a primeira modelo a virar atriz e atuar em novelas. No cenário internacional dissemos adeus à um gigante do cinema francês, Jean Paul Belmondo, morto em 6 de setembro. Outros mortos do ano: Christopher Plummer (5 de fevereiro), Léo Rosa (9 de março), George Segal (23 de março), Maurice Capovilla (29 de maio),  Richard Donner (5 de julho) e Marina Miranda (21 de setembro).

A morte do autor que retratou o Brasil das mazelas sociais

No dia 26 de outubro a televisão brasileira e a dramaturgia perdia o autor Gilberto Braga. Aos 75 anos Gilberto não resistiu às complicações de uma infecção causada pela perfuração do esôfago. Escreveu novelas de sucesso como a primeira versão de Escrava Isaura, adaptação de Bernardo Guimarães, Dancin Days, mas foi a partir de Vale Tudo que impôs um estilo, o de ser crítico das mazelas sociais do Brasil e naquela novela o país parou para saber quem matou Odete Roitman, personagem de Beatriz Segall. 

As perdas no jornalismo





Um ano de desfalques no jornalismo. No dia 23 de janeiro morre nos Estados Unidos Larry King aos 87 anos. Famoso por suas entrevistas na CNN recheadas de tiradas e pelos famosos óculos pretos conduziu por 25 anos as entrevistas do Larry King Live. Em 27 de março morre por complicações da Covid o jornalista e narrador Paulo Stein, voz marcante na extinta Rede Manchete onde foi a voz oficial do carnaval e narrador de grandes eventos esportivos, no dia 27 de junho o jornalismo cultural perdia Artur Xexéo, jornalista que passou por vários veículos de comunicação como o JB, Veja e O Globo onde era colunista do Segundo Caderno, no dia 11 de novembro morre a jornalista Cristiana Lôbo aos 64 anos vítima de um câncer mielóide. Cristiana fez história no jornalismo político onde manteve durante anos colunas nos jornais O Globo e Estadão e na TV foi apresentadora do Fatos e Versões na Globo News, em 31 de maio morre o narrador Januário de Oliveira, narrador histórico no Rio de Janeiro onde narrou pela TV Educativa, Band e Manchete e criador de bordões marcantes como Tá lá um corpo estendido no chão, cruel, é disso que o povo gosta e tá aí o que você queria. O ano ainda teve as perdas de Luís Humberto (12 de fevereiro), fotógrafo que marcou época na imprensa brasileira além de ser professor na UnB, Milton Coelho da Graça (29 de maio), jornalista que fez parte da revista Placar e do jornal O Globo e Douglas Porto (18 de julho), radialista que atuava em Santos e ajudou no desenvolvimento do futebol de Brasília transmitindo partidas na rádio Jovem Pan Brasil no começo dos anos 2000.

Um ano de perdas no esporte



Em 2021 o esporte também chorou perdas. No futebol o ano foi de adeus para Gerd Müller (15 de agosto), artilheiro da Copa do Mundo de 1970 e terceiro maior nas Copas atrás de Ronaldo e Klose, Leopoldo Luque (15 de fevereiro), campeão mundial pela Argentina em 1978, o juiz Sandor Puhl (20 de maio), árbitro que apitou a final da Copa do Mundo de 1994 entre Brasil e Itália onde o Brasil foi tetra, o ex- presidente do Corinthians Alberto Duallib (13 de julho), Barcímio Sicupira (7 de novembro), maior artilheiro da história do Athlético Paranaense e Dorval Rodrigues (26 de dezembro), lendário integrante do ataque do Santos dos anos 60 ao lado de Pelé, Coutinho, Pepe e Mengálvio. 



No automobilismo 2021 foi a bandeirada final para Max Mosley (24 de maio), ex- presidente da FIA que dirigiu a entidade entre 1991 e 2003, André Ribeiro (22 de maio), ex- piloto de Fórmula Indy onde venceu três corridas, uma delas marcante na minha vida, a vitória no GP Brasil de 1996 no extinto autódromo de Jacarepaguá. André foi vitimado por um câncer no intestino no qual manteve sigilo, Carlos Reutemann (7 de julho), ex- piloto argentino vice campeão mundial de Fórmula 1 em 1981 perdendo para Nélson Piquet, a família Unser perdeu Bobby Unser em 2 de maio. Bobby foi tricampeão da Indy 500 e em 10 de dezembro morria Al Unser, tetracampeão da prova junto de Rick Mears, AJ Foyt e do brasileiro Hélio Castroneves que este ano igualou o feito. No dia 28 de novembro morria Frank Williams, famoso dono da equipe Williams que conquistou 7 títulos mundiais de pilotos dentre os quais Nélson Piquet, tricampeão pela equipe em 1987 e que foi equipe de outros seis brasileiros dentre eles Ayrton Senna que morreu com um carro da equipe em 1994. Frank vendeu a equipe em 2019.



