Memória 2019: A hora do adeus

2019 está chegando ao fim e o ano foi repleto de perdas enormes em todos os setores. A Retrospectiva chega ao momento saudade.

Adeus ao carisma de Gugu Liberato



Nossa seção saudade começa lembrando a trajetória de um dos maiores comunicadores da história do Brasil. Carismático e alegre Augusto Liberato, o Gugu morre no dia 22 de novembro depois de sofrer um estúpido acidente doméstico em sua casa na cidade de Orlando na Flórida. Ao tentar arrumar o aparelho de ar condicionado localizado no sótão de sua residência ele cai de uma altura de 4 metros e bate a cabeça num móvel. Levado ao hospital tem constatada ausência de atividade cerebral na escala 3 de Glasgow. Sua morte aos 60 anos comove o país. O animador que chegou a ser apontado como substituto de Silvio Santos começou carreira ironicamente produzindo ideias para ele, depois virou office boy e estreou na TV atendendo telefone na Sessão Premiada no SBT. A partir do Viva a Noite, programa exibido nas noites de sábado conquista o coração dos brasileiros com alegria e irreverência. Vieram outros sucessos como Passa ou Repassa, TV Animal, Cidade contra Cidade, Sabadão Sertanejo até chegar ao Domingo Legal onde atinge seu auge. Durante anos trava com Fausto Silva a guerra dos domingos até que em setembro de 2003 uma entrevista forjada com membros que diziam ser da facção criminosa PCC faz com que sua carreira entrasse em declínio, mas ele soube dar a volta por cima. Foi pra Record em 2009 e voltou a fazer sucesso com o Programa do Gugu, depois em esquema de temporadas. Em 2018 assume uma nova postura apresentando reality shows e se dá bem tanto no Power Couple como no Canta Comigo. A morte de Gugu rendeu muitos comentários na maioria maldosos nas redes sociais, um pouco antes foi alvo de fake news sobre um suposto ataque cardíaco. Depois que a morte foi confirmada os seus órgãos foram retirados e doados para 50 pessoas. O corpo do apresentador chegou no dia 28 de novembro e foi saudado pelos fãs que passaram pela sede da Alesp no velório. A família, abalada demonstrou força e agradeceu o carinho dos fãs. No dia 29 Gugu é sepultado e ironicamente no mesmo dia onde 10 anos atrás havia sepultado seu pai. 

A morte de um jornalista crítico e sagaz


Segunda feira, 11 de fevereiro. Ricardo Boechat acabava de falar na rádio Band News FM sobre as tragédias do começo do ano. Mal sabia ele que seria vítima de uma tragédia que marcou o ano. Ele voltava de uma palestra rumo à sede da Band quando o helicóptero em que viajava perde altura e velocidade batendo contra um caminhão na Via Dutra. As primeiras informações apontavam duas pessoas mortas. Minutos depois era confirmada a morte do jornalista de 66 anos. Ricardo Eugênio Boechat fez história no jornalismo brasileiro deixando sua marca nos veículos de comunicação por onde passou. Ganhou dois Prêmios Esso e era dono de um texto inteligente e crítico. Brilhou na TV e era o âncora do Jornal da Band. 

Adeus a Paulo Henrique Amorim


Um infarto fulminante tirou pra sempre o jornalista Paulo Henrique Amorim na noite de 9 de julho. Jornalista que passou por inúmeros órgãos de comunicação era dono de um estilo mordaz e irônico. Trabalhou na mídia escrita sendo o primeiro correspondente de Veja em Nova York, passou pelas TVs Manchete, Globo, Band e Cultura até chegar á Record em 2003 onde foi o criador do Tudo a Ver em 2004 e apresentador do Domingo Espetacular por 13 anos. Pelo fato de ser contrário ao presidente Jair Bolsonaro acabaria sendo afastado da apresentação do Domingo Espetacular 15 dias antes de morrer.

Desfalques no jornalismo esportivo







O jornalismo esportivo ficou mais pobre este ano com outras perdas. No dia 25 de fevereiro morre o jornalista Roberto Avallone aos 72 anos. Avallone fez história no Jornal da Tarde onde ganhou dois Prêmios Esso e foi o responsável pelo sucesso do Mesa Redonda Futebol Debate na TV Gazeta. Em 23 de julho morre em São Paulo Juarez Soares aos 78 anos. O China, como era conhecido passou por vários veículos de comunicação dentre eles a Rede Globo e a Bandeirantes onde fez parceria inesquecível com Luciano do Valle. No dia 26 de março um infarto matou o jornalista Rafael Henzel, um dos sobreviventes da queda do avião da Chapecoense aos 45 anos, ironicamente jogando futebol que Henzel perdeu a vida. 

