Memória 2016: O ano do adeus

A Retrospectiva 2016 continua e hoje é dia de saudade. O ano que termina levou muita gente importante nas mais diversas áreas. Ano de perdas na música com as mortes de David Bowie e Prince, astros da música pop, na TV com a morte trágica de Domingos Montagner nas águas do Velho Chico, no esporte o ano foi de adeus ao Capita Carlos Alberto, João Havelange, Cruyff, Muhammad Ali e foi também ano de dizer adeus a Fidel.

O ADEUS AO SENHOR DA ILHA


Ditador durante quase meio século Fidel Castro liderou a Revolução Cubana que derrubou Fulgencio Batista em 1959 e só saiu do poder em 2008 devido à problemas de saúde. Com Fidel no poder os cubanos conviveram com uma figura controversa que com mãos de ferro conduziu os destinos da nação. No dia 25 de novembro o presidente Raúl Castro anunciava aos cubanos que Fidel havia morrido aos 90 anos de idade.

POP DE LUTO COM MORTES DE BOWIE E PRINCE


Conhecido pelas múltiplas personalidades o inglês David Bowie ficou conhecido como o Camaleão do Rock com personagens marcantes como Alladin Sane e Ziggy Stardust. Ícone do pop rock inglês escapou da morte na Alemanha e lá produziu a trilogia Heroes, nos anos 80 fez todo mundo dançar com o álbum Let's Dance. Em 2014 descobriu um câncer e no dia que completou 69 anos lança o álbum Blackstar, seu réquiem, dois dias depois (10 de janeiro) morre deixando muitos fãs tristes com a perda.


Três meses depois em 21 de abril morria nos Estados Unidos o cantor e compositor Prince aos 58 anos de idade. Um artista completo na arte de compor e interpretar Prince brigou com as gravadoras e seu estilo extravagante conquistou gerações. Ganhou sete prêmios Grammy e seus álbuns venderam mais de 100 milhões de cópias em todo o mundo além de ganhar o Oscar de melhor canção original por Purple Rain.


O produtor George Martin (9 de março) era considerado o quinto Beatle pois foi ele que descobriu o talento de quatro jovens rapazes de Liverpool: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.


No Brasil a morte mais impactante foi a do cantor Cauby Peixoto no dia 15 de maio aos 85 anos. Um dos maiores intérpretes da MPB foi reverenciado por várias gerações e até o fim da vida fazia shows pelo Brasil.

Em novembro morria o canadense Leonard Cohen aos 82 anos. Dono de uma voz áspera e quente ele cantou o amor imperfeito e dentre seus grandes sucessos se destaca Hallelujah.

Outras mortes do ano na música: Glenn Frey (18 de janeiro), Chico Rey (26 de fevereiro) cantor sertanejo da dupla com Paraná, Naná Vasconcelos (9 de março), Gato Barbieri (3 de abril), Billy Paul (24 de abril), cantor de soul,  Fernando Faro (25 de abril), Peninha, músico do Barão Vermelho (19 de setembro) e dois integrantes do grupo de rock progressivo Emerson, Lake and Palmer: Keith Emerson (11 de março) e Greg Lake (8 de dezembro).

SILÊNCIO NAS LETRAS


O poeta maranhense Ferreira Gullar morre em 4 de dezembro aos 86 anos. Ferreira Gullar escreveu várias obras como A Luta corporal (1954), Manifesto neoconcreto e Poema sujo (1976). Foi fundador do neoconcretismo e sempre teve uma posição política definida. Ganhou dois Prêmios Jabuti e ganhou o Prêmio Camões, o prêmio mais importante para escritores em países de língua portuguesa.

 Outra morte do ano na literatura foi a do escritor italiano Umberto Eco em 19 de fevereiro aos 84 anos. Eco escreveu o livro O Nome da Rosa, sua obra mais notável que virou filme anos mais tarde.

Outros mortos na literatura: Alvin Toffler (30 de junho), autor de O Choque do Novo, Elie Wiesel (2 de julho), sobrevivente da Segunda Guerra ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1986, Dario Fo (13 de outubro), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1997 e Harper Lee (19 de fevereiro), autora de O Sol é para todos.

AS PERDAS DO ANO NO JORNALISMO




O telejornalismo brasileiro ficou mais pobre em 2016. No dia 12 de março morria no Rio o locutor Berto Filho que durante muitos anos foi reserva de Cid Moreira aos sábados no Jornal Nacional. Em 17 de julho morria nos Estados Unidos o jornalista Eliakim Araújo aos 75 anos. Eliakim formou ao lado de Leila Cordeiro o primeiro casal à frente de uma bancada num telejornal passando por Globo, Manchete, SBT e Record News. Em 22 de agosto o jornalista Geneton Moraes Neto morria aos 60 anos depois de travar uma luta contra o câncer. Em 40 anos de carreira trabalhou no Estadão, no Diário de Pernambuco e na Rede Globo onde foi editor executivo do Jornal Nacional e editor chefe do Fantástico além de atuar na Globo News com a série Dossiê. No dia 23 de agosto morria Goulart de Andrade aos 83 anos. Goulart idealizou o Comando da Madrugada e o seu bordão Vem Comigo levava o telespectador para os lugares mais inusitados do Brasil e do mundo. No dia 15 de dezembro morria o jornalista político Villas Boas Corrêa, que trabalhou em vários órgãos de imprensa como o Jornal do Brasil e nas TVs Bandeirantes e Manchete.




