Retrospectiva 2021: Pandemia, ano II: da esperança pela vacina à ameaça das variantes mutantes

Kleber Nunes
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A Retrospectiva prossegue e agora vamos destacar o segundo ano da pandemia de Covid-19, um ano marcado pelo prosseguimento da batalha da ciência contra esse inimigo invisível e resistente que não se dá por vencido e mostra sua força pelas variantes.

Brasil: do caos ao controle



Cenas do colapso da saúde no começo do ano aterrorizaram o país e pico chegou a ser de 4 mil mortes

A pandemia de coronavírus chega ao segundo ano mostrando que ainda estamos longe de derrotar o patógeno. O Brasil que terminou 2020 com mais de 190 mil mortos termina 2021 com mais de 600 mil e mesmo tendo atrasado a vacinação conseguiu controlar a pandemia. Dos primeiros dias de janeiro até abril o país passou pelo pior momento em todo esse período. 

Tudo começou em Manaus no estado do Amazonas. O sistema de saúde chegou ao ápice do caos quando faltou oxigênio nos hospitais e pela falta de oxigênio pacientes foram transferidos para hospitais de outros estados. Veio fevereiro e o país explode o número de casos e mortes. Pela primeira vez em 100 anos não houve carnaval e a situação ficou fora de controle quando no dia 25 de fevereiro o país atinge 1500 mortes diárias. UTIs dos hospitais superlotaram e a ocupação dos leitos chegou ao teto máximo. O momento mais dramático veio em 12 de abril. Nesse dia 4500 mortes foram registradas. Era o pico da segunda onda, parecia que o país perdia o controle de vez. Foi nesse período que ocorreu em minha família um dos momentos mais difíceis. Meus pais, minha sobrinha e minha irmã contraíram Covid, ficaram isoladas. O meu pai chegou a ficar internado por 10 dias, graças a Deus não teve de ser entubado, mas no fim todos venceram e felizmente fui o único a não pegar essa doença maldita.

O dia que passamos de 500 mil mortos

No dia 19 de junho o país atinge a triste marca de 500 mil mortes na pandemia. No segundo semestre do ano começamos a virar o jogo com queda no número de mortes diárias e casos graças ao avanço da vacinação. Mais de 85 % da população tomou uma dose e quase 65% tomou o ciclo vacinal completo. Mas em razão do surgimento da variante ômicron doses de reforço vem sendo aplicadas na população.

Surge a CPI da Covid


CPI apurou os erros do governo na pandemia e revelou o esquema de compra da vacina Covaxin que acabou sendo cancelado

O festival de erros do governo de Jair Bolsonaro na pandemia levou à criação da CPI da Covid no Senado tendo Omar Aziz como presidente e Renan Calheiros como relator. Os primeiros depoimentos ocorreram em maio. Os ex- ministros da Saúde no governo deram seus depoimentos: o primeiro, Luiz Henrique Mandetta revelou que houve um gabinete paralelo para que Bolsonaro sabotasse a ciência, fato reforçado pelo seu sucessor Nelson Teich que disse que não teve autonomia e que divergiu do presidente sobre o uso da cloroquina, medicamento comprovado ineficaz. Já Eduardo Pazuello, ministro que ocupou o cargo no ápice da pandemia acabou mentindo duas vezes em seu depoimento e o atual ministro Marcelo Queiroga fez depoimento evasivo o que irritou os senadores. Depois de declarar à revista Veja que houve incompetência na compra de vacinas o ex- secretário de Comunicação Fábio Wainjgarten desmentiu tudo e chegou a ser pedida a prisão dele.  Em junho um depoimento bombástico de Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luís Miranda revela que o governo superfaturou a compra da vacina Covaxin. A revelação cai como uma bomba no governo e um dos envolvidos é Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados. O contrato acabaria sendo cancelado. Outra revelação bombástica foi o uso do plano Prevent Senior para esconder casos de Covid e uso de cobaias para testar o kit Covid além de obrigar médicos a distribuir remédios sem eficácia comprovada. A CPI durou seis meses, teve 65 sessões e o relatório final de Renan Calheiros apontou uma série de erros e irregularidades cometidos pelo governo e pediu o indiciamento de 81 pessoas dentre eles o presidente Bolsonaro, acusado de cometer 9 crimes dentre eles: prevaricação, epidemia com resultado morte, charlatanismo, incitação ao crime, crimes contra a humanidade e incompatibilidade com o decoro do cargo. Em outubro durante uma live o presidente disse que quem tomou vacina contra covid poderia contrair o vírus da Aids, o que não é verdade, é fake news. Por conta disto ele foi suspenso das redes sociais. .

