Retrospectiva 2023: Lula flerta com Centrão, país vive seu dia de Capitólio e Bolsonaro amarga inelegibilidade e se envolve em rolos

Kleber Nunes
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Começa a Retrospectiva 2023 e a partir de agora vamos fazer o balanço do ano que termina e como sempre começamos falando de política. O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula foi marcado pela ampliação da base, por outro lado a democracia vive um dia infame e Jair Bolsonaro enfrenta uma série de problemas e fica inelegível.

Lula III: A posse que resgatou a diversidade



Luis Inácio Lula da Silva, eleito em outubro de 2022 voltava ao poder em 1° de janeiro para assumir o terceiro mandato de presidente da Republica. A cerimônia de posse a Praça dos Três Poderes teve presença maciça da população e a celebração transcorreu de forma pacifica. A faixa presidencial que deveria ser passada por Bolsonaro acabou nas mãos de pessoas de diferentes segmentos uma demonstração de diversidade.

A costura para adequar o Centrão

O primeiro ano do terceiro mandato de Lula foi marcado pela costura de alianças politicas tendo como ponto alto a adesão do Centrão ao governo garantindo a governabilidade. O bloco parlamentar liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira passou a indicar politicos e emplacar ministérios e foi assim que Lira indicou vários políticos demonstrando poder. Silvio Filho assumiu o ministério dos portos e aeroportos fazendo com que Marcio França fosse deslocado pra pasta da micro e pequena empresa e André Fufuca assumiu a pasta dos esportes no lugar de Ana Moser que não pertencia a nenhum partido e mesmo com apoio da classe esportiva não ficou no cargo, antes em julho Daniela Carneiro deixou a pasta do Turismo que passou a ser ocupada por Celso Sabino. Outra mulher que teve de ceder pra abrir vaga pro Centrão foi Rita Serrano que deixou a presidência da Caixa Econômica Federal. No primeiro ano do terceiro mandato Lula viajou para vários países com o intuito de reinserir o Brasil no cenário interacional e ainda passou por uma cirurgia no quadril de rápida recuperação. 

Novas caras no Supremo: chegam Zanin e Flávio Dino

No Supremo Tribunal Federal o ano foi marcado por mudança de presidente e novos membros na Corte. A presidência passou a ser ocupada por Luís Roberto Barroso com a aposentadoria de Rosa Weber. E o processo de renovação começou com a indicação pelo presidente Lula dos novos ministros. Em junho Cristiano Zanin que é advogado particular de Lula foi aprovado e assume em agosto a vaga de Ricardo Lewandowski, perto do fim do ano o indicado é Flávio Dino que é sabatinado junto de Paulo Gonet, indicado para a procuradoria geral no lugar de Augusto Aras e ambos foram aprovados depois da sabatina que durou 10 horas na CCJ e em votação no Senado. Flávio Dino deixará o ministério da Justiça em fevereiro. Dentre os temas discutidos pela Corte os mais polêmicos foram a descriminalização da interrupção da gravidez e o porte de maconha. 

Alvo de ódio pelos bolsonaristas o ministro Alexandre de Moraes conduziu os processos referentes a fake news e ao mesmo tempo esteve à frente no julgamento dos atos golpistas. Isso não impediu que ele seja alvo de atos hostis como o ocorrido em julho na Itália, Moraes foi hostilizado por três brasileiros no aeroporto de Roma e seu filho foi agredido.

A derrota dos lavajatistas

Em 2023 políticos tiveram enormes problemas no decoro parlamentar e perderam mandatos. O primeiro, o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol foi cassado por unanimidade no Supremo e perdeu o mandato de deputado federal, pois pediu exoneração em meio à processos pendentes quando era magistrado, já o ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella foi cassado do mandato de deputado por abuso de poder político. Para o ex-presidente Fernando Collor mais um revés na justiça. Collor foi condenado à pena de 8 anos e 10 meses em regime fechado pois recebeu propina da BR Distribuidora no valor de R$ 20 milhões. Outra derrota da Lava Jato veio em setembro com a anulação dos acordos de leniência da Odebrecht pelo ministro Dias Toffoli.

