Memória 2015: Ano de perdas importantes

Kleber Nunes
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A retrospectiva 2015 prossegue. Passado o Natal entramos na reta final do ano e neste último sábado de 2015 é dia de memória, de relembrar quem nos deixou neste ano. Foi um ano de inúmeras perdas em vários setores. Perdemos o talento de Miele, o nosso showman, de Marília Pêra, uma das mais completas atrizes do país, a música ficou mais pobre sem o rei do blues B.B. King, o jovem e promissor Cristiano Araújo também nos deixou cedo e a arte ficou mais pobre com adeus à grandes nomes.

Lucille em silêncio


B.B King era o rei do blues e gravou mais de 50 discos na carreira além de 16 Grammys em seis décadas de carreira. Seu estilo influenciou grandes nomes da música e fez gerações inteiras dançarem ao som de sua guitarra Lucille. No dia 15 de maio B.B King saia de cena de vez, aos 89 anos.

De desconhecido à ídolo póstumo


Em ascensão na música sertaneja universitária desde 2011 o cantor Cristiano Araújo trilhava uma carreira ascendente até o destino interromper de forma brusca a carreira. Na madrugada do dia 24 de junho ele ia para mais um show quando o carro em que ele viajava capotou. No acidente sua namorada, Allana Morais de 19 anos morreu na hora. Cristiano ainda foi levado ao hospital, mas não resistiu. Sua morte repentina rendeu comoção nacional e dividiu o público, ainda mais depois que cenas chocantes de seu cadáver sendo preparado para o velório foram divulgadas sem autorização.



A música sertaneja ainda perdeu dois representantes da verdadeira música de raiz. O cantor José Rico (3 de março) formou com Milionário uma das duplas de maior sucesso no gênero gravando 29 álbuns e seu maior sucesso foi Estrada da vida que virou filme. A caipira Inezita Barroso (8 de março) gravou mais de 80 discos e apresentava na TV Cultura o programa Viola Minha Viola em que mostrava o melhor da música caipira.

Entre os mortos na música no ano destaque para o arranjador Lincoln Olivetti (13 de janeiro) que gravou com grandes nomes da MPB como Tim Maia, Caetano Veloso e Roberto Carlos, o compositor Fernando Brant (12 de junho), um dos integrantes do Clube da Esquina, Renato Rocha, mais conhecido como Negrete (22 de fevereiro), um dos integrantes da banda Legião Urbana e Scott Weiland (4 de dezembro), vocalista das bandas Stone Temple Pilots e Velvet Revolver.
 
Desce o pano...



Muitas perdas na área da TV e do cinema marcaram 2015. Antonio Abujamra (28 de abril) foi pioneiro ao introduzir no teatro nacional métodos tradicionais de Brecht e Planchon e na TV ficou muito popular por conta de seu personagem na novela Que Rei sou eu? onde interpretou o bruxo Ravengar e apresentava o talk show Provocações na TV Cultura. Outra grande perda foi a da atriz Maria Della Costa (24 de janeiro) que fundou o Teatro Popular de Arte, originário da Companhia que leva o seu nome. Odete Lara (4 de fevereiro) além de atuar também cantava e fez novelas nas extintas Excelsior e Tupi.




Considerado o primeiro galã da história da TV Globo, Claudio Marzo (22 de março) atuou em várias novelas nas TVs Globo e Manchete e fez 35 filmes. Jorge Loredo (26 de março) foi o criador do impagável Zé Bonitinho, conhecido como o Perigote das Mulheres e lutava contra um enfisema pulmonar. Elias Gleizer (16 de maio) fez teatro, cinema e TV onde fez papéis de bonzinhos. Ada Chaseliov (27 de outubro) teve como papel mais marcante Leonor de A Muralha.



Roberto Talma (23 de abril) foi um dos diretores mais importantes da história da Rede Globo sendo diretor de várias novelas de sucesso e minisséries como Anos Dourados. Carlos Manga (17 de setembro) dirigiu várias chanchadas na época de ouro da Atlântida e na TV dirigiu programas humorísticos e minisséries. O comediante Tutuca (3 de dezembro) teve como personagem mais marcante Clementino que surgiu no Balança mas não cai e depois no Zorra.



