A história das eleições no DF: Da eleição para a Constituinte à consagração de Roriz

Kleber Nunes
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Nos dois próximos sábados o Blog de knunes traz um breve histórico das eleições no Distrito Federal desde 1986 até a eleição de 2018. Na primeira parte vamos trazer como foram as primeiras eleições até a era Roriz.

Brasília foi fundada em 1960 e até 1988 não tinha autonomia política. Os candangos só votaram apenas na eleição presidencial de 1960 e a ditadura militar mudou o sistema de captação de votos impedindo os habitantes do quadradinho de votar. Isso mudou com a Carta Magna de 1988.


A primeira eleição no DF foi em 1986 para a escolha de representantes no Senado e na Câmara dos Deputados. 69 candidatos foram registrados para representar o Senado na Assembleia Constituinte e o pleito daquele ano foi definido pela regra da sublegenda onde os mais votados de cada partido ou coligação eram eleitos. No fim das contas foram eleitos senadores Maurício Correa que foi o mais votado, Pompeu de Souza e Meira Filho, os três já falecidos. Os oito deputados federais eleitos foram: Valmir Campelo e Maria de Lourdes Abadia (PFL), Augusto Carvalho (PCB), Márcia Kubitschek, Francisco Carneiro, Sigmaringa Seixas e Geraldo Campos (PMDB) e Jofran Frejat (PFL).

A Constituição de 1988 deu ao Distrito Federal a autonomia política tão sonhada, pois até então o governador era indicado pelo presidente da República com aprovação pelo Senado Federal. O último governador indicado pelo presidente seria o primeiro governador eleito pelo povo. Joaquim Domingos Roriz começou sua carreira política em Luziânia, no estado de Goiás como vereador e foi deputado estadual, depois foi eleito deputado federal por Goiás em 1982, foi vice-governador na chapa que elegeu Henrique Santillo na eleição de 1986, mas pouco exerceu mandato pois foi prefeito interventor de Goiânia até ser escolhido pelo então presidente José Sarney para ser governador do Distrito Federal. Em março de 1990 ficou 15 dias no Ministério da Agricultura no governo Collor e pediu demissão para concorrer ao Palácio do Buriti pelo PTR. Sua candidatura chegou a ser impugnada, mas recebeu parecer favorável e disputou a eleição.




No dia 3 de outubro de 1990 o DF votava pela primeira vez para governador e para deputado distrital (equivalente a deputado estadual) e votava de novo para senador e deputado federal. Além de Joaquim Roriz concorreram ao GDF na eleição de 90 Carlos Saraiva do PT, Maurício Correa do PDT, Elmo Serejo, ex- governador biônico pelo PL e Adolfo Lopes pelo PT do B. Roriz venceu o pleito em primeiro turno com mais de 55% dos votos válidos. Valmir Campelo foi eleito senador, os deputados federais eleitos foram Augusto Carvalho (PCB), Paulo Octávio (PRN), Osório Adriano e Jofran Frejat (PFL), Benedito Domingos (PTR), Maria Laura e Chico Vigilante (PT) e Sigmaringa Seixas (PSDB). Os 24 deputados distritais que foram eleitos para formar a primeira legislatura na futura Câmara Legislativa foram por partido: Pedro Celso, Lúcia Carvalho, Geraldo Magela, Wasny de Roure e Eurípedes Camargo (PT), Gilson Araújo, Manoel de Andrade, Maurílio Silva e Rose Mary Miranda (PTR), Benício Tavares, Edimar Pirineus e Padre Jonas Vetoracci (PDT), Peniel Pacheco (PST), José Ornellas e Jorge Cauhy (PL), Carlos Alberto Torres (PCB), Maria de Lourdes Abadia (PSDB), Fernando Naves (PDC), Salviano Guimarães (PFL, o primeiro presidente da Câmara Legislativa), Agnelo Queiroz (PC do B), Aroldo Satake (PDS), José Edmar (PSL, não aquele que elegeu Bolsonaro), Tadeu Roriz (PSC) e Cláudio Monteiro pelo PRP.

