Retrospectiva 2021: A Olimpíada mais atípica e o novo patamar do esporte olímpico brasileiro

Kleber Nunes
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Continuamos passando 2021 a limpo e agora vamos falar de um acontecimento que deveria ser realizado em 2020, mas que foi forçosamente adiado pela pandemia e que foi realizada em 2021.

Tóquio 2020 já seria atípica se fosse realizada em meio à pandemia e a edição deste ano entrou pra história por não ter presença de público nas arquibancadas. O Comitê Organizador vetou presença de torcedores do mundo e o que vimos foi um evento que pulsou sem a aura do torcedor presente nas arenas mas os atletas deram o máximo de si mesmo sem torcida e fizeram o espetáculo do esporte.

Cerimônia de abertura sem público foi emocionante e Naomi Osaka foi a responsável por acender a pira olímpica

A cerimônia de abertura no estádio Olímpico sem público exaltou o lado tecnológico do Japão e toda a história milenar além de prestar homenagem às vítimas da Covid-19. O desfile das nações foi bem reduzido e o Brasil mandou dois atletas que foram os porta bandeiras Bruno Rezende e Ketleyn Quadros. A pira olímpica foi acesa pela tenista Naomi Osaka.

 O lado humano de uma campeã


 Simone Biles não brilhou, mas revelou ao mundo sofrer de pressão psicológica

Simone Biles chegou à Tóquio como uma das estrelas da Olimpíada, mas ela revelou que sofre pressão e essa pressão psicológica abalou a ginasta e muitos viram nela como sofrem atletas de alto rendimento. Biles acabou desistindo das competições de ginástica em razão de ter sucumbido a um quadro depressivo. 

A melhor campanha de todos os tempos do Brasil em Olimpíadas

O desafio do Time Brasil era enorme: superar as medalhas conquistadas na Olimpíada em casa e depois do sucesso na Rio 2016 o Brasil faz sua melhor campanha olímpica em 100 anos de participação e cria passos para enfim se tornar uma potência. Foram 21 medalhas conquistadas em Tóquio sendo 7 de ouro igualando o número de medalhas do Rio, 6 pratas e 8 bronzes que colocaram o país na 12ª posição no quadro geral de medalhas. O Canadá teve o mesmo número de ouros e pratas do Brasil, mas com três bronzes a mais ficou na 11ª colocação . Destaque para as mulheres e pros atletas da Região Nordeste.

O show de nossos skatistas numa bela estreia olímpica



Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros trouxeram medalha na estreia da modalidade em Jogos Olímpicos

Dos esportes que estrearam nos Jogos de Tóquio a sensação foi mesmo o skate. O esporte das rodinhas conquistou os fãs e o Brasil fez bonito conquistando três medalhas. Duas delas foram no street. A primeira medalha do Brasil nos jogos veio com Kelvin Hoefler que conquistou a medalha de prata, no dia seguinte o Brasil se encantou com a Fadinha Rayssa Leal. Aos 13 anos Rayssa conquistou a medalha de prata e se tornou a mais jovem atleta brasileira a subir no pódio olímpico. Tudo levava a crer que teríamos as três brasileiras na final do skate street, mas Pamela Rosa e Letícia Bufoni não chegaram à final. Pamela competiu com o tornozelo machucado prejudicando seu desempenho. O país ainda conquistou a prata no skate park masculino com Pedro Barros.

O primeiro ouro ninguém esquece



Ítalo Ferreira fez história e mesmo com a prancha quebrada conquistou o primeiro ouro para o Brasil na Olimpíada

A primeira vez do surfe em Jogos Olímpicos ninguém esquece. Pela primeira vez na história os maiores competidores de surfe disputariam medalha e no fim um ouro inesquecível e consagrador para Ítalo Ferreira. Ítalo foi avançando de fase sempre dando show nas manobras e na semifinal despachou o australiano Julian Wilson. Na outra chave tudo caminhava para Gabriel Medina ser o adversário, só que isso não aconteceu. O japonês Kanoa Igarashi impediu uma final brasileira com uma manobra espetacular e foi pra final com Ítalo. A polêmica manobra rendeu uma chuva de críticas aos juízes nas redes sociais, mas não adiantou nada pra Medina que ficou sem medalha. A decisão teve gosto de drama e superação para Ítalo Ferreira pois sua prancha quebrou e ele conseguiu uma outra à tempo para dar um show e arrebatar o ouro. O potiguar criado em Baía Formosa e que aprendeu a surfar numa prancha de isopor entrava pra história como o primeiro medalhista dourado desta Olimpíada e o primeiro campeão olímpico do surfe na história dos Jogos.