O jornalismo esportivo também teve grandes perdas, a maior delas a de 20 jornalistas que viajavam com o time da Chapecoense quando o avião caiu matando 71 pessoas. Dos 21 jornalistas que estavam no avião apenas Rafael Henzel sobreviveu. As perdas mais impactantes foram na Globo com o repórter Guilherme Marques, o repórter cinematográfico Ari Júnior e o produtor Guilherme van der Laars. No Fox Sports as perdas mais sentidas foram as do narrador Deva Pascovicci, dos comentaristas Mário Sérgio e Paulo Júlio Clement e do repórter Victorino Chermont.

Também morreram no ano Teixeira Heizer (3 de maio), primeiro narrador de futebol da TV Globo, Alberto Léo (23 de junho) que passou pela Bandeirantes e Manchete e estava na TV Brasil e Raul Quadros (13 de setembro), repórter esportivo que marcou época na Globo e no Sportv.

ADEUS À ALEGRIA E IRREVERÊNCIA


Espontânea e irreverente Elke Maravilha (16 de agosto) veio da Rússia e fez sucesso no Brasil onde foi jurada nos programas de auditório de Silvio Santos e Chacrinha. Elke morreu devido à complicações no tratamento da úlcera.

A MORTE NO AUGE DE UMA CARREIRA TARDIA


Cria do circo Domingos Montagner só despontou pra televisão em 2008, mas a explosão nacional ocorreu em 2011 quando interpretou o cangaceiro Herculano em Cordel Encantado, depois emendou trabalhos até chegar ao protagonista Santo dos Anjos em Velho Chico. Na tarde do dia 15 de setembro o ator mergulhava às margens do Rio São Francisco junto da atriz Camila Pitanga quando foi levado pela correnteza e seu corpo foi encontrado duas horas depois entre duas pedras. Sua morte abalou o país.


O ator Guilherme Karam (7 de julho) lutou por dois anos contra a doença Síndrome de Machado - Joseph, uma doença rara e acabou sucumbindo. Fez sucesso fazendo comédia e humor principalmente na década de 80 quando integrou o elenco da TV Pirata com personagens marcantes como Zeca Bordoada e e novelas como Meu Bem Meu Mal, Partido Alto e América.

Outras mortes do ano: Antonio Pompeo (5 de janeiro), Shaolin (14 de janeiro), humorista que estava em coma depois de sofrer um acidente de carro cinco anos atrás, Tereza Rachel (2 de abril), interpretou papéis de destaque como a Rainha Valentine de Que Rei sou eu?, Umberto Magnani (27 de abril), interpretava o Padre Romão em Velho Chico, Ruben Aguirre (17 de junho), interpretou o Professor Girafales no seriado Chaves, Duda Ribeiro (14 de setembro), fez novelas na Globo e Orival Pessini (14 de outubro), interpretou os personagens Sócrates no Planeta dos Homens nos anos 70 e Fofão que fez sucesso nos anos 80 em programas infantis na Globo e Bandeirantes.

LUTO NO SET: AS MORTES NO CINEMA


O argentino Héctor Babenco se naturalizou brasileiro e foi diretor de filmes como Pixote - A lei do mais fraco, Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia, Carandiru e O Beijo da Mulher Aranha com Sônia Braga e que deu o Oscar de melhor ator para William Hurt. O ator foi internado para tratar de uma sinusite e teve uma parada cardíaca que o matou em 13 de julho aos 70 anos de idade.

Outras mortes do ano no cinema: Ettore Scola (19 de janeiro), diretor de Feios, malvados e sujos, Alan Rickman (14 de janeiro), Bud Spencer (27 de junho), fez dupla impagável com Terence Hill, Gene Wilder (29 de agosto) teve como grande papel de destaque o personagem Willy Wonka em A Fantástica Fábrica de Chocolate e Zsa Zsa Gabor (18 de dezembro), atriz húngara que se destacou nos anos 50 em vários filmes.

ADEUS AO MAGO DA CIRURGIA PLÁSTICA


Cirurgião de renome mundial Ivo Pitanguy ficou famoso por ser o papa da cirurgia plástica no Brasil e no mundo. Suas hábeis mãos conseguiram reconstituir rostos e recuperar pessoas queimadas. No dia 5 de agosto participou do revezamento da tocha olímpica e passou mal morrendo no dia seguinte aos 93 anos.

FIM DE JOGO PARA OS ESPORTISTAS QUE SE FORAM

O ano marcou também muitas mortes no esporte, principalmente no futebol.


Um dos maiores pugilistas da história Muhammad Ali (4 de junho) foi três vezes campeão mundial dos pesos pesados e considerado um dos maiores nomes do esporte mundial. Ali sofria desde 1984 do Mal de Parkinson, uma doença degenerativa que o levou á morte.