O jornalismo ficou mais pobre sem duas mulheres guerreiras, ambas vencidas pelo câncer. Beatriz Thielmann (29 de março) cobriu importantes momentos do país em 30 anos de carreira e Sandra Moreyra (10 de novembro) em mais de 40 anos de carreira testemunhou grandes momentos da nossa história.

O adeus da guerreira


Betty Lago (13 de setembro) começou como modelo desfilando para várias griffes e chegou à TV em 1992 atuando em Anos Rebeldes e depois protagonista em Quatro por Quatro. Ela lutava contra um câncer há três anos.


Yoná Magalhães (20 de outubro) se destacou em Deus e o Diabo na Terra do Sol, dirigido por Glauber Rocha e foi a primeira mocinha de sucesso nas novelas da Globo. Em Roque Santeiro, novela de 1985 fez o papel de Matilde e posou nua aos 50 anos para uma revista masculina.

Nosso showman


Luiz Carlos Miele (14 de outubro) começou como locutor de rádio, mas foi nos palcos que ele brilhou. Além de produtor musical foi parceiro de Ronaldo Bôscoli produzindo shows, mas seu talento como multiartista prevaleceu. Em sua carreira foi ator, cantor, humorista, apresentador, enfim, um verdadeiro homem show.

E Marília Pêra sai de cena


No dia 5 de dezembro o Brasil perdeu sua diva dos palcos. Marília Pêra iniciou cedo com apenas 19 dias de vida uma carreira brilhante nos palcos e nas telas encarnando grandes cantoras em peças teatrais e musicais, mas foi na TV que seu talento brilhou, o seu último trabalho no seriado Pé na Cova terá sua última temporada exibida no começo do ano que vem como um tributo ao seu talento.




No mundo as perdas das artes também foram muitas. Leonard Nimoy (27 de fevereiro) ficou conhecido em todo o mundo pelo papel do Dr. Spock no filme Jornada nas Estrelas. O cineasta português Manoel de Oliveira (2 de abril) era o mais longevo cineasta do mundo com 62 filmes dirigidos. A atriz sueca Anita Ekberg (11 de janeiro) ficou imortalizada com uma cena clássica eternizada por Federico Fellini no filme A Doce Vida onde tomava banho seminua na Fontana di Trevi em Roma. O ator britânico Christopher Lee (7 de junho) ficou famoso ao interpretar o Conde Drácula e o maligno Saruman no filme O Senhor dos Anéis. O egípcio Omar Sharif (10 de julho) atuou em filmes de sucesso como Lawrence da Arábia e Doutor Jivago, jamais ganhando um Oscar, apenas indicações. O cineasta Wes Craven (30 de agosto) dirigiu filmes clássicos do terror como A Hora do Pesadelo e Pânico. A atriz Yvonne Craig (10 de agosto) fez o papel da Mulher Gato no seriado de TV do Batman e lutava contra um câncer.

As perdas nas artes




A artista plástica Tomie Ohtake (12 de fevereiro) fez várias obras que transformaram a paisagem urbana de São Paulo como o Memorial da América Latina. A crítica de teatro Barbara Heliodora (10 de abril) conhecia como ninguém a obra de William Sheakespeare e era considerada pela classe como A Dama de Ferro por ter assistido mais de 3500 peças teatrais. O artista circense Orlando Orfei (1º de agosto) montou o Circo Nacional d'Itália e foi fundador do Tivoli Park no Rio de Janeiro, o professor e historiador Joel Rufino dos Santos (4 de setembro) ficou exilado na ditadura e ganhou dois Prêmios Jabuti. O escritor uruguaio Eduardo Galeno (13 de abril) publicou mais de 30 livros sendo sua obra mais importante As veias abertas da América Latina. O alemão Günther Grass (13 de abril) escreveu a obra O Tambor, um romance de crítica social que se baseou na vida do autor. Oliver Sacks (31 de agosto) além de escritor era médico e considerado o papa da medicina moderna. Sua obra Tempo de Despertar, de 1973 virou filme em 1990 com Robin Williams e Robert de Niro.