 Surge a rainha Rebeca



Duas medalhas numa só olimpíada, um feito histórico para Rebeca Andrade

A ginástica tem uma nova rainha. O Brasil se apaixonou por Rebeca Andrade. Nossa ginasta havia passado por uma cirurgia antes da Olimpíada que seria em 2020, mas acabou sendo adiada e em junho veio a vaga. Rebeca encantou Tóquio com graça e leveza arrebatando quem viu pela TV ao Baile de Favela que fez sucesso. Rebeca fez história ao ser a primeira ginasta brasileira feminina campeã olímpica ao vencer a prova do salto sobre a mesa e ela ainda conquistou a prata no individual geral. Mesmo com as conquistas Rebeca Andrade mantém a simpatia e a simplicidade e as medalhas conquistadas em Tóquio encheram de orgulho os brasileiros, para coroar o ano mágico o título no mundial e o prêmio de melhor atleta no Prêmio Brasil Olímpico.

Isaquias conquista o ouro que faltava na coleção olímpica


Isaquias Queiroz conquista a medalha de ouro e completa a coleção olímpica

Na Rio 2016 ele já era o maior atleta brasileiro em uma edição de Jogos Olímpicos com três medalhas, mas faltou o ouro pra Isaquias Queiroz. Em Tóquio nosso multicampeão enfim chegou lá. Isaquias foi soberano e conquistou uma medalha inédita na história da canoagem brasileira ao vencer o C1 1000 m com sobras superando a frustração de ficar sem medalha no C21000 m em parceria com Jacky Goodman (substituiu Erlon Souza, lesionado) ficando em quarto lugar. Ele dedicou a conquista ao seu mentor Jesús Morlán, morto em 2018. E ele quer mais pra Paris.

Punhos que valeram ouro


 Hebert Conceição virou o jogo e conquista o segundo ouro consecutivo do boxe em Olimpíadas

Nas duas últimas olimpíadas o boxe brasileiro conquistou duas medalhas de ouro e foram duas medalhas vindas de pugilistas baianos. Em Tóquio o ouro da vez veio nos punhos potentes de Hebert Conceição, ouro na categoria até 75 kg. Numa campanha arrebatadora Hebert foi passando um por um até chegar à decisão contra o atleta da Ucrânia. Em desvantagem nos dois primeiros rounds Hebert partiu para o tudo ou nada no round final e o ouro veio com um cruzado demolidor que derrubou o ucraniano num nocaute espetacular. O boxe brasileiro ainda conquistou mais duas medalhas: Beatriz Ferreira, prata na categoria até 60 kg e Abner Teixeira, bronze na categoria até 92 kg.

Nossas damas das águas



Martine Grael e Kahena Kunze se superaram e buscaram o segundo ouro na vela e Ana Marcela Cunha finalmente ganhou sua tão sonhada medalha olímpica na maratona aquática

Na vela o Brasil trouxe mais um ouro vindo de uma parceria forte e arrebatadora. Martine Grael e Kahena Kunze superaram obstáculos e conquistaram o bicampeonato olímpico na 49erFX, classe onde elas são soberanas. Uma outra medalha dourada vinda das águas foi na maratona aquática de 10 km com a baiana Ana Marcela Cunha. Depois de participações frustrantes Ana Marcela superou as adversárias conquistando o primeiro ouro da natação feminina na história e para fechar o ano conquistou pela quinta vez o título mundial das maratonas aquáticas. 

