Retrospectiva 2014 - E teve Copa sim senhor - Parte II

Na segunda parte desta retrospectiva da Copa vamos relembrar o mundial que ficou pra história como a Copa das Copas.

A bola enfim rolou em 12 de junho para o primeiro jogo do mundial: Brasil x Croácia. Era o pontapé inicial de um dos melhores mundiais de todos os tempos. 31 dias de agonia, êxtase, sofrimento e emoção. O número de gols marcados foi de 171 igualando a Copa de 1998 na França. A média de público foi a segunda da história com 55 mil pessoas por jogo e mais de 3 milhões nas arquibancadas.

O fim da era que ditou o planeta futebol


Espanha deixou cedo a Copa e o estilo tik taka foi sepultado

A seleção da Espanha era a seleção da moda antes da Copa pois era bicampeã europeia e campeã mundial na África do Sul em 2010, mas na Copa 2014 a Fúria nem sequer passou da primeira fase. Logo na estreia tomou uma sonora goleada da Holanda por 5 x 1 em Salvador com direito a um golaço de peixinho marcado por Robin Van Persie. Depois foram ao Maracanã querendo se redimir, mas acabou encontrando um inspirado Chile que venceu o jogo por 2 x 0 provocando a eliminação precoce dos espanhóis. Nem a vitória sobre a Austrália entusiasmou a torcida e o estilo tik taka chegava melancolicamente ao fim.


Mario Balotelli pouco fez na Copa: um gol e nada mais

Itália e Inglaterra caíram no chamado Grupo da Morte e logo se enfrentaram na estreia em Manaus e a Itália se deu bem com gol de Mario Balotelli. Os ingleses perderam para os uruguaios na segunda rodada e deram adeus com a derrota dos italianos para a Costa Rica. As duas seleções foram eliminadas sem deixar saudades.


Cristiano Ronaldo fez apenas um gol e repetiu Figo que como melhor do mundo nada fez 

E Cristiano Ronaldo? O melhor jogador do mundo nada pôde fazer, pois a limitada seleção portuguesa caiu na primeira fase e CR7 ainda fez um gol na vitória inútil sobre Gana em Brasília.

A zebra que derrubou todos


Antes da Copa a seleção da Costa Rica seria apenas figurante no Grupo da Morte e também seria o saco de pancadas, mas nem tudo era verdade. Surpreendentemente os costarriquenhos deram de ombros para o favoritismo dos rivais e terminou na liderança vencendo italianos e uruguaios. Nas oitavas eliminou nos pênaltis a seleção da Grécia e só parou nas quartas quando caiu diante da Holanda nos pênaltis.

Goleiros se destacam



Navas foi um dos nomes da brilhante campanha da Costa Rica e Howard se tornou recordista em número de defesas em um único jogo: os goleiros brilharam como nunca na Copa

Foram muitos os lances com os goleiros que foram as estrelas da Copa: Keylor Navas, da Costa Rica foi o grande nome da seleção da CONCACAF e ajudou o time a ir bem longe, outro nome de destaque foi Ochoa, o paredão mexicano que parou Neymar e cia, outro destaque foi Tim Krul, terceiro goleiro da Holanda que entrou para pegar pênaltis e foram três na classificação do time à semifinal diante da Costa Rica, o alemão Manuel Neuer que deu um novo significado pra posição de líbero e pra fechar Tim Howard, goleiro dos Estados Unidos que no jogo contra a Bélgica pelas oitavas de final fez 16 defesas de tirar o fôlego.

Revelação e artilheiro


Quando a Copa começou a Colômbia ficou sem Falcão Garcia, esperança de gols no ataque, mas surgiu rapidamente um candidato à estrela do futebol mundial. James Rodriguez apareceu de vez no mundo do futebol e conduziu a seleção da Colômbia a seu melhor resultado em todos os tempos: o quinto lugar geral. Foram seis gols que o coroaram artilheiro da Copa e um deles, o primeiro na vitória sobre o Uruguai nas oitavas foi considerado o mais bonito da Copa. Depois do mundial foi contratado pelo Real Madrid.

O canibal uruguaio



Suarez mordeu Chiellini e tomou uma suspensão de nove jogos, a maior aplicada pela FIFA

Antes da Copa o atacante Luís Suarez conseguiu se recuperar de uma cirurgia no joelho e contra a Inglaterra fez o gol da vitória de 2 x 1. No jogo contra a Itália que valia vaga ele atacou e deu uma de vampiro ao morder o ombro do italiano Chellini. O lance polêmico custou a ele a suspensão de nove partidas e quatro meses longe do futebol. Suarez voltou em outubro já jogando no Barcelona.

