Retrospectiva 2019: Bolsonaro, ano I repleto de polêmicas e Lula ameaça volta da polarização

Começa a Retrospectiva 2019, o resumo dos principais acontecimentos do ano que está terminando e esta é a 13ª retrospectiva aqui no blog e começamos como sempre falando de política. 2019 termina sob o signo de que 2018 ainda não acabou. Jair Bolsonaro governa e faz polêmicas ao mesmo tempo e vê a soltura de Lula.

Começa o governo Bolsonaro




Jair Bolsonaro e Michelle desfilam em carro aberto e no parlatório saúdam o público na posse 

1º de janeiro de 2019. O Brasil começa o ano com um novo presidente, o 38º da história. Jair Bolsonaro tomava posse diante de 115 mil pessoas que lotaram a praça dos Três Poderes. Bolsonaro desfilou em carro aberto até o Congresso Nacional onde fez o juramento e era oficialmente empossado no cargo. No Palácio do Planalto Bolsonaro recebe de Michel Temer a faixa presidencial e no parlatório saúda o público. Para surpresa de muitos a primeira dama Michelle discursa na linguagem de Libras quebrando o protocolo do cerimonial sob aplausos. No discurso de posse o presidente criticou a inversão de valores e com a bandeira do Brasil em mãos dizia que a bandeira não poderia ser vermelha, em alusão ao PT. Depois os ministros foram empossados.





Bolsonaro discursa na ONU e se encontra com Trump na Casa Branca: política externa brasileira se alia com os EUA e Israel

O primeiro ano do governo Bolsonaro teve alguns avanços na política externa. Na América Latina Bolsonaro foi um dos primeiros a reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela, mas não reconheceu a vitória de Alberto Fernandez na Argentina. Participou do Fórum Econômico de Davos e da Assembleia da ONU e reforçou laços com Estados Unidos e Israel. Em março teve o primeiro encontro com Donald Trump com recepção na Casa Branca e esteve em Israel onde teve encontros com Benjamin Netanyahu. 

Os filhos problema do presidente entram em ação





Eduardo tentou ser embaixador dos EUA, mas esbarrou no nepotismo e Flávio se enrolou como caso Queiroz, o assessor problema

Nesse primeiro ano foram muitas as polêmicas do governo Bolsonaro envolvendo seus filhos. Uma das polêmicas do primeiro ano do governo foi a questão dos filhos. Primeiro o caso de Fabrício Queiroz, ex- assessor do ex- deputado estadual Flávio Bolsonaro, às portas de ser senador. O relatório do COAF identificou movimentações irregulares da sua conta em que movimentou mais de R$ 1 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O MP abriu investigação e convocou Queiroz para depor, mas ele nem aparece e em entrevista ao SBT diz que parte da movimentação era para compra e venda de carros. O MP aponta também a existência de indícios de um esquema de desvios de dinheiro público no gabinete de Flávio. Já Eduardo Bolsonaro chegou a acreditar que ganahria a Embaixada dos Estados Unidos fácil fácil, mas a indicação morreu aí. Uma outra polêmica do presidente ocorreu em março durante o carnaval quando postou nas redes sociais dois homens urinando e perguntou: O que é golden shower? O caso rendeu uma polêmica e tanto. 





Damares Alves colecionou declarações polêmicas e Ricardo Vélez fez uma série de trapalhadas à frente do MEC

Outra polêmica do primeiro ano do governo Bolsonaro foi sobre a escolha dos ministros. Foram muitas confusões e declarações polêmicas que renderam e muito. Logo no dia 2 de janeiro Damares Alves, ministra da mulher e dos direitos humanos disse que pretendia acabar com abusos doutrinadores ideológicos de crianças e adolescentes, no dia seguinte fez uma afirmação dizendo que menino vestia azul e menina vestia rosa. No ministério do meio ambiente Ricardo Salles se envolveu nas trapalhadas governistas na questão amazônica e no caso do vazamento de óleo no litoral. Mas nada supera o festival de trapalhadas e equívocos no MEC. O primeiro ministro a passar pela pasta, Ricardo Vélez fez uma série de trapalhadas. Numa dessas ele afirmou que os livros didáticos de história passariam por uma revisão. Ele acabou sendo demitido em abril pela inexperiência, já o seu sucessor Abraham Weintraub logo de cara anunciou o corte de 30% da verba das universidades federais que promoviam balbúrdias, o que gerou uma onda de manifestações pela educação. 

O presidente teve também uma relação de amor e ódio com a imprensa, principalmente com o jornal Folha de S. Paulo. Em outubro determinou o cancelamento da assinatura da Folha em todos os órgãos de governo e ainda excluiu o jornal do processo de licitação de assinaturas fazendo ameaças aos anunciantes. O presidente também desferiu seus ataques à Rede Globo ameaçando não renovar a concessão do canal depois que uma reportagem do Jornal Nacional relatou que o presidente teve o nome citado por uma testemunha nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. Por outro lado o presidente se aproxima de Edir Macedo, dono da Record e Silvio Santos, dono do SBT, tanto é que neste ano ele deu 13 entrevistas à Record, outras três ao SBT, nenhuma à Globo.

