Começa a Retrospectiva 2021 e como todos os anos abrimos nossa série falando de política. O ano de 2021 é ano pré eleitoral e boa parte do noticiário foi movimentada com o surgimento de candidaturas e uma delas voltou pro páreo. O ano teve também o festival de ataques antidemocráticos promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro.
Sob o domínio do Centrão
Vitórias dos candidatos apoiados por Bolsonaro deram um pouco de fôlego ao presidente
Nos primeiros dias de fevereiro o Congresso elegeu seus novos presidentes nas duas casas. O Senado passou a ser comandado por Rodrigo Pacheco que foi eleito com apoio do presidente Bolsonaro e de dez partidos e a Câmara dos Deputados passou a ser presidida por Arthur Lira, aliado mais forte do presidente. Aos poucos Rodrigo Pacheco se afastou do presidente e atua de forma independente, já Lira segue alinhado com o presidente.
A queda da Lava Jato
Sete anos depois a operação Lava Jato sofreu neste ano a mais dura delas ao dissolver a força tarefa, mas o que pesou para o fim da Lava Jato foi a decisão que declarou o ex - juiz Sérgio Moro parcial na condução do processo.
De volta ao jogo político
Lula, de volta ao jogo depois que Fachin anulou processos de Moro
No dia 8 de março o ex- presidente Lula voltou ao jogo político. A decisão do ministro Edson Fachin anulando todas as condenações por entender que a Justiça Federal de Curitiba não era o foro adequado para o caso. Com isso Lula recuperou os direitos políticos depois de ter ficado 580 dias preso.
As mexidas no ministério
Demissão do ministro da Defesa abriu uma crise dentro das Forças Armadas
Durante o ano o governo fez mexidas em sua equipe ministerial. Na maior crise militar dos últimos 45 anos o presidente Bolsonaro resolve trocar o ministro da Defesa Fernando Azevedo por não concordar com o uso político das Forças Armadas e o ato levou à renúncia dos comandantes das Forças Armadas. Quem também deixou o governo em março foram Eduardo Pazuello (Saúde), substituído por Marcelo Queiroga e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Ricardo Salles deixou o ministério do meio ambiente sob críticas e fazendo o Brasil virar pária
Em junho foi a vez de Ricardo Salles sair do governo. Ele deixou a pasta do Meio Ambiente ao se tornar alvo no Supremo no envolvimento ao esquema de favorecimento aos madeireiros da Amazônia.
O ocaso de Witzel
Wilson Witzel sofreu impeachment e sua breve carreira política pode ter chegado ao fim
O ano de 2021 marcou o ocaso do ex- governador carioca Wilson Witzel. Ele foi cassado e perdeu o mandato em abril em razão de denúncias de corrupção. O impeachment foi aprovado no STF em decisão unânime e Witzel foi considerado culpado por crime de responsabilidade na gestão de contratos durante a pandemia. Além de perder o mandato Wilson ficará inelegível por cinco anos e Cláudio Castro assumiu o poder e completará o mandato.
A guerra de Bolsonaro contra a democracia
Daniel Silveira foi preso porque atacou o Supremo em vídeo
Durante o ano a tensão entre o presidente e o Supremo na figura de Alexandre de Moraes chegou à níveis altos aumentando a temperatura política. Em fevereiro o deputado bolsonarista Daniel Silveira foi preso após divulgar vídeos de ataques ao Supremo. E o presidente Jair Bolsonaro decidiu ir à guerra contra o ministro. Em agosto Bolsonaro decidiu protocolar pedido de impeachment, mas o pedido foi rejeitado por Rodrigo Pacheco. Não satisfeito Bolsonaro decide atacar a corte e ninguém foi poupado inclusive o presidente do TSE Luiz Roberto Barroso.
Roberto Jefferson foi preso por incitar fake news e Sérgio Reis teve sua imagem chamuscada após áudio vazado incitando atos contra a democracia
E então vieram a onda de ataques antidemocráticos que resultou na prisão de Roberto Jefferson do PTB em agosto. A pedido de Alexandre de Moraes Jefferson foi preso por incitação às fake news e ele permanece preso. E sobrou até para Sérgio Reis. O cantor sertanejo teve um áudio vazado em grupos no WhatsApp incitando a democracia para protestos no dia 7 de setembro. A incitação pegou muito mal para o artista que viu a gravação de um disco sendo cancelada devido à repercussão negativa. Outro ato que pegou mal foi o desfile com tanques militares no dia da votação da emenda do voto impresso.
O povo volta às ruas e atos antidemocráticos abalam o país
Manifestações a favor e contra o governo tiveram o ápice nos atos antidemocráticos onde Bolsonaro apimentou ainda mais a guerra entre os poderes que só acalmou com uma carta intermediada por Temer
Durante o ano houve inúmeras manifestações à favor e contra Bolsonaro. O presidente por sua vez promoveu motociatas com milhares de apoiadores. A oposição iniciou as manifestações em 29 de maio, ainda de forma tímida. Houve novas manifestações contra o governo em junho, julho e outubro.
