Globo 50 Anos: A fábrica de sonhos das novelas

O penúltimo capítulo da série especial sobre os 50 anos da Rede Globo vai falar hoje das novelas. Não falaremos de todas, destacaremos as dez novelas mais marcantes nesses 50 anos, um pouco das minisséries e seriados e homenagear os grandes autores.

Foram mais de 280 novelas produzidas desde 1965. No começo quem assinava as primeiras tramas era a cubana Gloria Magadan. Em 1967 a novela Anastácia, a mulher sem destino passou por uma sacudida. Foi preciso um terremoto para eliminar de uma vez 100 personagens. Quem assinou esse roteiro? Janete Clair. A autora conseguiu revolucionar a trama que andava em baixa audiência e levantou os índices. Mas a partir de 1969 com Vende - se um véu de noiva que a Globo iniciava seu domínio assustador na dramaturgia.

As produções ganharam elevado nível de qualidade e isso se mantém nos dias atuais, por mais que emissoras como SBT ou Record tentem chegar ao mesmo nível a dramaturgia da Globo é quem dá o tom no país. As novelas são capazes de ditar modismos e parar um país. Exemplos disso são muitos: Em 1972 ainda nos tempos da TV em preto e branco a novela Selva de Pedra teve a façanha de ter 100% de audiência no dia da revelação de que Rosana Reis era Simone numa prova de que a novela era e é um fenômeno cultural de massa e quem não se lembra das meias de lurex em plena era da discoteca? E a dança louca da personagem de Sônia Braga em Dancin Days (1978) de Gilberto Braga? Ou quando o Brasil parou no último capítulo de Vale Tudo (1988) também de Gilberto Braga em parceira com Aguinaldo Silva para descobrir quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall). E num exemplo mais recente um país parou para acompanhar o último capítulo de Avenida Brasil (2012). São exemplos como esses que fazem das novelas da Globo um dos fatores que levaram a emissora à liderança. Por ano estreiam de cinco a seis novelas nas faixas horárias das 18, 19 e 21 horas.

E aqui vai o Top 10 das dez novelas mais marcantes nesses 50 anos:


1 - O Rei do Gado (Novela de Benedito Ruy Barbosa) exibida em 1996: Os conflitos entre duas famílias e a luta pela posse de terra foram pontos fortes da trama. Antônio Fagundes fez o papel de Bruno Mezenga e Raul Cortez fez o papel de Geremias Berdinazzi.


2 - Vale Tudo (Novela de Gilberto Braga e Aguinaldo Silva) exibida em 1988. No Brasil do fim dos anos 80 a inversão de valores simbolizados pela corrupção e falta de ética foram temas pontuais dessa trama que iniciou uma trilogia sobre corrupção. Glória Pires aprontou e muito com a mau caráter Maria de Fátima e Beatriz Segall ficou pra sempre marcada com o papel da empresária Odete Roitman que seria assassinada. Uma das cenas mais marcantes ocorreu no último capítulo quando Marco Aurélio (Reginaldo Faria) foge do Brasil e dá uma banana na cabine do avião em uma das cenas mais emblemáticas da TV brasileira.


3 - Roque Santeiro (Novela de Dias Gomes) exibida em 1985. Proibida pela ditadura em 1975 a novela trouxe o dia a dia da fictícia cidade de Asa Branca. Regina Duarte fez da Viúva Porcina uma mania com suas roupas espalhafatosas e Lima Duarte com seu Sinhozinho Malta toda vez que ficava nervoso agitava o braço e dizia Tô certo ou tô errado?


4 - Dancin Days (Novela de Gilberto Braga) exibida em 1978. A novela aproveitou a onda disco e contou a história da rivalidade entre duas irmãs: Júlia Matos (Sõnia Braga) e Yolanda Pratini (Joana Fomm).


5 - Gabriela (adaptação da obra de Jorge Amado) exibida em 1975 na primeira versão e a segunda versão exibida em 2012. Retratou o universo de Jorge Amado misturando sensualidade e questões sociais. A cena da pipa com Gabriela ficou marcada na memória. A versão exibida três anos atrás homenageou o centenário do autor com Juliana Paes no papel da morena brejeira.


6 - Selva de Pedra (Novela de Janete Clair) exibida em 1972. A novela foi a responsável por deixar o país ligado com a revelação de Rosana Reis. Regina Duarte e Francisco Cuoco formaram o casal principal.


7 - Que Rei Sou Eu? (Novela de Cassiano Gabus Mendes) exibida em 1989. Um reino de capa e espada satririzada pelo fictício Reino de Avilan parodiava o Brasil de 89 que se preparava para a eleição presidencial, a primeira em 30 anos.


8 - O Astro (Novela de Janete Clair) exibida em 1977 e remake em 2011. Trazia a história de Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco) que subiu ao poder usando da mágica, mas o que mobilizou a atenção foi descobrir quem matou Salomão Hayalla, personagem de Dionísio Azevedo. Foi também em O Astro que foi exibida a primeira cena de nu ainda em plena ditadura com Tony Ramos. Em 2011 quem vestiu o turbante foi Rodrigo Lombardi.


9 - Vamp (Novela de Antônio Calmon) exibida em 1991. Numa mistura ousada de rock e vampirismo a novela conseguiu fazer o público rir, principalmente Ney Latorraca que fez do Conde Vlad um personagem querido entre crianças e adolescentes.


10 - Avenida Brasil (Novela de João Emanuel Carneiro) exibida em 2012. A história de vingança de Rita/Nina contra Carminha mobilizou o país. Adriana Esteves no papel da vilã fez história e o país parou no último capítulo.








E foi graças a eles que as novelas da Globo são o que são. Entre os autores notáveis destacam - se Janete Clair, que ficou conhecida como a Dama das oito, Gilberto Braga, condutor de críticas sociais, Cassiano Gabus Mendes, rei das tramas das 7 da noite, Manoel Carlos, mestre em conflitos familiares e responsabilidade social, Aguinaldo Silva, Dias Gomes, Benedito Ruy Barbosa e da nova geração Lícia Manzo, Thelma Guedes, Duca Rachid e João Emanuel Carneiro. Sem esquecer de outros autores consagrados como Walther Negrão, Lauro Cesar Muniz, Silvio de Abreu, Carlos Lombardi e Glória Perez.



As minisséries também ajudaram a Globo a ser o que é na dramaturgia. Destaque para Lampião e Maria Bonita, que marcou o começo desse formato, ganhadora de prêmio em festival de cinema em NY, O Tempo e o Vento, da obra de Érico Veríssimo e trilha sonora de Tom Jobim, Anos Dourados e Anos Rebeldes, ambas de Gilberto Braga, Memorial de Maria Moura, Dona Flor e seus dois maridos, Hilda Furacão, Engraçadinha, Chiquinha Gonzaga, Hoje é dia de Maria, JK, Amores roubados e recentemente Felizes para sempre.



Dos seriados produzidos destaque para Malu Mulher com Regina Duarte, Carga Pesada com Antônio Fagundes e Stênio Garcia nos papéis dos caminhoneiros Pedro e Bino, Armação Ilimitada, série com linguagem de videoclip, Mulher e tantos outros.


Da academia de ginástica à escola, Malhação se tornou um celeiro para o surgimento de novos atores e com 20 anos de estrada passou por altos e baixos.

Amanhã no último capítulo a revolução visual de Hans Donner, o mago das vinhetas e aberturas e os dez maiores sucessos da história da emissora, fora as novelas.

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