Retrospectiva 2017: A Política como ela é: listas, baixaria e sujeira

Começa a Retrospectiva 2017 e como sempre nosso primeiro assunto é a política nacional que em 2017 assistiu à mais um festival de baixarias na guerra entre os poderes e a Lava Jato que dá sinais de enfraquecimento.

Teori sai de cena na Lava Jato



Acidente aéreo abreviou a carreira de Teori Zavascki, o relator dos processos da Lava Jato

O ano mal havia começado e no dia 19 de janeiro ocorreu um fato que comoveu a todos. O ministro Teori Zavascki era o relator dos processos da Lava Jato e estava curtindo o período de férias, mas sua trajetória terminou ali quando o avião bimotor em que viajava caiu nas proximidades de Paraty matando todos os ocupantes. Mas o processo tinha de continuar e no começo de fevereiro o novo relator foi escolhido, o ministro Edson Fachin que prometeu concluir as investigações.

O festival de listas

A lista dos envolvidos em corrupção só crescia e no dia 14 de março o então Procurador - Geral Rodrigo Janot lançou sua lista pedindo abertura de inquérito contra 83 políticos suspeitos de corrupção na Lava Jato causando um tremendo alvoroço entre os envolvidos Na lista estavam Lula, Dilma, Serra, Aécio e tantos outros.Ao todo 83 nomes foram indiciados. Uma outra lista abalou a classe política no começo de abril. Era a lista da Odebrecht com 97 nomes envolvidos, dentre eles oito ministros do governo, a cúpula do Congresso e três governadores.

O que revelou as delações da Odebrecht?


Marcelo Odebrecht depõe e revela ao país a promiscuidade da elite política

As delações da Odebrecht revelaram ao país a promiscuidade dos políticos através de propinas que foram pagas pelos donos da empreiteira. Em seu depoimento Marcelo Odebrecht detalhou como funcionava o propinoduto ao afirmar que pagava as despesas pessoais do ex- presidente Luís Inácio Lula da Silva e que tanto ele como a ex- presidente Dilma Rousseff sabiam que existiam doações de caixa dois para as campanhas eleitorais. Ao todo os 77 depoimentos dos delatores em vídeo duraram 270 horas.

A delação que embaralhou tudo


Joesley Batista gravou a conversa em que Temer pedia pra manter isto, significando que estava comprando o silêncio de Eduardo Cunha gerando a mais grave crise no ano

Quando o governo de Michel Temer completou um ano em maio mal sabia que uma bomba iria estourar no colo do presidente. Na noite do dia 17 de maio o jornal O Globo revela ao país que o presidente foi gravado em conversa com o empresário Joesley Batista,dono do grupo JBS em 7 de março. Na conversa Temer deu aval para comprar o silêncio do ex- deputado Eduardo Cunha, preso desde outubro do ano passado. Joesley entregou uma fita em acordo de delação premiada. Outro envolvido foi o senador Aécio Neves que foi citado por Joesley porque pediu R$ 2 milhões e segundo Aécio seria usado para pagar despesas com advogados. Os irmãos Batista acabariam sendo presos em setembro.

O homem da mala


Rodrigo Rocha Loures ficou conhecido em todo o país por ser o homem da mala de R$ 500 mil. Loures foi flagrado recebendo a mala à mando de Joesley. Ele seria preso em junho,solto e em dezembro se tornou réu.


A reação do governo foi imediata.e Temer disse que não iria renunciar e partiu para o ataque contra Joesley, imediatamente ele perdeu apoios no Congresso. No dia 24 de maio Brasília ferveu. Manifestantes foram até a Esplanada dos Ministérios e promoveu um festival de depredações e vandalismo. Temer convocou as Forças Armadas para conter os vândalos.

Sem crimes na chapa vencedora


Gilmar Mendes deu o voto que definiu pela absolvição da chapa Dilma/Temer que não houve crime eleitoral 

Um outro fato político marcou o ano de 2017.O Julgamento da chapa Dilma/Temer, acusada de abuso de poder econômico na eleição de 2014 no TSE. Inicialmente marcado pra abril o julgamento ocorreu em junho e mesmo tendo indícios de crimes gravíssimos os ministros decidiram livrar Temer da cassação do mandato por 4 x 3. O voto que foi favorável à chapa foi dado por Gilmar Mendes.

As estripulias de Rodrigo Janot



Rodrigo Janot deu flechadas pra tudo quanto é lado no seu último ano como procurador geral e foi substituído por Raquel Dodge

Só que os problemas de Temer apenas estavam começando. No dia 27 de junho é denunciado por corrupção por Rodrigo Janot e ao mesmo tempo os índices de popularidade despencavam. Temer foi denunciado em dois crimes: obstrução de justiça e corrupção passiva e pela primeira vez um presidente no exercício do mandato é denunciado. Para se vingar de Janot o presidente escolhe Raquel Dodge como a substituta de Janot no cargo. Antes de sair o ex - procurador geral denuncia o presidente por chefiar uma organização criminosa, mas o estrago estava feito devido à revelação de  diálogos gravados pelos donos da JBS que não foram entregues à procuradoria fazendo com que o acordo fosse cancelado, um tiro no pé em seu ato final na Procuradoria Geral.

O vale tudo de Temer pra se manter no poder


Por duas vezes deputados se reuniram para votar e barrar denúncias contra o presidente num show de fisiologismo e escárnio com a sociedade

Para se manter no cargo Temer partiu pro fisiologismo liberando dinheiro para quem fosse votar a favor do governo e as duas denúncias foram votadas num intervalo de três meses. A primeira denúncia foi votada em 2 de agosto e a Câmara dos Deputados arquivou o prosseguimento da denúncia de corrupção passiva com 263 votos à favor do arquivamento contra 227. A segunda denúncia, de organização criminosa foi também arquivada. Em 25 de outubro os deputados decidiram arquivar a acusação por 251 a 233 numa votação apertada. Assim, Temer escapou de ser investigado pela Justiça graças ao balcão de negócios que atuou para garantir a governabilidade.