O bicampeonato seguido do futebol



Seleção masculina de futebol conquista o bi numa campanha sem sofrer tantos sustos

O futebol trouxe o nosso sétimo ouro desta Olimpíada e conquistou o bicampeonato olímpico entre os homens. Dirigida por André Jardine e sem Neymar nossa seleção se sagra bicampeã depois de uma campanha sem sustos que começou com uma vitória convincente sobre a Alemanha na reedição da final olímpica de 2016, depois veio um empate contra a Costa do Marfim e a vitória sobre a Arábia Saudita por 3 x 1. Nas quartas de final despachou a seleção do Egito e na semifinal derrotou o México nos pênaltis onde o goleiro Santos virou herói. A decisão foi contra a Espanha e o Brasil ficou com o ouro na prorrogação com o gol de Malcolm. Já nossas meninas ficaram pelo caminho ao serem eliminadas pelas canadenses que acabariam sendo campeãs olímpicas pela primeira vez e Marta pode ter disputado sua última olimpíada.

Nossas outras medalhas em Tóquio








O Brasil ainda conquistou medalha de prata no vôlei feminino, aliás o vôlei foi a grande decepção pois esperava- se muito do esporte já que os rapazes ficaram de fora do pódio olímpico perdendo a medalha de bronze para a Argentina e no vôlei de praia nenhuma dupla tanto no masculino quanto no feminino chegaram às finais e bronzes na natação com Fernando Scheffer nos 200 m livres e Bruno Fratus nos 50, no atletismo com Alison dos Santos, o Piu nos 400 m com barreira e Thiago Braz no salto com vara, no judô com Daniel Cargnin (até 66 kg) e Mayra Aguiar (terceiro bronze seguido na categoria até 78 kg) e um inédito bronze no tênis feminino nas duplas com Laura Pigossi e Luisa Stefani. Elas foram convocadas de última hora e surpreenderam todos arrancando uma medalha histórica pro tênis brasileiro, coisa que nem nossos maiores ídolos como Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten conseguiram. 

No quadro final de medalhas os Estados Unidos terminaram à frente da China somando 113 medalhas no total, 39 de ouro, 41 de prata e 33 de bronze, a China veio logo a seguir com 38 de ouro, 32 de prata e 18 de bronze. O Japão, país anfitrião terminou em terceiro seguido da Grã Bretanha, do Comitê Olímpico Russo, Austrália, Holanda, França, Alemanha e Itália fechando o Top 10. 

Brasil brilha em sua melhor campanha paralímpica





Daniel Dias disse adeus e já tem sucessora na natação, futebol de cinco leva o penta e Yeltsin Jacques foi o responsável pelo centésimo ouro da história paralímpica brasileira

Nas Paralimpíadas de Tóquio realizadas logo após a Olimpíada o Brasil também fez bonito e igualou a campanha do Rio conquistando 72 medalhas. A diferença é o número de ouros. Foram 22 lauréis dourados em Tóquio superando os 21 conquistados em Londres 2012. Na contagem geral passamos das 100 medalhas douradas. Dentre os destaques Maria Carolina Santiago com três ouros, uma prata e um bronze na natação que viu o adeus de uma lenda. Daniel Dias se despediu dos Jogos Paralímpicos com mais três bronzes e no total 27 medalhas, o quinto ouro seguido da seleção de futebol de 5 para cegos que jamais perdeu uma partida na história e com direito à vitória na final sobre a Argentina e Yeltsin Jacques, responsável pela marca centenária com o ouro nos 1500 m T11 e outro ouro nos 5000 T11.

Como vem sendo nas últimas edições atacamos em duas frentes. O Blog Missão Tóquio que teve suas postagens suspensas em razão do adiamento voltou em janeiro e destacou toda a movimentação antes das competições e no Blog de knunes trouxemos séries especiais destacando os nossos campeões olímpicos em 100 anos de participação olímpica brasileira e outra republicando os esportes olímpicos. O nosso resumo diário enfatizou sempre a participação brasileira sem deixar de lado os destaques dos jogos e trouxemos a agenda dos jogos que ocorreram de madrugada. E daqui a três anos tem mais porque Paris é logo ali.

A retrospectiva segue destacando o segundo ano da pandemia de Covid-19.

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