No segundo capítulo da série especial sobre os 40 anos da Indy no Brasil vamos falar sobre o boom de pilotos brasileiros e a cisão que causou efeitos colaterais no Brasil.
A temporada de 1995 marcava um novo momento pro automobilismo brasileiro. A Fórmula 1 iniciava sua entressafra e andava em baixa depois da morte de Ayrton Senna e muitos deixaram de ver as corridas pela Globo e a Indy então aproveitou a situação e houve um boom com a chegada de novos pilotos brasileiros. Era a legião brasileira, disposta a tomar os EUA de assalto. Chegaram à categoria Christian Fittipaldi que depois de passar três anos na Fórmula 1 sem guiar um carro competitivo trocava a Europa pelos EUA e os saudosos Gil de Ferran e André Ribeiro. Gil chegou a testar um carro pela Footwork, mas teve azar e André depois de passar pelas categorias inglesas sem grande destaque foi pros EUA e logo de cara foi vice campeão da Indy Lights, a categoria de acesso e subia junto de sua equipe na época, a Tasman. Para completar houve a troca de rede de TV. O SBT de Silvio Santos compra os direitos de transmissão e passa a exibir as corridas no meio do tradicional Programa Silvio Santos, campeão de audiência aos domingos. Os resultados não corresponderam às expectativas, apesar disto o país teve três vitórias: Emerson vencendo pela última vez em Nazareth, André em New Hampshire, a primeira de um carro equipado com motor Honda e Gil em Laguna Seca. O brasileiro mais bem colocado foi Maurício Gugelmin e Gil de Ferran foi o rookie do ano. Ao mesmo tempo nos EUA Tony George criava a IRL e isso causaria enormes impactos.
1996 começou com a expectativa da realização de uma corrida da categoria no Brasil (isso é um assunto que trato daqui a dois capítulos) e nos EUA George coloca a IRL, o campeonato paralelo pra funcionar. A categoria disputada inicialmente em circuito oval e com baixos custos já começava a incomodar a Indy e produz seus efeitos no Brasil entre duas redes de televisão. O SBT mostrou as duas primeiras corridas da Indy Racing League (Orlando e Phoenix) em VT na madrugada e isso levou George a romper contrato, foi então que a Band adquire os direitos e numa jogada de marketing passa a chamar a categoria dissidente de Verdadeira Fórmula Indy gerando uma grande confusão. A Indy 500 passou a fazer parte do calendário da rival e a CART criou a US 500 pra rivalizar. As duas provas foram realizadas no mesmo dia e o SBT levou a melhor na audiência. No final do ano a justiça americana passa o nome Indy Car pra IRL e isso geraria mais confusão aqui no Brasil. Na temporada marcada pela vitória épica de André Ribeiro no Brasil o fato mais impactante foi o acidente que encerrou a carreira de Emerson Fittipaldi em Michigan. O piloto teve fraturas na sétima vértebra e por milagre não ficou paraplégico. Christian Fittipaldi foi o melhor brasileiro na temporada e a Brahma colocava sua marca no carro de Raul Boesel, mas fracassa na Green.
O ano de 1997 marcou a mudança de nome da categoria. Depois de anos conhecida como Fórmula Indy por uma sugestão dada por Emerson Fittipaldi o SBT rebatiza com o nome de Fórmula Mundial. Pra mim foi o ano que passei a acompanhar com afinco as provas, gravei todas elas além das reportagens, chamadas e os programas especiais, pois infelizmente não tenho mais e meu irmão vivia me criticando porque eu gostava da Indy. A Band transmite as provas da IRL e o Brasil contou com dois representantes: Marco Greco e Affonso Giaffone Neto, no campeonato da CART o país obteve apenas uma vitória com Maurício Gugelmin em Vancouver, Gil de Ferran ficou com o vice campeonato e Christian Fittipaldi sofre um grave acidente na Austrália, sofre fraturas na perna esquerda e fica dois meses afastado das pistas e no fim de 97 a Brahma retira o patrocínio levando Raul Boesel a migrar pra IRL. Em 1998 o país passa o ano em branco pela primeira vez desde 84 e não tivemos nenhuma vitória e isso causou enorme impacto na cobertura do SBT. A emissora chega a ter uma unidade de transmissão e até a etapa de Road America tinha equipe nos autódromos, logo depois o repórter Luiz Carlos Azenha deixou a emissora e as últimas cinco corridas foram feitas do Brasil em transmissões off tube. As razões pra isso foram o esvaziamento financeiro do esporte depois da Copa do Mundo com a contratação do apresentador Ratinho e a ascensão de Gugu Liberato na guerra de audiência contra Fausto Silva e no fim de 98 a emissora decide transmitir as corridas em VT na temporada de 1999. Em 99 o SBT exibe a maioria das corridas em VT às 23 horas. Pra quem tinha TV paga que era uma excentricidade na época, só os mais abastados puderam assistir ao vivo as corridas pelo canal alternativo do Premiére, mas pra quem não tinha como era meu caso ou tinha de esperar o Fantástico anunciar com Léo Batista pra saber quem fo o vencedor ou ver o VT no SBT no horário das 23 horas. Foi pelo Fantástico que fiquei sabendo das mortes do Gonzalo Rodriguez e do Greg Moore.