O ano turbulento do Congresso



David Alcolumbre foi eleito presidente do Senado depois de duas votações tumultuadas

O novo Congresso tomou posse em fevereiro, mas o que ficou marcado foi a tumultuada eleição para a Presidência do Senado numa verdadeira confusão. Foram duas votações para definir quem ocuparia a cadeira e no fim David Alcolumbre seria eleito, já na Câmara dos Deputados Rodrigo Maia foi reeleito.

Um partido contra o presidente


Gustavo Bebianno saiu do governo e do PSL se transferindo pro PSDB

Em fevereiro estoura a primeira crise do governo Bolsonaro que causou a queda de Gustavo Bebianno da secretaria geral da presidência. Uma série de reportagens da Folha de s. Paulo revelou que Bebianno, na época presidente do PSL autorizou o repasse de verbas do fundo partidário para uma candidatura laranja.







Alexandre Frota e Joice Hasselmann deixaram o governo e viraram desafetos do presidente que cria un novo partido, o Aliança pelo Brasil, o décimo na carreira de Bolsonaro

Pelo caso do uso de laranjas o presidente entrou em rota de colisão com o PSL. Ao mesmo tempo políticos deixaram os quadros do partido como o deputado Alexandre Frota que foi pro PSDB. O auge da crise foi em outubro quando foi filmado dizendo a um apoiador que Luciano Bivar estava sendo queimado, o que gerou no deterioramento da relação. A deputada Joice Hasselmann perdeu o posto de líder do governo e em novembro Bolsonaro decide se desfiliar e criar um novo partido, o Aliança pelo Brasil. O partido vem correndo contra o tempo para reunir as assinaturas necessárias para a formação do partido e possivelmente concorrer às eleições municipais de 2020. Este é o décimo partido da carreira do presidente.

Os apuros de Sérgio Moro 



Sérgio Moro teve apuros com o escândalo das mensagens hackeadas de seu celular abalando a credibilidade da Lava Jato

Um dos ministros populares do governo, o ministro da Justiça Sérgio Moro foi alvo de uma ação de hackers que o site The Intercept divulgou a partir de junho. Os trechos das mensagens atribuídas à Moro e membros da força tarefa da Lava Jato foram revelados e apontaram que Moro colaborou ilegalmente na condução do julgamento do ex- presidente Lula. A Polícia Federal entrou no caso da invasão ao celular do ministro e em julho quatro pessoas foram presas pela Operação Spoofing. O jornalista Glenn Greenwald teve que se defender das ameaças aos jornalistas e em novembro durante um programa de rádio trocou socos com o jornalista Augusto Nunes.

As duas prisões temporárias de Michel Temer





Depois de deixar a presidência Michel Temer chegou a ser preso em desdobramentos da Lava Jato, mas está em liberdade

O ex- presidente Michel Temer por duas vezes foi preso em desdobramentos da Lava Jato. Na primeira em março Temer foi preso preventivamente, mas solto quatro dias depois devido à um habeas corpus. Nessa primeira prisão Temer era suspeito de ter recebido propina de R$ 1,1 milhão através de contrato com a Eletronuclear, responsável pela construção da usina Angra 3 e o pedido de prisão preventiva apontava Temer como chefe de uma organização criminosa. A segunda prisão foi em maio pelo mesmo motivo, mas ele foi solto uma semana depois pelo STJ.

As polêmicas no Supremo



Dias Toffoli, o presidente do STF teve um ano cercado de polêmicas com censura e votações polêmicas

O Supremo em 2019 teve suas polêmicas. Uma delas envolvendo o ministro Dias Toffoli. Em abril o site O Antagonista e a revista digital Crusoé publicaram trechos de uma conversa do ministro com Marcelo Odebrecht e atendendo a um pedido o ministro Alexandre de Moraes determinou a censura mandando tirar do ar os textos, dias depois a censura foi derrubada. Em novembro o órgão decide votar a favor do compartilhamento de dados do MP, mas em decisão polêmica derruba as prisões em segunda instância, o que gera a soltura de mais de 5 mil presos entre eles o ex- presidente Lula.

Lula Livre e a volta da polarização





De volta às ruas o ex- presidente Lula não poupou ninguém, mas ele pode voltar a prisão em 2020, dependerá do Congresso que tentará reverter a decisão do Supremo

Depois de 580 dias preso o ex- presidente Lula foi um dos beneficiados pela decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizava a prisão em segunda instância e acabou sendo solto em novembro. Lula assim que saiu fez duros discursos contra seus principais alvos: os procuradores da Lava jato, o ministro Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro ressuscitando a polarização com o governo Bolsonaro. Apesar de ser solto Lula corre o risco de voltar pra cadeia, pois o TRF 4 decidiu aumentar a pena para 17 anos no caso do Sítio de Atibaia e ano que vem o Congresso vota para reverter a decisão do Supremo.

A retrospectiva prossegue amanhã falando de economia.

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