A segunda eleição para governador do Distrito Federal em 1994 marcou o início da polarização épica entre os militantes de Joaquim Roriz contra a militância petista no duelo das cores azul e vermelho. Cristovam Buarque que havia sido reitor da Universidade de Brasília venceu o pleito no segundo turno derrotando Valmir Campelo, candidato apoiado por Roriz e pela primeira vez o PT assumia o poder no DF. Ainda concorreram ao Palácio do Butiri Maria de Lourdes Abadia (PSDB), Ildeu Araújo (PRONA), Paulo César Timm (PDT) e João Ferreira da Silva (PSC). Foram eleitos senadores Lauro Campos (PT) e José Roberto Arruda (PP), foram eleitos os seguintes deputados federais: Chico Vigilante e Maria Laura (PT), Wigberto Tartuce, Benedito Domingos e Jofran Frejat (PP), Osório Adriano (PFL), Augusto Carvalho (PPS) e Agnelo Queiroz (PC do B). Dos 24 distritais que foram eleitos em 94 11 se reelegeram sendo Luiz Estevão (PP) o mais votado e figuravam pela primeira vez Maninha e Cafu (PT), Odilon Aires (PMDB), Zé Ramalho e João de Deus (PDT), Daniel Marques e Tadeu Filipelli (PP), Adão Xavier (PFL), César Lacerda (PRN), Renato Rainha (PL) e Marcos Arruda (PSDB).

A eleição de 1998 foi tensa do início ao fim e Joaquim Roriz foi candidato contra Cristovam Buarque que buscava a reeleição. Nas ruas o duelo entre azuis e vermelhos foi tenso. Roriz teve sua campanha baseada na retomada da doação de lotes e por prometer aumento de 28% aos servidores públicos. Cristovam teve uma greve dos professores que foi fundamental para perder a chance de se reeleger e depois de vencer o primeiro turno tomou a virada de Roriz no segundo turno. Roriz voltava ao Palácio do Buriti em janeiro de 1999. Luiz Estevão foi eleito senador, mas ele seria cassado em junho do ano 2000 pelo seu envolvimento no escândalo do TRT ao se associar ao juiz Lalau. Também concorreram ao Palácio do Buriti em 98 José Roberto Arruda (PSDB), Orlando Cariello (PSTU), David Terena (PSDC) e Renan Rosa (PCO). Wigberto Tatruce foi o deputado federal mais votado enquanto Renato Rainha foi o distrital mais votado. Figuraram na composição os deputados Pastor Aguinaldo de Jesus, Rodrigo Rollemberg, José Tatico, Gim Argello, Chico Floresta, Eurides Brito, Coronel Rajão, Paulo Tadeu, Anilcéia Machado, Alírio Neto, Wilson Lima e Agrício Braga.




Em 2002 a eleição para o Buriti chegou às vias de fato com uma campanha tensa no auge da polarização e no meio disso tudo um escândalo que levou o jornal Correio Braziliense a ser censurado. Ás vésperas do segundo turno uma bomba estava prestes a estourar quando o Correio iria publicar trechos de gravações dos irmãos Passos envolvidos em grilagem de terra e que comprometeria o então candidato Joaquim Roriz que buscava a reeleição e foi preciso a ação de um juiz a pedido do candidato ir até a redação do jornal para apreender todos os exemplares e impedir a publicação. Roriz acabou levando no segundo turno em uma disputa acirrada contra Geraldo Magela por mais de 15 mil votos e pela quarta e última vez governaria o DF. O Ministério Público pediu a cassação da chapa por abuso de poder econômico, mas o TSE rejeitou o pedido em 2004. Ainda concorreram ao GDF em 2002 Benedito Domingos (PPB) que havia sido vice de Roriz, mas rompeu com ele, Rodrigo Rollemberg (PSB), Carlos Alberto (PPS), Orlando Cariello (PSTU), Guilherme Trotta (PRTB) e Expedito Mendonça (PCO). Para o Senado foram eleitos Cristovam Buarque e Paulo Octávio. José Roberto Arruda que havia renunciado ao mandato de senador por seu envolvimento no escândalo do Painel do Senado voltou ao Congresso e foi o deputado federal mais votado. Tadeu Filipelli, Maninha, Agnelo Queiroz, Sigmaringa Seixas, Pastor Jorge, José Tatico e Alberto Fraga foram os demais eleitos na Câmara dos Deputados e Arlete Sampaio foi a distrital mais votada com os novatos Rôney Nemer, Izalci Lucas, Erika Kokay, Leonardo Prudente, Wigberto Tartuce, Eliana Pedrosa, Pedro Passos, Chico Leite, Júnior Brunelli e Fábio Barcelos.

No sábado que vem nossa série prossegue com as eleições entre 2006 e 2018 e a tradição de não reeleger governador.

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