Cepas mutantes que prolongaram a pandemia


Delta predominou em boa parte do mundo até surgir a ômicron, variante de preocupação pela alta capacidade de mutação

A pandemia de Covid-19 só não foi debelada porque o vírus revelou ser mutante e variantes surgiram aumentando ainda mais o drama. Os cientistas sequenciaram o vírus e as cepas surgiram. As primeiras cepas denominadas Alfa e Beta não causaram preocupação, até que surgiu a Delta, variante surgida na Índia que durante meses foi o epicentro mundial. Variante transmissível a Delta fez com que países tivessem aumento de casos e mortes. Até que em novembro veio uma variante com mutação variada e com elevado risco, mesmo sendo de alta transmissibilidade. Batizada de ômicron a variante foi descoberta no sul da África e rapidamente se espalhou entre países europeus e foi no Reino Unido que houve a primeira morte pela cepa ômicron. Ainda houve mortes na Alemanha e nos Estados Unidos .No Brasil mais de quarenta casos foram registrados e o temor pela variante levou ao cancelamento da festa de reveillón pelo segundo ano seguido em 22 capitais, principalmente no Rio, mas a queima de fogos em Copacabana foi mantida, mas sem aglomerações. O Ministério da Saúde sofreu ataque de hackers em dezembro e o site do ministério além do aplicativo Conecte SUS ficaram fora do ar por 14 dias. E o governo seguiu mostrando seu lado negacionista, isso porque a Anvisa aprova em dezembro a vacinação em crianças a partir de 5 anos, mas o governo numa manobra irresponsável lançou consulta pública e decidirá somente em 5 de janeiro se acata ou não a determinação da Anvisa. O Brasil adota em dezembro o passaporte da vacina como medida para evitar uma nova onda e isso foi alvo de novos ataques de Bolsonaro que o comparou a uma coleira.

Esperança via vacina


Mônica Calazans foi a primeira pessoa no país a tomar a dose da vacina: vitória da ciência

Mesmo tendo atraso a vacinação no Brasil conseguiu avançar e o país termina o ano perto de atingir os 70% da população vacinada com duas doses. A vacinação começou no dia 17 de janeiro quando a Anvisa aprovou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca. A primeira pessoa a ser imunizada foi a enfermeira Mônica Calazans que tomou a dose da CoronaVac. A vacina foi trazida graças ao empenho do governador de São Paulo João Dória. Inicialmente profissionais da saúde e grupos de risco como quilombolas, indígenas e os idosos foram os primeiros a tomar a dose. São Paulo se tornou o primeiro estado brasileiro a ter 100% de adultos vacinados ao menos com uma dose. Depois de um começo complicado onde faltaram doses e o IFA além de atrasos de logística a vacinação andou na metade do ano e graças á vacinação o país consegue controlar ao menos a pandemia e fez diminuir o número de casos e mortes. O ano termina com médias de mortes abaixo dos 200 e 150 milhões de vacinados, mas sempre há cautela ainda mais com o temor da variante ômicron. Mesmo assim a população terá de tomar a dose de reforço. Felizmente fui um dos agraciados e tomei duas doses da Pfizer: a primeira em 13 de julho e a segunda em 24 de setembro. Nas duas doses que tomei respirei fundo e não senti dor nenhuma nas agulhadas, foi tudo rápido e tranquilo. Em janeiro tomarei a dose de reforço. E pra quem ainda não tomou a segunda dose, deixo aqui meu recado: tome a vacina seja qual for, é segura e se proteja. 

A vida retoma aos poucos a normalidade


Aos poucos ruas voltaram a ficar cheias no Brasil e em Israel abraços voltaram entre os vacinados

Depois do pior momento o país aos poucos reabriu serviços e seguindo medidas sanitárias as coisas começaram a voltar ao normal. Mesmo assim teve gente que abusou nas aglomerações. As escolas voltaram a ter aula depois de um ano e meio, ainda vigorando o ensino híbrido. Em algumas localidades o uso da máscara voltou a ser liberado em locais abertos.


Movimentos antivacina se espalharam em várias partes do mundo

No Mundo a Covid-19 segue atacando e até o fim de novembro mais de 3,3 milhões de pessoas perderam a vida em todo o planeta e esse número pode se elevar em razão da variante ômicron e segundo previsões a Europa poderá ter até março do ano que vem mais de 700 mil mortos. O que ficou claro é o surgimento de movimentos antivacina só atrapalhou e aumentou o prolongamento da pandemia. Mesmo tendo enviado representantes até a China a OMS ainda não conseguiu encontrar a origem de tudo isso que o mundo passa a quase dois anos.

Mais de 7 bilhões de doses de 20 vacinas foram disponibilizados e é gritante a desigualdade entre os países mais ricos e os países pobres. De novo países tiveram de fechar fronteiras, decretar confinamentos e adotar medidas de restrição. Desde o fim do ano a Europa voltou a chamar a atenção pelo aumento no número de casos obrigando a voltarem com as restrições e ainda mais a chegada da variante ômicron leva temor às bolsas do mundo.

A retrospectiva fecha com as mortes que marcaram o ano.

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