A Bela do Domingo: Flávia Alvarenga

O Brasil amanheceu de luto nesta sexta-feira. Ator, diretor, humorista genial, craque das entrevistas, escritor, um gênio das artes, assim Jô Soares era várias faces em uma. O homem que fez rir milhares de gerações de brasileiros nos deixou nesta madrugada aos 84 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês desde o último dia 28 de julho com suspeita de pneumonia e a causa da morte não foi divulgada. A informação foi divulgada pela ex-esposa Flávia Pedras nas redes sociais e o velório e o enterro serão restritos aos familiares. Jô Soares foi um multiartista que deixou sua marca principalmente na arte de fazer rir. Nascido José Eugênio Soares em 16 de janeiro de 1938 viveu boa parte da infância na Suíça onde estudou e lá descobriu a vocação para as artes cênicas, mesmo não pensando em seguir carreira nos palcos. Quando voltou ao Brasil estreou na televisão em 1958 no programa Noite de Gala da extinta TV Rio a convite de Silveira Sampaio, em 1960 foi pra São Paulo onde participou do Grande Teatro Tupi e depois ingressou na TV Record onde atuou e escreveu para várias atrações como Show do dia 7, Praça da Alegria e outros, em 1967 fez parte da inesquecível Família Trapo, humorístico que ia ao ar nas noites de domingo, inicialmente como redator ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega e depois com o hilário mordomo Gordon na primeira sitcom produzida no Brasil. Em 1970 se transfere pra Rede Globo onde estreou no Faça Humor, não faça guerra junto de Renato Corte Real e textos de Max Nunes e Haroldo Barbosa onde trabalharam juntos por muitos anos criando mais de 260 tipos, depois em 1973 esteve em Satiricom, uma sátira a comunicação, em 1977 integrou o time de humoristas do Planeta dos Homens tanto como ator como redator. Em 1981 ganha um humorístico só seu, o Viva o Gordo, inspirado em peça que fazia no teatro e foram muitas as segundas feiras que o publico começava a semana rindo das sátiras políticas e de personagens inesquecíveis como Zezinho, Vovó Naná, Reizinho, Capitão Gay, Zé da Galera e tantos outros além de aberturas magníficas onde ele contracenava com personagens da vida real, seja servindo o presidente Sarney, discutindo com políticos e fazendo tabelinha com Maradona e em meio ao programa fazia crônicas no Jornal da Globo entre 1984 e 1987. O programa ficou no ar até 1987 quando ele recebeu um convite de Silvio Santos para se transferir pro SBT e em 1988 levou o seu humor para a nova emissora e o programa foi rebatizado de Veja o Gordo, mas foi no SBT que realizou o sonho de conduzir um programa de entrevistas nos mesmos moldes dos talk shows americanos e em 16 de agosto começava o Jô Soares Onze e meia, o talk show que fez história na televisão brasileira. Em quase 12 anos foram mais de 6 mil entrevistas com personalidades de quase todos os setores e o slogan dizia, não vá pra cama sem ele. No ano 2000 volta á Rede Globo para repetir o mesmo sucesso no Programa do Jô que ficou no ar por 16 anos. Além de ator, diretor, humorista e entrevistador Jô Soares também foi um sucesso como escritor onde escreveu 5 livros, sendo os mais destacados O homem que matou Getúlio Vargas e o Xangô de Baker Street que ganhou uma adaptação pro cinema em 2001. Escreveu para a Folha de S.Paulo, Manchete e O Globo e por sete anos teve uma coluna semanal na revista Veja. No teatro seus monólogos tinham como pano de fundo a política brasileira com sátiras em tom cômico e dentre as peças de destaque estão Viva o gordo, abaixo o regime e Um gordo em concerto. Jô, muito obrigado por nos fazer rir e emocionar. Daqui mando um beijo do gordo! Vá em paz.