João Havelange foi atleta olímpico e dirigente, mas foi como presidente da Fifa que comandou a maior revolução da história da entidade dirigindo por 24 anos transformando a Copa do Mundo num evento de proporções globais. Ele estava internado desde julho e morreu no dia 16 de agosto aos 100 anos.


O holandês Johann Cruyff foi o líder do famoso Carrossel Holandês, um esquadrão que trouxe o futebol total, mas que não ganhou a Copa de 1974 na Alemanha. Como técnico conduziu o Barcelona na conquista da Champions League de 1992. Lutando contra um câncer no pulmão ele morre aos 68 anos em 24 de março.


A tragédia com o avião da Chapecoense matou 71 pessoas, dentre elas 19 dos 22 jogadores da Chape incluindo jogadores como Cléber Santana, o goleiro Danilo, o herói e Bruno Rangel, o maior artilheiro da história do time além do técnico Caio Júnior.


Considerado um dos melhores laterais da história do futebol Carlos Alberto Torres ficou marcado como o capitão da inesquecível seleção de 70 quando ganhou o tricampeonato no México e o gol que decretou a vitória sobre a Itália na final é considerado o seu momento mais marcante. O Capita como era conhecido teve um infarto fulminante morrendo na manhã de 25 de outubro aos 72 anos.

Outros mortos no futebol: Roberto Perfumo (10 de março), volante argentino que fez história no Cruzeiro, Luís Carlos Toffoli, o Gaúcho (17 de março), campeão brasileiro pelo Flamengo em 1992, Cesare Maldini (3 de abril), dirigiu a seleção italiana na Copa de 2002 e a do Paraguai na Copa de 2010 e Luís Alvaro Oliveira Filho (16 de agosto), ex- presidente do Santos Futebol Clube. No esporte tivemos Luís Salom (3 de junho), morto em acidente nos treinos da Moto 2 na Catalunha, Vera Caslavska (29 de agosto),ginasta da extinta Tchecoslováquia que ganhou sete medalhas de ouro nas Olimpíadas de Tóquio e Cidade do México, Arnold Palmer (25 de setembro), maior golfista da história e Silvio Gazzaniga (31 de outubro), escultor que criou a Taça FIFA que substituiu a Jules Rimet a partir de 1974.

A MORTE DE UM SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA CONTRA A DITADURA


Dom Paulo Evaristo Arns foi arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998 e era arcebispo emérito. Enfrentou a ditadura e lançou o livro Brasil Nunca Mais depois do fim do regime. Sua luta pelos direitos humanos lhe rendeu o apelido de Cardeal da Resistência. Internado desde 28 de novembro morre em 14 de dezembro aos 95 anos devido à complicações decorrentes da pneumonia.


Jarbas Passarinho foi governador do estado do Pará e ex- ministro do Trabalho e da Educação no regime militar além de senador. Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Collor e da Previdência no governo de João Figueiredo. Jarbas morreu en 5 de junho aos 96 anos devido à idade avançada.


Shimon Peres foi premiê de Israel e ajudou a fundar o estado israelense. Participou dos acordos de Oslo que renderam o Nobel da Paz de 1994 ao lado de Ytzhak Rabin e Yasser Arafat. Internado devido à um AVC sofrido em 13 de setembro morre no dia 28 aos 93 anos.

Outros mortos do ano: Flávio Gikovate (13 de outubro), psicólogo especialista em questões amorosas, Luiz Felipe Lampréia (3 de fevereiro), foi ministro das Relaçoes Exteriores no governo de Fernando Henrique Cardoso, Boutros - Boutros Ghali (16 de fevereiro), foi secretário geral da ONU entre 1992 e 1996, Nancy Reagan (6 de março), foi primeira dama durante o governo de seu marido Ronald Reagan, Naum Alves de Souza (9 de abril), dramaturgo e escritor, Mário Amato (26 de maio), ex- presidente da Fiesp e famoso pela frase em que afirmava se Fernando Collor fosse eleito (o que ocorreu) 100 mil empresários iriam embora do Brasil, Hélio Garcia (6 de junho), foi governador de Minas Gerais por dois mandatos, Tunga (6 de junho), artista plástico expoente da arte contemporânea nacional, Thomas Skidmore (11 de junho), historiador, Fabiane Niclotti (30 de junho), foi Miss Brasil em 2004, Sábato Magaldi (14 de julho), crítico teatral e autor do livro Panorama do Teatro Brasileiro e John Glenn (8 de dezembro), astronauta norte americano mais velho a ir ao espaço em 1998.

A retrospectiva se encerra nesta sexta com as pessoas que se destacaram no ano.

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1 Comentários

Fabio Maksymczuk disse…
Olá, tudo bem? 2016 realmente foi um ano agitadíssimo. Nestas retrospectivas, muitos tomam conhecimento de algumas mortes que passaram desapercebidas por estas pessoas... Em alguns anos, até falo: nossa, esse morreu? Rs.. Desejo um ótimo Natal! ho ho ho.. Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net