No ano 2000 o Brasil enfim deslancha na CART e conquista o título com Gil de Ferran. O título é o primeiro de um piloto em uma categoria top pós Senna e o país conquista oito vitórias num domínio impressionante. Mesmo com a grande fase dos brasileiros o SBT em detrimento aos fãs preferiu manter as corridas em VT priorizando o dominical do Gugu que atinge o auge devido às sucessivas vitórias sobre Faustão e a decisão que foi adiada para o dia seguinte sequer foi mostrada ao vivo só passando de madrugada. Foi o último ano da emissora e Téo José se despedia temporariamente. No fim de outubro a Record adquire os direitos e passa a transmitir as corridas ao vivo na temporada de 2001.
O ano de 2001 começava com um duro golpe: o GP do Brasil sai do calendário por causa da recusa do então prefeito do Rio César Maia de pagar taxa, por outro lado a Record traz de volta as transmissões ao vivo das corridas, mas nem todas são mostradas ao vivo a partir do segundo semestre por causa do Domingo da Gente que chocava horário em algumas corridas. A equipe é composta pelo narrador Oscar Ulisses, André Ribeiro e Celso Miranda. A Band transmite as quatro primeiras corridas da IRL até a Indy 500 que foi a primeira vitória de Hélio Castroneves e rompe contrato. No mês de julho as corridas passam a ser exibidas no Sportv. No campeonato da CART Gil se sagra bicampeão e no fim do ano a Penske decide ir pra IRL. A temporada de 2002 marca a virada da IRL sobre a CART com a ida da Penske e depois da Chip Ganassi. Helinho vence pela segunda vez a Indy 500 e luta até o fim pelo título. Na CART Cristiano da Matta se sagra campeão e a Record deixa de transmitir pois passou a dividir as atenções com o futebol. Na temporada de 2003 a IRL passa a se chamar IndyCar e tem os brasileiros de novo brigando pelo título até o fim. Gil de Ferran vencia a Indy 500 e se aposenta no fim vencendo no Texas. A Rede TV! passa a transmitir as corridas com narração de Fernando Vanucci e comentários de Celso Itiberê, mas quem mora no DF só assiste até a etapa da Alemanha pois a TV Brasília troca a Rede TV! pela Rede 21 em junho.
Em 2004 a Band volta a exibir as corridas, mas em VT às 20 horas pois o Sportv estava no último ano de contrato no ano do título de Tony Kanaan enquanto na ChampCar a Rede TV! transmite e Téo José volta a narrar depois de quatro anos. Em 2005 a CART é mostrada pela última vez em TV aberta com o GP de Long Beach e depois é repassada ao Sportv, nos dois anos seguintes a Champ Car é exibida no Speed. A IndyCar passa a ser disputada em circuitos mistos e surgem rumores de que as duas entidades poderiam se reunificar e em fevereiro de 2008 acontece a reunificação das categorias e o Blog de knunes à época no UOL noticiou o fato e trago aqui a matéria:
Agora é oficial: A Fórmula Indy é uma só
Nesta sexta feira saiu o acordo que todo mundo esperava. Depois de 12 anos separadas, ChampCar e IRL se unem. A Fórmula Indy volta a ser uma só categoria de monopostos nos Estados Unidos. Há menos de 15 dias fiz um post em que falava da reunificação das categorias. Nos próximos dias serão confirmados o anúncio da unificação e as alterações no calendário da temporada de 2008. A IRL começa no dia 29 de março em Homestead. A ChampCar começa no dia 20 de abril em Long Beach. Nesse mesmo post, eu falei no fim que o esporte é quem ganharia com isso. Pois é. Eu torço muito para que a categoria volte a seus melhores dias.
Nesse ano também passo a acompanhar as corridas e aqui trago postagem sobre a primeira prova após a reunificação.
Tony deixa escapar vitória e Dixon vence em Homestead
Não foi desta vez que o Brasil venceu no oval de Homestead. O piloto Tony Kanaan estava perto de vencer quando foi envolvido com a rodada do venezuelano Ernesto Viso que bateu no muro. O brasileiro tentou desviar mas teve sua roda direita tocada tirando uma vitória certa na prova de abertura da temporada 2008 da Fórmula Indy agora há pouco. Tony ficou em oitavo lugar. A vitória ficou com Scott Dixon da Chip Ganassi com Marco Andretti em segundo e Dan Wheldon fazendo uma fantástica corrida de recuperação chegando em terceiro. Os demais brasileiros não foram bem. Helio Castroneves foi o brasileiro mais bem colocado chegando em quarto, Vítor Meira foi o décimo, Mário Moraes foi o décimo sexto e Enrique Bernoldi foi o décimo oitavo. Bruno Junqueira abandonou. A próxima etapa da Indy será no próximo domingo em Saint Petesburg, circuito de rua que nos últimos dois anos viu a vitória do brasileiro Helio Castroneves.
No próximo capítulo vamos falar do pós reunificação, da volta da categoria ao Brasil e da perda de protagonismo dos nossos pilotos.
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