Retrospectiva 2015: O ano em que o país virou do avesso na política

Começa a Retrospectiva 2015, o resumo dos principais acontecimentos do ano. E como sempre começamos falando de política. 2015 entra pra história como o ano em que as coisas na política aconteceram numa velocidade espantosa e o segundo mandato de Dilma Rousseff virou um verdadeiro samba do criolo doido.


Dilma toma posse e começa um segundo mandato que seria tumultuado por conta da crise

Logo na posse, Dilma prometia fazer do Brasil uma pátria educadora, mas o que se viu durante o ano foi que a tal Pátria educadora era apenas um discurso demagogo. Só neste ano foram três ministros da área. O primeiro, Cid Gomes ficou menos de três meses no cargo, pois bateu boca com Eduardo Cunha e chamou os deputados de achacadores, o segundo, Renato Janine Ribeiro mal esquentou a cadeira e o terceiro, Aloísio Mercadante trocou a Casa Civil pela Educação.

O homem bomba da política


Eduardo Cunha fez o que quis no comando da Câmara dos Deputados e deu trabalho ao governo

Eduardo Cunha foi o personagem central de toda essa crise que ainda se estende nesse mês de dezembro. Logo em fevereiro ele foi eleito presidente da Câmara dos Deputados e a partir de então passou a pautar em sua agenda particular manobras de demolir o governo. Foi assim com as chamadas pautas - bomba, itens que chamaram a atenção como uma reforma eleitoral duvidosa e um estatuto familiar que minaram a resistência, mas...

Havia no caminho uma Lava Jato na mira de Cunha. A investigação da Polícia Federal prosseguiu e em março foi apresentada a lista com os nomes de 54 políticos envolvidos no Petrolão, dentre eles Cunha e o presidente do Senado Renan Calheiros além do ex - presidente Fernando Collor, senador pelo PTB.

O Petrolão segue








Nestor Cerveró foi o primeiro a ser preso e o que veio na sequência foi um festival de políticos e empreiteiros atrás das grades

A Operação Lava Jato continuou investigando e realizando prisões. Em 2015 a lista de presos é extensa. Começou em janeiro com a prisão de Nestor Cerveró, ex- diretor internacional da Petrobras, prosseguiu em abril com a prisão do ex- tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o homem do pixuleco. Em junho a série de prisões prosseguiu com as prisões de Marcelo Odebrecht, o ex- presidente da Odebrecht e Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez. Em agosto adivinha quem foi preso de novo: ele, José Dirceu. O ex- ministro da Casa Civil e líder do mensalão foi preso por ter suas despesas pagas com dinheiro desviado da Petrobras. Em novembro aconteceu a prisão do senador e então líder do governo Delcídio do Amaral e do banqueiro André esteves, ambos acusados de atrapalharem as investigações.

O carrasco do Petrolão


Sérgio Moro conduz as investigações da Operação Lava Jato

Na sua luta implacável o juiz Sérgio Moro continuou mandando peixões grandes pra cadeia. Desde que assumiu as investigações ele vem desempenhando com sucesso o desbaratamento de uma quadrilha que lesou a Petrobras.


O novo ministro do STF Luiz Edson Fachin assumiu a vaga de Joaquim Barbosa no STF depois de ser sabatinado no Senado.

FATO DO ANO: A crise que paralisou o país e minou o PT


Não houve um dia sequer de sossego para Dilma Rousseff. A crise política martelou tanto o seu governo durante 2015 e Dilma termina o ano ameaçada de sofrer impeachment. O inferno astral começou em março quando em pronunciamento no dia 8 teve seu discurso recebido com panelaços. Foi o estopim para a mega manifestação ocorrida no dia 15 de março. Naquele domingo mais de 2 milhões de pessoas foram às ruas. Na época os índices de popularidade atingiram 13%. Em abril Marta Suplicy sai do PT e se muda pro PMDB. Ao mesmo tempo novas manifestações deixam Dilma de cabelo em pé. Pra salvar o governo o vice Michel Temer assume a coordenação política do governo. E no Petrolão a prisão de João Vaccari Neto deixou o partido em maus lençóis.



Panelaço e manifestações contra Dilma agitaram o mês de março e lançaram preocupação no governo

Cada vez mais envolto em trapalhadas o PT tentou se desvencilhar de Dilma, mas um novo pronunciamento seguido de panelaço deixa o governo ainda mais atordoado. Em junho novas prisões na Operação Lava Jato aprofundam ainda mais a crise. E no Congresso Eduardo cunha impunha derrotas fortes para o governo. Na última semana de junho Lula diz que o partido chegou ao volume morto. Era o ex-presidente partindo para o ataque. Ao mesmo tempo começam a surgir informações de que Dilma praticou pedaladas fiscais o que motivaria um pedido de impeachment. No fim de junho a revista Veja publica reportagem revelando o depoimento da delação premiada de Ricardo Pessoa, empreiteiro que permanece preso.