Os craques que desequilibraram




Robben desequilibrou para a Holanda, Messi conduziu sua seleção à final e foi eleito o craque da Copa e Neymar não tremeu e só não foi mais longe por causa de Zuñiga

Três jogadores se destacaram na Copa do Mundo no Brasil: Neymar, Messi e Robben. O brasileiro jogou sem fugir da responsabilidade, marcou quatro gols e só não foi mais longe por causa do joelho de Zuñiga que atingiu uma vértebra e que o tirou da Copa, o holandês Robben foi infernal com suas arrancadas mortais e passes precisos, já o argentino Messi levou sua seleção à final e também foi decisivo em algumas partidas. Ele acabaria sendo eleito o craque da Copa pela FIFA.

Da euforia à decepção: um sonho que virou pó


64 anos depois o Brasil voltava a sediar uma Copa do Mundo e a esperança era de que o time conquistasse em casa o título para apagar de vez os fantasmas de 1950. A campanha brasileira na Copa não foi aquela que o torcedor sonhava, muito pelo contrário em nenhum momento o Brasil justificou o favoritismo que a torcida esperava. Com praticamente o mesmo time que ganhou a Copa das Confederações do ano passado Felipão apostava em sua experiência e confiança.




A estreia contra a Croácia na Arena Corinthians foi nervosa, o Brasil saiu atrás com gol contra de Marcelo, mas Neymar empatou ainda no primeiro tempo. No segundo o Brasil conseguiu a virada com a ajuda do juiz que viu pênalti inexistente de Lovren em Fred e Neymar converteu. Oscar fechou o placar em 3 x 1. No segundo jogo contra o México em Fortaleza o goleiro Ochoa virou paredão e o Brasil tentou o gol, mas ficou no 0 x 0. O último jogo foi contra Camarões em Brasília e o Brasil goleou sem convencer por 4 x 1. Estávamos nas oitavas




A partir daí a campanha ganha ares de drama. Contra o Chile pelas oitavas um jogo dramático e tenso, depois do 1 x 1 nos 90 minutos e nos 30 minutos extras. A seleção esteve à beira de ser eliminada perto do fim da prorrogação quando Pinilla chutou e a bola bateu no travessão. O alívio veio graças à Júlio César que pegou dois pênaltis na decisão. Mas o que ficou marcado foi a cena do choro do capitão Thiago Silva que recusou a cobrar um pênalti.




E veio o jogo das quartas contra a Colômbia em Fortaleza e os zagueiros resolveram na melhor atuação da seleção. A partir daí a seleção desceu ao inferno. Uma joelhada atingiu a vértebra de nosso melhor jogador. O joelho de Zuñiga pegou nas costas de Neymar e foi constatada uma fratura que levaria um mês para se recuperar. Perdemos Neymar pro resto da Copa. Pra piorar, Thiago Silva também fica de fora da semifinal por tomar o terceiro cartão amarelo. O Brasil estava em uma encruzilhada que não terminaria bem.

FATO DO ANO: Mineiratzen, o vexame dos vexames, a maior derrota de toda a história














Cenas de um jogo pra se esquecer: Alemanha mostrou superioridade e goleou o Brasil sem dó enterrando o sonho de um hexa que não existiu

8 de julho de 2014, um dia que ninguém jamais vai esquecer. Um dia em que o outrora país do futebol perdia de vez essa condição. A seleção brasileira escrevia no Mineirão sua página mais triste da história de um século. Uma mancha que levará séculos para cicatrizar. Irreconhecível a seleção descia de vez ao inferno. Com uma escalação desastrosa, Felipão cavou sua cova abrindo mão de um volante escalando Bernard no lugar de Neymar, mas o pequenino atacante nem sequer foi páreo para os alemães. E como se estivessem treinando contra um time de meninos a seleção alemã construiu de forma avassaladora o placar que humilhou uma nação. O primeiro gol saiu de uma cobrança de escanteio e Thomas Müller estava livre e sem marcação abriu o caminho para uma vitória histórica. Perdida em campo a seleção não sabia o que fazer e então vieram os seis minutos que destruíram um time. O gol de Miroslav Klose, o segundo da goleada foi também o 16º dele em Copas ultrapassando Ronaldo Nazário. E tinha mais: dois minutos depois veio o terceiro gol num chutaço de Toni Kroos indefensável. Nem deu tempo pra respirar e a Alemanha como um rolo compressor chegou ao quarto gol. No erro bisonho de Fernandinho, Kroos roubou a bola, tabelou com Khedira e fez o seu segundo gol na partida. O desastre veio com o quinto gol marcado por Khedira que tabelou com Özil e fez o seu. 5 x 0 e eram apenas 30 minutos de jogo no primeiro tempo. Diante do resultado inacreditável, torcedores abandonam o estádio. O Brasil tenta jogar no começo do segundo tempo, mas as chances pararam em Neuer, uma muralha. Tendo piedade a seleção alemã só tocou a bola e ainda marcou mais dois, ambos marcados por Schürrle. No final Oscar marcava o gol de honra. Placar final: 7 x 1. A maior e mais vergonhosa derrota de todos os tempos no ano do centenário, um massacre sem dó, um show de bola, um baile e em uma semifinal de Copa do Mundo. Foi o maior vexame de todos os tempos da seleção e a maior derrota em casa desde 1920. Ainda restaria a disputa do terceiro lugar, mas sem padrão tático, poder de reação e inspiração perdemos de forma apática para a Holanda por 3 x 0 e terminamos a tão sonhada Copa em casa num decepcionante quarto lugar. Para Felipão foi o fim da linha. Terminava o sonho do hexa em casa. O Brasil tomou 14 gols sendo dez nos dois últimos jogos, realmente esse time não merecia mesmo ganhar o mundial em casa.