Em meio às denúncias a saúde do presidente chegou a preocupar. Em outubro Temer foi internado pela primeira vez devido à problemas urológicos e ficou três dias no Hospital Sírio Libanês, em novembro foi submetido à um cateterismo para desobstruir três artérias coronárias e uma delas tinha 90% de obstrução e em dezembro uma terceira internação desta vez submetido à uma ureotronomia interna e passou a usar uma sonda. Ele foi liberado e usará a sonda nas próximas três semanas.

Os apuros de Aécio Neves


Aécio Neves viu se em tremendos apuros e termina o ano desmoralizado

O senador Aécio Neves passou por muitos apuros, foi afastado duas vezes do mandato e se salvou graças à um acordão que derrubou a decisão do STF que determinava o recolhimento noturno. Desgastado acabou saindo da presidência do PSDB.

De ex- presidente à condenado


Não foi um ano fácil para o ex- presidente Lula. Envolto com denúncias por todos os lados Lula viu no começo do ano o drama com a morte de Marisa Letícia, ex - primeira dama, vítima de AVC hemorrágico. Em 10 de maio esteve frente à frente com o juiz Sérgio Moro e no depoimento negou a acusação de que teria recebido propina da empreiteira OAS na reserva do tripléx do Guarujá atribuindo o interesse à Marisa. No mesmo depoimento disse que não sabia do esquema de corrupção na Petrobras.


Mas o duro golpe foi desferido em 12 de julho por Moro que condenou o ex- presidente à 9 anos e meio de prisão nos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A condenação foi em primeira instância. Um novo julgamento no começo de janeiro pode sepultar a candidatura à sucessão pois seria enquadrado na lei da Ficha Limpa. Em setembro novos golpes duros: foi denunciado junto de Dilma Rousseff e do seu partido por organização criminosa e obstrução de justiça, depois acusado de fazer pacto de sangue com a Odebrecht. Quem fez a acusação foi o ex- ministro Antônio Palocci em depoimento à Moro num verdadeiro fogo amigo.

A eleição já começou



Jair Bolsonaro surge como ameaça à Lula enquanto João Dória errou e saiu da briga cedo

A eleição presidencial de 2018 começou a esquentar e durante o ano os nomes foram surgindo. Lula lidera as pesquisas seguido do deputado Jair Bolsonaro, apontado como um forte candidato por suas ideias pendendo para a radicalização. O PSDB passou boa parte na busca por um nome. O prefeito de São Paulo João Dória chegou a ser apontado como possível candidato, mas cometeu deslizes e se afastou do sonho de brigar em nome da unidade do partido e provavelmente o candidato deverá ser o governador de São Paulo Geraldo Alckmin. No fim do ano um outro nome foi ventilado: o do apresentador Luciano Huck que por enquanto desistiu de entrar na política.

Um estado à beira do caos



Prisão do casal Garotinho escancarou de vez a crise administrativa do Rio que vive um escândalo atrás do outro e a população se revolta

A crise administrativa no Rio de Janeiro chegou em 2017 ao seu ápice com mais prisões numa demonstração da falência moral do estado. Em janeiro o empresário Eike Batista foi preso por repasse de propinas e era considerado foragido da justiça. Ele foi preso ainda no avião que o trazia de volta para o Brasil, em março cinco conselheiros do Tribunal de Contas foram presos e uma operação da PF baseada nas delações de um dos conselheiros sobre o esquema de propinas. Em julho o juiz Marcelo Bretas decreta a prisão de Jacob Barata Filho, empresário do setor de transportes e envolvido no esquema de propinas e que o ex- governador Sérgio Cabral recebeu R$ 122 milhões do esquema. Em setembro o ex- governador Anthony Garotinho seria preso pois havia sido condenado por compra de votos. Em novembro o casal Garotinho voltaria a ser preso, antes Jorge Picciani, ex- presidente da ALERJ e dois deputados estaduais haviam sido presos, depois soltos. No dia 22 de novembro uma cena triste no estado pois todos os governadores eleitos desde 1998 estavam presos num sinal da decadência administrativa do estado com Garotinho preso e transferido para o presídio de Bangu 8 depois de alegar ter sido agredido, Rosinha Matheus presa no complexo de Benfica assim como Sérgio Cabral, preso desde 2016. No começo de dezembro o ex- prefeito Eduardo Paes foi considerado inelegível e assim o Rio chega ao fim do ano cada vez mais falido e a população se revolta com razão.

A imagem política do ano



Policiais apreendem caixas e malas de dinheiro em espécie, frutos de propina do ex- ministro Geddel Vieira Lima

A imagem marcante do ano político é sem dúvida nenhuma a maior apreensão de dinheiro em espécie da história. Na manhã de 5 de setembro agentes da Polícia Federal fizeram mandado de busca e apreensão num apartamento que pertencia à Geddel Vieira Lima, ex - ministro que foi preso em 3 de julho. No bunker os policiais encontraram caixas e malas de dinheiro vivo, frutos de propina. a quantia foi de R$ 51 milhões e os agentes levaram 14 horas para contar o dinheiro. Uma dinheirama que daria pra comprar 25 mil apartamentos, mas estava à serviço da corrupção e essa é a grande imagem de 2017.

A retrospectiva prossegue amanhã com os destaques da economia.

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