As perdas na música


No dia 30 de abril o coração de Beth Carvalho parou de bater. Aos 72 anos morria uma das cantoras mais queridas do samba. Beth gravou  discos e dentre suas músicas de sucesso destaca - se Coisinha do Pai, samba que chegou a ser tocado no espaço, mais precisamente em Marte. 



Gabriel Diniz começou o ano desconhecido, mas precisou de algumas semanas para se tornar ídolo nacional. Graças ao hit Jenifer explode em popularidade e a música se torna o hit do verão. O clipe é visualizado milhares de vezes e sua carreira decola. Mas o destino apareceu pra impor a mão pesada. Na noite do dia 26 de maio após um show na Bahia o avião acaba caindo em um mangue no estado de Sergipe e matou todos os ocupantes interrompendo de forma trágica uma carreira promissora. 


João Gilberto foi o pai da Bossa Nova, mas ultimamente estava endividado e recluso. Junto de Tom Jobim criou um estilo musical inconfundível e colocou o Brasil no mapa da música mundial com a Bossa Nova gravando clássicos como Chega de Saudade. Nos últimos anos ficou recluso e enfrentou problemas familiares. João Gilberto morre no dia 6 de julho aos 88 anos.



Marcelo Yuka foi um dos fundadores da banda O Rappa e suas letras faziam fortes críticas sociais. Em 2000 ficou paraplégico ao tentar impedir um assalto e foi atingido por vários tiros. No dia 2 de janeiro sofre um AVC que acabou evoluindo para um quadro de infecção generalizada que o mata no dia 19 de janeiro aos 53 anos.



Roberto Leal era o mais português dos brasileiros e fez praticamente carreira no Brasil onde ficou conhecido por vários sucessos como Arrebita, Bate o pé e a Dança do tiro liro. O cantor tinha câncer de pele e há dois anos fazia tratamento, mas no dia 15 de setembro ele teve complicações e morreu aos 67 anos de idade.

A música perdeu também este ano o cantor sertanejo Marciano (18 de janeiro), parceiro de João Mineiro, Deise Cipriano (12 de fevereiro), uma das integrantes do grupo Fat Family, Serguei (7 de junho), o mais velho roqueiro do país pois ele tinha 85 anos, André Matos (8 de junho), músico que fez parte de bandas como Angra e Shaman, Paulo Pagni (23 de junho), ex- baterista do grupo RPM, MC Sapão (19 de abril), cantor de funk, Walter Franco (24 de outubro), cantor e compositor de destaque nos anos 70, Reinaldo, o príncipe do pagode (18 de novembro) e Marie Frederiksson (10 de dezembro), vocalista do duo Roxette que fez enorme sucesso nos anos 80 e 90 e que lutava contra um câncer no cérebro.

Adeus à dama maior do teatro



Bibi Ferreira era a maior dama do teatro brasileiro e estreou bem cedo com apenas 24 dias de vida, desde então não parou mais de atuar. Filha de Procópio Ferreira, tinha no sangue o DNA do teatro de revista e de comédia. Foram várias peças e musicais até 2018 quando se aposentou. Na tarde do dia 13 de fevereiro Bibi Ferreira se foi aos 96 anos de idade.

Modelo morre no mar



A modelo Caroline Bittencourt estava no litoral de São Sebastião quando uma tempestade em alto mar seguido de um vendaval a fez cair do barco e foi dada como desaparecida por 24 horas, mas na segunda 29 de abril seu corpo foi encontrado. Caroline tinha 37 anos e ficou conhecida ao ser impedida de entrar no casamento de Ronaldo com Daniela Cicarelli. Ainda em abril o modelo Tales Cotta morre depois de desfilar na SP Fashion Week, vítima de mal súbito.

