Retrospectiva 2013: O país grita nas ruas por melhorias e mensaleiros vão pra prisão em momento histórico

Começa a Retrospectiva 2013, o resumo dos principais acontecimentos do ano. E pra começar, o ano político. 2013 assistiu a maior onda de manifestações já registrada na história e foi também o ano da condenação e prisão dos mensaleiros que vão pra cadeia.

O deputado que afrontou o Brasil


Marco Feliciano saiu da obscuridade pra se tornar destaque na mídia ao presidir comissão de Direitos Humanos

Quando foi escolhido para ser o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano jamais imaginaria ter seu nome pipocando nos holofotes da mídia em um curto espaço de tempo. Integrante dos quadros do PSC, o então obscuro deputado virou o centro das atenções da mídia logo depois de ser indicado. Declarações homofóbicas e racistas divulgadas nas redes sociais surgiram e fizeram de Marco Feliciano o político mais odiado do país. Protestos e manifestações pediram a saída dele da comissão. O projeto da cura Gay onde defende tratamento igualitário à homossexuais foi rejeitado no Congresso. Em 2013 ele não nos representou bem no Congresso.

Vitória governista na MP dos Portos


Deputados dormem durante votação que aprovou a MP dos Portos

A MP dos Portos foi votada por 23 horas na mais longa votação da história do Congresso e aprovada por 57 votos a favor e 7 contra no Senado, mas a imagem que ficou marcante foi a foto de vários parlamentares dormindo na parte de fora do plenário.

Uma confusão tamanho família


Beneficiários formam fila em um dos caixas durante a confusão: trapalhada que não teve punição

Um falso boato do fim do Bolsa Família gerou uma enorme confusão em 13 cidades brasileiras. Num único fim de semana de maio milhares de beneficiados pelo programa Bolsa Família foram aos caixas eletrônicos sacarem a quantia no valor de R$ 140 gerando tumulto no governo. Os governistas acusaram a oposição, que por sua vez disse que tudo isso foi trapalhada do governo.

Esquema milionário no metrô paulista


Esquema do metrô começou no governo Covas e passou por Serra e Alckmin

Investigação do Ministério Público descobriu um milionário esquema de corrupção e propinoduto para desvio de recusros do metrô paulistano. O esquema abrangeu os governos do PSDB e tudo começou no governo de Mário Covas, passou por José Serra e Geraldo Alckmin. A empresa alemã Siemens é a principal envolvida no cartel. Ao todo mais de 20 pessoas foram envolvidas no esquema que teve também ramificações em outros estados e no Distrito Federal.

Trapalhada diplomática na Bolívia


Pinto Molina e Eduardo Saboia: fuga que custou o cargo do ministro Patriota

Uma fuga bem arquitetada custou o cargo do ministro Antonio Patriota da pasta das Relações Exteriores. O senador boliviano Roger Pinto Molina e o embaixador do Brasil em La Paz Eduardo Saboia conseguiram fugir da embaixada brasileira em La Paz até chegar na fronteira entre os dois países. O caso repercutiu negativamente e deixou o Brasil constrangido. Ao descobrir a fuga, Dilma demite Patriota e em seu lugar assume Luiz Alberto Figueiredo.

O fim de uma aberração na politica


Deputados protestam pelo fim do voto secreto: vetos e cassações a partir de agora serão com voto aberto

Tramitando desde 2001 uma das maiores aberrações da nossa política chegou ao fim. O voto secreto para decidir a cassação de parlamentares passará a ser aberto. A proposta do fim do voto secreto passou de goleada na Câmara dos Deputados e depois no Senado. Com isso o voto aberto será liberado para determinar a cassação dos pares.

O deputado presidiário


Ajoelhado, Natan Donadon agradece ao ser absolvido da cassação, mesmo assim permanece na cadeia

Em 2013 o Brasil conheceu um parlamentar que também é presidiário. Acusado de desviar recursos públicos quando era diretor financeiro da Assembleia Legislativa de Rondônia, o deputado Natan Donadon causou constrangimento à nação ao se ajoelhar depois que foi absolvido pelos seus pares em uma votação vexaminosa. Mesmo cumprindo pena no presídio da Papuda, Donadon salvou seu mandato de deputado por 233 votos a favor de sua cassação.