Eduardo Cunha vira inimigo do governo


Eduardo Cunha rompe e vira o maior inimigo do governo

Em julho Dilma mergulha na crise é quando os índices de popularidade chegam à 7%, o menor desde o governo de Fernando Collor de Mello. Foi quando em entrevista à Folha de S.Paulo afirmou que não irá cair. E novas provas surgem na Lava Jato. O senador Fernando Collor teve sua frota luxuosa de carros apreendida pela PF, pois esses carros foram fruto do dinheiro desviado da Petrobras.

No dia 16 de julho surge a revelação de que Eduardo Cunha recebeu propina de Julio Camargo, lobista de uma empreiteira no valor de US$ 5 milhões. Julio Camargo relata que Cunha o chantageou. A revelação leva Eduardo Cunha a romper definitivamente com o governo Dilma. AQ partir de então ele prepara uma série de pautas bomba para detonar Dilma.

E a estrela deixa de brilhar no país do pixuleco



Nas manifestações de agosto o boneco com a figura de Lula presidiário chamou a atenção

Agosto começaria mal para o PT. No dia 3 de agosto José Dirceu que havia sido preso pelo envolvimento no mensalão volta a ser preso, desta vez acusado de estar envolvido num esquema de enriquecimento pessoal. A popularidade de Dilma vai ao chão. A crise política atinge o governo e Michel Temer clama por um diálogo nacional. É a queda da estrela petista. O país descobre o pixuleco. Pixuleco virou sinônimo de propina que o PT cobrava à órgãos ligados no esquema de corrupção. No dia 16 de agosto, como em 1992 os brasileiros voltam às ruas em novas manifestações e surge o boneco Pixuleco na figura do ex- presidente Lula como presidiário. Eduardo Cunha é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro. O MP pede a devolução de US$ 80 milhões desviados por Cunha.

E no Palácio do Planalto Dilma e Temer seguem suas divergências. Temer declara que Dilma não resistiria mais três anos com baixos índices de popularidade. A economia entra em parafuso e o país perde o selo de bom pagador. Para conter a crise o governo lança um pacote de ajuste que é mal recebido pela população. O governo entra em descrédito de vez.

E na Lava Jato o STF resolve tirar do juiz Sérgio Moro novos casos de investigação numa manobras orquestrada pelo ministro Dias Toffoli. Enfraquecida e sem poder Dilma inicia uma nova reforma ministerial passando os grandes ministérios para o PMDB num exemplo clássico de que cedeu ao fisiologismo rasteiro, tudo pra se manter no cargo, ao mesmo tempo surgem contas secretas de Eduardo Cunha na Suíça. Em março durante depoimento na CPI da Petrobras negou ter contas na Suíça, mas a investigação aponta que Cunha recebeu US$ 5 milhões e o dinheiro foi usado para pagar despesas pessoais e de sua mulher, Cláudia Cruz.

De jornalista à envolvida


Cláudia Cruz foi um dos belos rostos que estiveram à frente de telejornais na Rede Globo nos anos 90, mas em 2015 ela virou notícia, mas do lado negativo. Casada com Eduardo Cunha a jornalista ganhou as manchetes dos jornais pelo seu envolvimento no escândalo.


Ministros do TCU julgam as pedaladas fiscais nas contas do governo em 2014

Os meses finais de 2015 marcam uma nova trincheira. Para salvar os mandatos, Eduardo Cunha e Dilma iniciaram uma tentativa de costurar um aliança, só que o caso das pedaladas deixa Dilma no buraco. Ao mesmo tempo Cunha tem seu processo de cassação aprovado e com isso o Conselho de Ética inicia o processo, só que Cunha inicia uma série de manobras para evitar a cassação. E para isso ele mente e inventa histórias diante da população.


André Esteves é conduzido até a carceragem da PF: banqueiro é acusado de atrapalhar as investigações

No dia 25 de novembro acontece uma prisão que ninguém esperava. O senador Delcídio do Amaral é preso juntamente do banqueiro André Esteves Eles foram presos por atrapalharem as investigações. A prisão cai como uma bomba no Palácio do Planalto, paralisa o Congresso e a situação fica complicada.

A bomba do Impeachment estoura




A crise não descansa em dezembro: Eduardo Cunha autoriza o pedido de impeachment e Dilma fica preocupada e pra piorar Temer divulga carta alegando ser um vice decorativo

No começo de dezembro Eduardo Cunha solta a bomba que surpreende o país. Ele autoriza o processo de impeachment, baseado na denúncia de Hélio Bicudo e do jurista Miguel Reale. A crise prossegue com Michel Temer divulgando uma carta à Dilma acusando de ser um vice decorativo. O clima azedou de vez. E as notícias ruins não param, pelo menos até a data de hoje, apesar de ontem uma manifestação contra o governo ter poucas adesões, mas 2016 está aí e quais serão os novos capítulos desta crise.

A retrospectiva prossegue amanhã com o ano da economia.

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1 Comentários

Kleber Nunes disse…
E a Operação Lava Jato segue as investigações. Hoje foi feito um mandado de busca e apreensão na casa do presidente da Câmara Eduardo Cunha. E segundo o próprio Cunha a ação da Polícia Federal foi puro revanchismo.