As perdas na TV











O ano também foi marcado por perdas na TV. Em janeiro morria o ator Caio Junqueira. Ele tinha 42 anos e ficou conhecido pelo seu personagem no filme Tropa de Elite. No dia 16 de janeiro sofre acidente automobilístico e ficou uma semana internado até morrer. Também em janeiro morre o apresentador e político Wagner Montes. Ele teve uma infecção urinária que evoluiu para infecção generalizada e choque séptico. Em sua carreira foi apresentador de programas como O Povo na TV e Balanço Geral, foi jurado do Show de Calouros e na política foi deputado estadual e havia sido eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Em 12 de maio perdemos o ator e diretor Lúcio Mauro aos 92 anos. Lúcio Mauro foi comediante e parceiro de Chico Anysio nos diversos programas humorísticos e dentre os personagens mais marcantes estão Fernandinho que sofria com as gafes de sua esposa Ofélia e que teve duas versões com as atrizes Sônia Mamede e Cláudia Rodrigues, Aldemar vigário, o aluno bajulador da Escolinha do Professor Raimundo e Da Júlia, o assistente do canastrão Alberto Roberto. Em 9 de junho o ator Rafael Miguel, de Chiquititas é morto junto de seus pais num crime até agora sem solução, pois o assassino ainda está foragido. No dia 13 de agosto morre o ator João Carlos Barroso. Em outubro dois diretores consagrados nos deixaram: Maurício Sherman (17 de outubro) foi criador de vários programas, dentre eles o Fantástico e foi o descobridor de Xuxa e Angélica e no dia 27 Jorge Fernando morre aos 64 anos devido à dissecação de uma artéria seguido de parada cardíaca. Foi ator, mas se destacou pelo trabalho por trás das câmeras onde dirigiu inúmeras novelas, sendo as de maior sucesso Guerra dos Sexos (1983), Rainha da Sucata (1990) e Vamp (1991), Lady Francisco (25 de maio), atriz de novelas e filmes, Ruth de Souza (28 de julho), atriz de inúmeras novelas, Maria Izabel de Lizandra (15 de março), atriz de várias novelas na Tupi, Globo e SBT e Zilda Cardoso (20 de dezembro), atriz que teve como seu personagem mais famoso a Dona Catifunda. 

Adeus a gente do esporte






Um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1 o austríaco Niki Lauda sucumbe à complicações de problemas respiratórios no dia 20 de maio aos 70 anos. Lauda foi tricampeão mundial de Fórmula 1 em 1975 e 1977 dirigindo uma Ferrari e em 1984 pela McLaren. Sobreviveu à um terrível acidente em 1976 no circuito de Nurburgring na Alemanha onde teve várias queimaduras, o rosto desfigurado e chegou a receber a extrema unção, mas se recuperou poucos dias depois voltando a sentar num cockpit. Nos últimos anos era presença carimbada no paddock e ano passado teve problemas respiratórios e passou por um transplante de rim. Ainda na Fórmula 1 o ano marca a perda de Charlie Whitting, morto em 13 de março, diretor de provas da FIA. Em novembro o piloto Tuka Rocha que correu na Stock Car morre no dia 17 de novembro devido às queimaduras que ele teve após um acidente de avião na Bahia onde outras três pessoas morreram. Em 31 de agosto o francês Anthoine Hubert morre durante a corrida da Fórmula 2 na Bélgica quando sofre um acidente grave. 








No futebol o ano foi marcado pelas perdas de Coutinho (11 de março), parceiro inseparável de Pelé no Santos bicampeão da Libertadores e do Mundial Interclubes além de ter sido campeão mundial no Chile em 1962, Eurico Miranda (12 de março), polêmico dirigente do Vasco da Gama por muitos anos, Emiliano Sala (21 de janeiro), jogador argentino que jogava no futebol francês. O avião em que ele viajava foi encontrado dias depois no Canal da Mancha. Ele iria jogar no Cardiff, clube do País de Gales, Gordon Banks (13 de fevereiro), goleiro inglês que ficou famoso por defender uma cabeçada de Pelé que seria gol no jogo entre Brasil e Inglaterra na Copa do Mundo de 1970 no México, Valdiram (20 de abril), jogou no Vasco e ultimamente era morador de rua, o ex- jogador argentino José Luiz Brown (12 de agosto), autor de um gol na final da Copa do Mundo de 1986 em que a Argentina venceu a Alemanha , Edgardo Andrada (4 de setembro), goleiro que ficou famoso ao ser o goleiro que tomou o milésimo gol de Pelé há 50 anos atrás, Cilinho (28 de novembro), técnico de futebol campeão brasileiro e bicampeão paulista pelo São Paulo nos anos 80 e os dirigentes Nicolás Leoz e Lennart Johansson.