Campeões em tudo: Alemanha conquista o tetra de forma merecida



Götze foi o herói do tetra alemão e Lahm ergue a taça: planejamento e conjunto foram fatores para chegar ao tetra

Foi um título bem planejado, construído tijolo por tijolo. O futebol alemão estava no fundo do poço em 2000 quando foi eliminado da Eurocopa na primeira fase. Foi a senha para uma revolução no futebol da Alemanha. A união de clubes, jogadores e dirigentes deu origem a centenas de centros de treinamento espalhados pelo país com o objetivo de garimpar talentos e os frutos começaram a ser colhidos na Copa de 2006 quando surgiram jogadores talentosos como Philip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Lukas Podolski que levaram seu país ao terceiro lugar jogando em casa, quatro anos depois vieram Manuel Neuer, Thomas Müller, Mesut Özil e Sami Khedira. A fábrica não parou e este ano surgiram mais jogadores de talento como Toni Kroos, um volante completo e habilidoso, André Schürrle e Mario Götze. Outro fator que vale ressaltar foi a condição de trabalho para que Jurgen Klinsmann e depois Joachim Löw pudessem desenvolver o trabalho e manter a base. E a coroação de tudo isso finalmente veio na tarde do dia 13 de julho quando venceram na final a Argentina no Maracanã. Foi a Copa deles. No lugar da frieza, simpatia. O povoado de Santa Cruz Cabrália recebeu de braços abertos a delegação alemã e nos 48 dias que estiveram no país os jogadores entraram no clima: Neuer e Schweinsteiger cantaram o hino do Bahia, torceram pelo Brasil antes de humilharem no campo, dançaram com índios, se sentiram em casa. O mais brasileiro dos alemães foi Podolski que nas redes sociais conquistou os brasileiros com mensagens em português. A campanha começou com goleada em cima de Portugal e quem brilhou mais foi Thomas Müller que fez três, depois empatou na garra com Gana e Klose chegava ao 15º gol dele se igualando a Ronaldo e fechou a primeira fase vencendo os Estados Unidos. Nas oitavas tiveram trabalho diante da esforçada seleção da Argélia e só venceram na prorrogação. Nas quartas contra a França o zagueirão Hummels resolveu tudo, aí veio o passeio em cima dos anfitriões na semifinal e então veio a final contra a Argentina. O herói do título foi Mario Götze que entrou na prorrogação e depois de receber passe de Schürrle tocou pro gol dando o tetra à seleção alemã. Título mais que merecido de um time que soube se reinventar e com um jogo coletivo consistente e com méritos chegou lá.

Pós Copa: Dunga volta para reconstruir o time


Dunga retorna á seleção e tema árdua missão de reconstruir um time em ruínas

Depois da derrota humilhante Felipão saiu e Dunga voltou ao comando do time. Na sua segunda passagem até agora Dunga venceu todos os jogos com 14 gols marcados e apenas um sofrido. Para 2015 os desafios serão em dobro: a Copa América em junho no Chile e o começo das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 na Rússia que já tem data pra começar: 14 de junho de 2018.





Aqui no Blog de knunes a Copa ganhou tratamento especial. Em abril trouxemos a série sobre a História das Copas desde 1930 até 2010 e que foi ao ar duas vezes por semana. No mês de maio trouxemos o raio x das 32 seleções que jogaram o mundial, nos sábados o perfil dos convocados e uma semana antes apresentamos as arenas. Na cobertura dos jogos uma média de 4 a 5 fotos foram colocadas e nos jogos do Brasil de 15 a 20. Ainda avaliei os jogadores dando notas de 0 a 10, mas o mais legal foi ver e assistir de perto dois dos sete jogos do mundial que foram sediados no Mané Garrincha: Suíça e Equador e Brasil e Camarões.

A retrospectiva faz uma pausa pro Natal e volta na sexta com as frases e personalidades que foram notícia no ano.

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1 Comentários

Kleber Nunes disse…
Passados quase seis meses do vexame ainda é cedo pra dizer se o Dunga vai ter sucesso para reconstruir o time. O que vimos nessa Copa foi que essa seleção não estava mesmo preparada pra vencer. Muita pressão por parte da torcida, imprensa e a cabeça desses jovens jogadores não aguentou o rojão. Faltou experiência e nervos de aço para esse time. Essa é uma das lições que fica pra 2015 e o Dunga terá seriedade pra dar jeito nesse time.