E vieram os atos antidemocráticos de 7 de setembro. Os atos golpistas levaram milhares às ruas e Bolsonaro discursou em Brasília e em São Paulo. O alvo dos ataques: Alexandre de Moraes, xingado de canalha pelo presidente. A classe política em sua maioria não gostou dos atos e foi preciso a intervenção do antecessor Michel Temer para acalmar os ânimos. Graças à Temer o presidente divulgou uma carta à nação reafirmando não ter intenção de agredir os poderes, só que em dezembro a trégua acabou e Bolsonaro voltou a atacar os poderes.
Segurança agride jornalistas na Bahia: trabalho da imprensa foi muito complicado em 2021
O trabalho da imprensa em 2021 não foi nada fácil. Diante da truculência de Bolsonaro houve várias agressões à imprensa: em abril uma equipe da TV Cultura do Pará foi hostilizada por apoiadores do presidente, em junho durante um evento e sem máscara mandou calar a boca da repórter Laurene Santos da TV Vanguarda, em outubro durante uma visita à Itália um grupo de seguranças agrediu dois jornalistas do portal UOL e da Globo News e em dezembro equipes de reportagem das TVs Bahia e Aratu sofreram truculência dos seguranças e um deles chegou a dar um mata leão na jornalista Camila Marinho.
André Mendonça chega ao Supremo
Depois de um ano de luta enfim André Mendonça virou ministro do Supremo. E ele passou em votação apertada no começo de dezembro obtendo 47 votos. O ministro "terrivelmente evangélico" assume a vaga de Marco Aurélio Mello que se aposentou em julho, antes Bolsonaro indicou Kássio Nunes Marques.
Começa a movimentação eleitoral para 2022
Urna eletrônica será mantida do jeito que é, nada de voto impresso
As eleições só acontecem ano que vem e o pleito foi assunto dominante em 2021. Primeiro com a tentativa frustrada do presidente em implantar o voto impresso. A emenda foi pra votação em agosto na Câmara, mas acabou sendo arquivada. Eram necessários 308 votos, mas o governo obteve 229 votos. Depois foram votadas as novas regras e a volta das coligações partidárias foi aprovada, mas a emenda do distritão foi rejeitada.
Começam a surgir os candidatos: Sérgio Moro pelo Podemos, Bolsonaro arruma um partido e se filia ao PL, Ciro Gomes pelo PDT e João Dória, vencedor da prévia pelo PSDB
Diante desse quadro a movimentação política no tabuleiro eleitoral começou a se movimentar. O PSL e o DEM se fundiram no União Brasil, novo partido que surge com a maior bancada de deputados federais, mas ainda há indefinição em quem será o candidato: se concorreria Luiz Henrique Mandetta, ex- ministro ou o apresentador José Luiz Datena, Bolsonaro enfim se filiou à um partido. Depois do fracasso no Aliança o presidente se filiou ao PL de Valdemar Costa Neto. Ciro Gomes voltou a usar a metralhadora giratória e o alvo da vez foi o PT de Lula, alvo de fortes críticas mas em dezembro foi vítima de uma ação policial junto do irmão Cid Gomes por irregularidades na reforma do estádio Castelão. No final do ano começaram a surgir os primeiros pré candidatos, em especial os possíveis cotados para a terceira via. O PSDB realizou pela primeira vez prévias para a escolha do candidato do partido, mas foi um processo tumultuado que levou seis dias para ser concluído pois o aplicativo onde o filiado votava no candidato apresentou falhas o escolhido para ser o candidato dos tucanos foi o governador de São Paulo João Dória que derrotou Eduardo Leite e Arthur Virgílio. A vitória de Dória acabou fazendo com que Geraldo Alckmin, um dos fundadores do partido deixasse a legenda. Alckmin é muito cotado para ser o candidato à vice na chapa de Lula. O ex- juiz Sérgio Moro se filiou ao Podemos e no seu discurso de filiação atacou Lula e Bolsonaro dizendo chega de corrupção, petrolão, orçamento secreto e rachadinha. Na carona de Moro o ex- procurador da Força tarefa Deltan Dallagnol também se filiou ao partido. O MDB lançou a senadora Simone Tebet como pré candidata e o PSD lançou Rodrigo Pacheco como candidato. Nas pesquisas que foram divulgadas até metade de dezembro Luís Inácio Lula da Silva lidera com Bolsonaro em segundo e uma disputa pelo terceiro lugar entre Ciro e Moro e o petista em boa parte dessas pesquisas tem condições de liquidar a fatura no primeiro turno, mas o que veremos em 2022 é uma disputa intensa para conquistar o eleitorado e o leque de temas é enorme. A campanha vai pegar fogo mesmo é a partir de julho com as convenções e em agosto com os debates e a propaganda eleitoral. Até o dia 2 de outubro de 2022 muita água vai rolar por debaixo da ponte, é aguardar pra ver.
A retrospectiva prossegue com os destaques da economia.
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