Sexo, poder e corrupção: esquema milionário é desvendado


Iate apreendido em Brasília pela PF foi fruto da corrupção desbaratada pela Operação Miquéias

A Operação Miquéias descobriu um grande esquema de corrupção envolvendo prefeitos, parlamentares e lindas mulheres que ficaram sendo as "pastinhas". O principal envolvido é o doleiro Fayed Traboulsi. Dentre as pastinhas, uma delas, Luciene Hoepers era a que levava os políticos para aplicarem os golpes. Ao todo R$ 300 milhões foram desviados pelos golpistas.

A sucessão já começou



Aécio Neves tentará recolocar os tucanos de novo no poder e Eduardo Campos ganha o apoio de Marina Silva para decolar nas pesquisas

A eleição presidencial de 2014 já começou, ainda que timidamente. Em 2013 os partidos iniciaram a mobilização para o pleito do ano que vem. O PT vai mesmo com Dilma Rousseff que tenta a reeleição. O PSDB deverá lançar Aécio Neves como candidato tucano e tentará fazer com que o partido retorne ao Palácio do Planalto. O PSB decidiu alçar voo solo deixando a base do governo Dilma e lançando o governador de Pernambuco Eduardo Campos para ser o candidato tendo o reforço de Marina Silva. Ela acabou vendo seu partido Rede Sustentabilidade não obter as assinaturas necessárias para participar a tempo da eleição e por isso mesmo decidiu se unir a Campos. Outros partidos surgiram este ano, como o Solidariedade de Paulinho da Força e o PROS, partido que pretende filiar em seus quadros os irmãos Ciro e Cid Gomes.

Achaque na Prefeitura de São Paulo


Um megaesquema de R$ 500 milhões foi desbaratado com as investigações sobre o pagamento de propina a auditores fiscais da Prefeitura de São Paulo. Uma testemunha chave no escândalo confessou ter levado uma vida de luxo ao lado de um corupto. Vanessa Alcântara resolveu se vingar e falou tudo em entrevista à revista Istoé.

O segundo enterro de Jango



Jango teve um enterro digno de chefe de estado 37 anos depois após seus restos mortais serem exumados à pedido da família

João Goulart foi novamente enterrado, 37 anos depois. À pedido dos familiares seu corpo foi exumado e uma cerimônia com a presença de Dilma e ex- presidentes teve honras de chefe de estado. Em 6 de dezembro ele volta a ser enterrado em São Borja, agora com honras de chefe de estado. João Goulart morreu em 1976, durante a ditadura militar no exílio no Uruguai.

FATO DO ANO I: O Brasil vai às ruas e protesta







Um mês histórico onde o Brasil protestou e deixou Dilma de cabelo em pé, ainda mais em plena Copa das Confederações deixando a FIFA atordoada.

Junho de 2013. Um mês que entrou pra história do Brasil por ser o mês das maiores manifestações populares dos últimos anos. Tudo começou com o aumento das passagens de ônibus em São Paulo que custavam R$ 3,20. O reajuste vigorava desde janeiro. O Movimento Passe Livre então resolveu se manifestar e em 6 de junho, quatro dias depois do decreto iniciou os protestos. Até o dia 13 houve três manifestos, sempre com o uso exagerado da força policial. Logo os protestos se espalharam por outras cidades. A partir daí o movimento começava a tomar forma.

E a onda de protestos chegava à Brasília. No dia 14 de junho, véspera da abertura da Copa das Confederações um grupo de manifestantes foi até o estádio Mané Garrincha e confrontou com a Polícia. E a Copa das Confederações virou alvo de grandes protestos. Logo na abertura, Dilma Rousseff foi vaiada juntamente de Joseph Blatter e manifestantes se confrontaram com a Polícia com oito pessoas feridas. Os protestos de Brasília eram contra as altas verbas públicas usadas na construção da arena que custaram quase R$ 1,8 bilhão, três vezes mais o valor original.