As perdas no esporte





O futebol teve as perdas de jogadores como Zito (14 de junho), bicampeão mundial de clubes pelo Santos e na seleção brasileira nas Copas de 1958 e 1962, considerado um dos maiores volantes da história. No fim da vida foi descobridor de talentos no Santos como Robinho e Neymar. Carlinhos (22 de junho) ficou conhecido pela sua elegância nos gramados e jamais foi expulso na carreira, ainda foi campeão brasileiro duas vezes dirigindo o Flamengo. O torcedor que era conhecido como O Gaúcho da Copa Clóvis Fernandes (16 de setembro) esteve em sete Copas do Mundo e viajou por 60 países. O cartola Juvenal Juvêncio (9 de dezembro) foi dirigente do São Paulo duas vezes e ajudou a montar o time que foi tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2005.


Alcides Ghigghia era um dos últimos remanescentes do famoso Maracanazo e marcou o gol que deu o título ao Uruguai na primeira Copa do Mundo no Brasil. Ele junto do Papa João Paulo II e do cantor Frank Sinatra foram as pessoas que calaram o gigante do Maracanã. Ele morreu no dia 16 de julho, dia dos 65 anos da derrota que traumatizou uma nação.



21 anos depois a morte voltou a fazer parte do espetáculo da Fórmula 1. O francês Jules Bianchi (18 de julho) se chocou com um trator no Grande Prêmio do Japão de 2014 e ficou em coma durante nove meses onde ficou em estado vegetativo. Um mês depois na Indy o inglês Justin Wilson (24 de agosto) morre depois que um pedaço do carro do americano Sage Karam atinge em cheio sua cabeça durante as 500 milhas de Pocono. As duas mortes levantam a questão de serem adotados ou não o cockpit fechado.

Luto na política





Um ano de muitas perdas na política. O jurista Paulo Brossard (12 de abril) além de deputado e senador pelo RS foi ministro da Justiça no governo de José Sarney e era ministro aposentado do STF. O cearense Paes de Andrade (18 de junho) foi deputado federal e presidiu a Câmara dos Deputados entre 1989 e 1991, período em que assumiu por 11 vezes a presidência da república. O arquiteto Luiz Paulo Conde (21 de julho) entrou tarde na política, mas conseguiu se eleger prefeito do Rio de Janeiro pelo PFL em 1996 e lutava contra um câncer na próstata. O senador Luiz Henrique da Silveira (10 de maio) foi prefeito de Joinville por três vezes e governador de Santa Catarina por duas vezes. José Eduardo Dutra (4 de outubro) foi presidente do PT e da Petrobras no governo Lula e coordenou a campanha que elegeu Dilma Rousseff em 2010 e o coronel Brilhante Ustra (15 de outubro) foi chefe do DOI - CODI, o quartel do inferno durante a ditadura militar, onde opositores do regime eram torturados, apesar de sempre negar o fato.

Perdas irreparáveis na economia


O empresário Olacyr de Moraes (16 de junho) ficou conhecido como o Rei da Soja, pois era o maior produtor do grão no planeta e tinha mais de 40 empresas nos setores da construção civil, exploração de minérios de ferro e agrícola. O executivo japonês Satoru Iwata (12 de julho) foi presidente da Nintendo e não resistiu à um tumor no ducto biliar. No dia 10 de novembro um acidente de helicóptero matou o presidente do Bradesco Seguros Marco Antonio Rossi e o presidente da Bradesco Previdência Lúcio Flávio de Oliveira. No mesmo acidente morreram o piloto e o copiloto.

Outras mortes do ano




O ano ainda teve as mortes do matemático John Nash (24 de maio), Prêmio Nobel de Economia em 1994 por ter criado a Teoria dos Jogos e inspirador do filme Uma Mente Brilhante, o psiquiatra Içami Tiba (2 de agosto), autor da obra Só amor não basta, o folclorista Nico Fagundes (24 de junho) um dos estudiosos mais influentes da cultura gaúcha, o professor Hermógenes (13 de março), um dos precursores da difusão da ioga no país, o jurado do programa Raul Gil José Messias (12 de junho), criador do quadro Pra quem você tira o chapéu, o endocrinologista Alfredo Halpérn (25 de novembro), criador da dieta dos pontos e referência no tratamento contra a obesidade e de Marcy Borders, símbolo do 11 de setembro. Marcy estava no World Trade Center no dia dos ataques e sua foto com o corpo todo empoeirado correu o mundo.

A retrospectiva prossegue neste domingo com o balanço do ano no futebol.

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