Adeus ao riso ácido de Fernanda Young


Fernanda Young ganhou notoriedade nacional em 2001 quando escreveu o roteiro do seriado Os Normais. O seriado estrelado por Fernanda Torres e Luís Fernando Guimarães foi um grande sucesso entre 2001 e 2003. Outros roteiros escritos por Fernanda como Os Aspones, Minha nada mole vida e Como aproveitar o fim do mundo não tiveram a mesma repercussão de Os Normais, mas não precisava. Todos os roteiros foram feitos em companhia de Alexandre Machado, seu marido e o seu último trabalho foi o roteiro de Shippados para a plataforma Globo Play. No dia 24 de agosto Fernanda estava em companhia de amigas em um sítio quando passou mal e teve crise de asma seguida de parada cardíaca falecendo aos 49 anos e interrompendo uma carreira vitoriosa.

Adeus ao Senhor Oscar



Um dos mais influentes críticos de cinema do país Rubens Ewald Filho era conhecido como o senhor Oscar pois ele era figurinha carimbada nas transmissões da premiação máxima do cinema pelo grande conhecimento relativo à sétima arte. Passou por várias emissoras de TV e chegou a ser autor de novelas dentre elas as versões de Éramos Seis exibidas na extinta TV Tupi e no SBT. No dia 25 de maio desmaiou na escada rolante de um shopping e ficou hospitalizado por 25 dias até morrer no dia 19 de junho aos 74 anos de idade.













Outras mortes do ano: Padre Quevedo (9 de janeiro), famoso por estudar a parapsicologia e pelo bordão Isso non ecsiste em um quadro de exorcismo exibido no começo dos anos 2000 no Fantástico, Domingos de Oliveira (23 de março), ator, dramaturgo e cineasta, Gervásio Baptista (5 de abril), fotógrafo que trabalhou na extinta revista Manchete e autor da última foto de Tancredo Neves vivo no Hospital de Base antes de sua morte em 1985. Antunes Filho (2 de maio), diretor de teatro, Doris Day (13 de maio), atriz americana, Clóvis Rossi (15 de junho), jornalista que teve passagem de destaque na Folha de S. Paulo, Franco Zefirelli (15 de junho), cineasta italiano, Fernando de La Rúa (8 de julho), ex- presidente da Argentina entre 1999 e 2001 quando renunciou devido à crise econõmica que quase quebrou o país, Salomão Schwartzman (6 de julho), jornalista de destaque na Rede Manchete nos anos 80 e 90, Rutger Hauer (19 de julho), ator holandês de destaque nos filmes Blade Runner e Ladyhawke: O Feitiço de Áquila, Peter Fonda (16 de agosto), ator americano que estrelou filmes como Easy Rider, Alberto Goldman (1º de setembro), político paulista e ex- governador de São Paulo, Robert Mugabe (6 de setembro), ex- presidente do Zimbábue entre 1980 e 2017, Jacques Chirac (26 de setembro), ex- presidente da França entre 1995 e 2007, Jessye Norman (30 de setembro), soprano norte americana, Newton Carlos (30 de setembro), jornalista de coberturas internacionais, Harold Bloom (14 de outubro), crítico literário, Lázaro de Mello Brandão (16 de outubro), ex- presidente do Bradesco, Saulo Gomes (23 de outubro), jornalista e escritor, especialista em jornalismo investigativo, Mário Sabino (25 de outubro), judoca que participou de duas olimpíadas e que foi morto em uma discussão com outro policial militar, Wanderley Guilherme dos Santos (26 de outubro), cientista político, Walter Mercado (2 de novembro), astrólogo e vidente portorriquenho que ficou famoso no Brasil com o bordão Ligue djá, Fábio Barreto (20 de novembro), cineasta que dirigiu filmes como Lula, o filho do Brasil e O Quatrilho, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1995, Henry Sobel (22 de novembro), rabino israelense radicado no Brasil e com atuação intensa durante a ditadura militar e Nélson Hoineff (15 de dezembro), jornalista e criador do Documento Especial, programa jornalístico de sucesso na Manchete, SBT e Band.  

A retrospectiva termina neste domingo destacando o ano do futebol.

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1 Comentários

FABIOTV disse…
Olá, tudo bem? Realmente foi um ano de muitas perdas. E perdas significativas. Abs e Feliz 2020! Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br