O dia em que o gigante começou a acordar





A maioria das manifestações foi pacífica, mas houve exagero por parte da polícia e as ruas pegaram fogo algumas vezes. Em Brasília o Congresso Nacional foi invadido e o Palácio do Itamaraty foi depredado pelos manifestantes

O dia 17 de junho entra pra história como o dia em que o Brasil se mobiliza e vai às ruas. Quase 1 milhão de pessoas saem às ruas em dez capitais. No Rio de Janeiro mais de 100 mil foram até a região da Cinelândia, em Brasília os ativistas foram até o Congresso Nacional e subiram a rampa. Em Belo Horizonte foram 30 mil e em São Paulo 70 mil foram às ruas. Na pauta os gastos exagerados com a Copa do Mundo e a revolta com a classe política.

O lado negro dos protestos


Mesmo com manifestações pacíficas, houve o lado ruim de tudo isso. Os Black Blocs, um grupo de vândalos se infiltrou no meio dos manifestantes promovendo vandalismo e arruaça. Dentre os alvos estavam jornalistas das redes Globo e Record. Carros foram queimados e em São Paulo houve saques em lojas.

Diante de tudo isso governo e prefeitura paulistana decidem baixar o preço das passagens para R$ 3. O governo reage e no dia 21 Dilma vai à TV em pronunciamento à nação e decide lançar um pacote de medidas.

20 de junho, o dia em que milhares vão às ruas


Ruas lotadas, assim foram as passeatas que reuniram 1 milhão de pessoas

O dia 20 de junho entra pra história como o dia em que 1 milhão foram às ruas protestando contra a corrupção, a PEC 37 e reivindicando mais saúde e educação além de transporte digno. Brasília com 35 mil manifestantes viu o Palácio do Itamaraty ser ocupado por vândalos e a resposta dos PMs foi atacar com gás lacrimogêneo. No Rio, mais de 300 mil pessoas e em São Paulo 100 mil foram às ruas.

Logo depois dos protestos o governo implanta uma série de medidas. Uma delas é o programa Mais Médicos com o objetivo de levar saúde às regiões mais carentes. Até agora o programa já atraiu mais de 10 mil médicos vindos de Cuba.

A Copa das Confederações foi outro alvo da fúria dos manifestantes. Durante as partidas houve protestos exigindo saúde, educação e transporte com padrão FIFA.

Logo depois vieram outros protestos, sem a mesma intensidade do que ocorreu em junho. Mesmo assim a onda de manifestações teve como resultados a rejeição da famigerada PEC 37 e a aprovação pelo Senado que transforma corrupção em crime hediondo. A voz das ruas falou mais alto em 2013.

FATO DO ANO II: Cadeia para os mensaleiros


José Dirceu, Marcos Valério e José Genoíno: a turma que comandou o mensalão passa a ver o sol nascer quadrado

O julgamento do mensalão chegou ao ápice em 2013. Depois de um longo julgamento, 2013 assistiu a um momento histórico, a prisão dos corruptos. Antes, em setembro houve uma derrota. O julgamento dos embargos infringentes deu uma sobrevida aos mensaleiros. O voto de Celso de Mello a favor dos mensaleiros adiou até novembro a decretação da prisão.


Mas o presidente do STF Joaquim Barbosa conseguiu evitar a concessão de um novo prazo para a defesa dos réus e em uma sessão histórica na noite de 13 de novembro decretou a prisão imediata de 12 réus do escãndalo. No dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República começaram as prisões. José Genoíno, José Dirceu e cia se entregaram depois de receberem a intimação da Polícia Federal. A partir de então os mensaleiros passaram a encarar a mesma rotina de presos comuna na prisão da Papuda. José Genoíno passou mal e dias depois um laudo apontou que ele deverá cumprir prisão domiciliar, dias depois renuncia ao mandato. Já Dirceu recebe convite para trabalhar como gerente de um hotel, mas diante da repercussão recusa e declina do convite. No começo de dezembro novas prisões são decretadas, dentre elas a dos deputados Valdemar Costa Neto e Pedro Henry. Dos 17 condenados, apenas Henrique Pizzolato segue foragido da justiça.

A retrospectiva prossegue amanhã com os destaques da economia.

Postar um comentário

1 Comentários

Kleber Nunes disse…
Se em 2014 se repetirem os protestos de junho em plena Copa do Mundo vai ser um inferno para os turistas. Imagina então se acontece de novo as manifestações, o que vai dizer a dona FIFA?