O ano ainda teve as mortes de Leon Spinks (6 de fevereiro), ex- campeão mundial de boxe que em 1978 venceu Muhammad Ali,  Roseli Machado (8 de abril), campeã da São Silvestre de 1996, Luiz Antônio dos Santos (6 de novembro), maratonista bicampeão da maratona de Chicago, Luiz Alberto de Oliveira (30 de junho), técnico que descobriu Joaquim Cruz, campeão olímpico dos 800 m nas Olimpíadas de 1984 em Los Angeles, Oleg Ostapenko (3 de julho), técnico ucraniano de ginástica que ajudou a transformar a ginástica brasileira, Jacques Rogge (29 de agosto), ex- presidente do COI por 12 anos, Miguel de Oliveira (15 de outubro), ex- pugilista campeão mundial dos médio - ligeiros, Lee Evans (19 de maio), ex- recordista dos 400 m rasos onde foi bicampeão olímpico e o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha (12 de janeiro), mecenas do esporte brasileiro.

As perdas na política






Em 2021 políticos de grande importância deram adeus. Um deles foi Marco Maciel (12 de junho), político pernambucano que ganhou projeção durante a ditadura sendo governador, senador, deputado federal por vários mandatos e vice presidente da República nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Em 14 de fevereiro morria na Argentina o ex- presidente Carlos Menem aos 92 anos. Menem dolarizou a economia argentina controlando a inflação, mas deixou o país mergulhado em crise. No dia 18 de março morre o Major Olímpio, uma das vítimas da Covid - 19 e estava em seu primeiro mandato como deputado eleito pelo PSL rompeu em 2019 com Bolsonaro, em 23 de abril morre Levy Fidélix, político que tinha como proposta implantar o aerotrem e em 2014 concorreu á presidência da República pelo PRTB, no dia 16 de maio o câncer matou precocemente o prefeito de São Paulo Bruno Covas aos 41 anos. Bruno lutou bravamente contra a doença demonstrando coragem até o fim, no dia 26 de junho morria José Paulo Bisol, político que foi vice de Lula na eleição presidencial de 1989. Em 9 de novembro morre o político goiano Íris Rezende depois de 70 anos de carreira onde foi governador do estado de Goiás por duas vezes e quatro vezes foi prefeito de Goiânia. Outro político goiano que se foi este ano foi Maguito Vilela (13 de janeiro), ex- governador do estado e prefeito eleito, chegou a tomar posse, mas não resistiu às complicações da Covid. O publicitário Duda Mendonça (16 de agosto) criou campanhas políticas que levaram à vitórias nas eleições sendo a mais marcante a campanha que levou Lula ao poder em 2002 No cenário internacional o ano teve as perdas de Donald Rumsfeld (29 de junho), secretário de defesa no governo de George W. Bush, Colin Powell (18 de outubro), ex- secretário de estado nos governos Reagan, George Bush e George W. Bush e esteve à frente das ações militares na primeira Guerra do Golfo e na segunda Guerra do Golfo foi o mentor da ideia escabrosa de que o Iraque de Saddam Hussein tinha armas químicas, em 11 de novembro morre na África do Sul Frederik de Klerk, último presidente do país no regime do apartheid e foi durante o seu mandato que Nelson Mandela foi solto depois de 27 anos e no dia 26 de dezembro morre o bispo Desmond Tutu, maior ativista contra o apartheid e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1984.


Na arquitetura brasileira 2021 marcou o adeus a Jayme Lerner (27 de maio), arquiteto que deu uma nova cara à Curitiba com obras revolucionárias como o BRT além de ter sido prefeito da cidade e governador do Paraná, em 23 de maio morre Paulo Mendes da Rocha e no dia 27 de novembro morre o arquiteto Ruy Ohtake, criador de obras arquitetônicas imponentes em São Paulo.




O ano teve outros mortos de destaque: o príncipe Phillip (9 de abril), o astronauta Michael Collins (28 de abril), integrante da Apollo XI que tripulou a missão rumo à Lua, Carlos Langoni (13 de junho), o mais jovem a ocupar a presidência do Banco Central, Paulo Tarso Flecha de Lima (13 de julho), diplomata que dirigiu a embaixada do Brasil em Londres, Francisco Weffort (2 de agosto), ex- ministro da Cultura no governo de Fernando Henrique Cardoso, a promoter de eventos Alicinha Cavalcanti (3 de agosto), João Sayad (5 de setembro), foi ministro do planejamento no governo Sarney além de ter sido um dos pais do Plano Cruzado, Dom José Freire Falcão (26 de setembro), cardeal que foi arcebispo de Brasília por muitos anos, Geraldo Brindeiro (29 de outubro), foi procurador - geral da República no governo FHC, Thomas Lovejoy (25 de dezembro),ambientalista e defensor das questões envolvendo a Amazônia, Contardo Caligaris (30 de março), escritor e psicanalista e Lya Luft (30 de dezembro) escritora gaúcha autora de obras como Perdas e Ganhos e As Parceiras.

Pra fechar essa postagem não poderia deixar de trazer aqui uma lembrança pessoal e familiar. Nesse ano perdi meu tio Luiz Nunes Camelo Filho, o Luizinho. Ele vinha sofrendo de problemas causados pelo diabetes havia dois anos e na virada do dia 24 para o dia 25 de setembro ele teve uma parada cardíaca falecendo pouco tempo depois. E por ironia da vida ele foi sepultado no dia de meu aniversário, 26 de setembro quando fiz 44 anos. Confesso que esse foi o aniversário mais triste que passei. 

E chegamos ao fim da nossa retrospectiva. 2021 chega ao fim e nessa sexta 31 de dezembro, último dia do ano teremos a prestação de contas do ano, o calendário dos eventos, a São Silvestre, a retrospectiva de dezembro e a mensagem de final de ano encerrando os trabalhos do blog em 2021.

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