8 de janeiro de 2023: O dia que a democracia sofre seu maior ataque



8 de janeiro de 2023, um dia que ninguém vai esquecer. Naquele domingo nublado a democracia brasileira foi testada no mais extremo ato já feito na história. Vários grupos de manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda inconformados com o resultado das urnas invadiram o centro do poder e sem nenhuma resistência da polícia promoveram um triste e deprimente espetáculo de horror e destruição já vistos na democracia. O bando de arruaceiros começou o vandalismo invadindo o Congresso Nacional, sede do poder legislativo e por onde passavam deixaram rastros de destruição, depois chegaram ao Supremo Tribunal Federal e como num vendaval destruíram tudo que vinha pela frente e para completar a invasão ao Palácio do Planalto que não foi poupado da fúria golpista exceto o gabinete do presidente. Quase 4 mil pessoas furaram o fraco bloqueio montado pelos policiais da PMDF que não foi capaz de conter a fúria golpista no maior atentado contra a democracia. Não demorou muito pro governo decretar intervenção federal no DF e consequentemente o afastamento do governador Ibaneis Rocha por 90 dias, mas Ibaneis retornou em 15 de marco. O então secretário de Segurança Pública Anderson Torres estava de férias em Miami e foi imediatamente preso assim que voltou ao Brasil após a revelacao de minuta de um documento no qual se tratava de tentativa de golpe de estado sendo solto quatro meses depois e com tornozeleira eletrônica. Ao todo mais de 1000 pessoas foram presas e em setembro começaram a ser julgadas. Os primeiros réus foram condenados com penas que variam de 14 a 17 anos de prisão por tentativa forcada de golpe e abolição do estado democrático de Direito. Em novembro um dos envolvidos nos atos morre na prisão. A CPI dos Atos Golpistas criada em abril apresentou em outubro o relatório final das investigacoes pedindo o indiciamento de 60 pessoas inclusive Bolsonaro pelo crime de lesa pátria. No saldo da destruição muitos vidros e móveis quebrados alem de obras de arte e esculturas que foram doadas, parte delas conseguiu ser recuperada e o que não foi possível recuperar viraram peças de um memorial que será inaugurado em 2024 para lembrar esse ato terrível. 

Os rolos de Bolsonaro: de escândalos à inelegibilidade

Depois de deixar o poder e não passar a faixa presidencial Jair Bolsonaro em seu primeiro ano sem ocupar mandato colecionou uma extensa lista de problemas fora do poder. Ele retornou ao país em 30 de março depois de três meses nos EUA e a partir daí sua vida virou as avessas. Pra começar o caso das jóias que foram doadas ilegalmente pelo governo da Arábia Saudita e que tem valor avaliado em R$ 16 milhões. As jóias entraram no Brasil sem pagar imposto e acabaram sendo devolvidas. Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle acabaram tendo seus sigilos quebrados. 

Em 3 de maio surge um novo personagem, o ex ajudante de ordens Mauro Cid. Ele foi preso na operacão Venire da Policia Federal sob a acusacão de falsificar o cartão de vacina de Bolsonaro, logo quem? Do maior negacionista na pandemia de Covid-19. A operação descobriu que Bolsonaro e sua filha Laura tiveram o cartão de vacina alterado para driblar restrições sanitárias e durante o andamento das investigações os agentes encontraram o roteiro de um plano golpista com o intuito de anular o resultado das eleições de 2022. Em agosto Mauro Cid ameaça confessar tudo que sabe: a venda das jóias pros Estados Unidos, a transferência clandestina do dinheiro e a entrega em espécie à Bolsonaro.

Outros nomes bolsonaristas que se enrolaram foram Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal preso em agosto suspeito de interferência e que comandou a operação que fiscalizou as estradas da Região Nordeste com o objetivo de dificultar o trânsito dos eleitores de Lula no segundo turno da eleição de 2022 e da deputada Carla Zambelli que na véspera do segundo turno ameaçou um homem de arma em punho. Carla se complicou ao ser citada pelo hacker da Vaza Jato Walter Delgatti Neto que admitiu ter recebido dinheiro de Zambelli para invadir os computadores do Judiciário e invadir o sistema de urnas eletrônicas.

Mas a maior derrota de Bolsonaro viria do TSE que em 30 de junho decidiu em julgamento tornar inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com embaixadores em julho de 2022 quando promoveu ataques sem provas à Justiça eleitoral e mentindo sobre as urnas eletrônicas. Os ministros do TSE decidiram pela inelegibilidade por 8 anos. Por 5 votos à favor da inelegibilidade e 2 contra Bolsonaro ainda perdeu os direitos políticos só podendo ser candidato novamente em 2030. Mesmo sendo inelegível o ex-presidente deverá usar o cacife que lhe restou para impulsionar nomes que tentarão manter o bolsonarismo em alta como o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas que faz um governo razoável e Romeu Zema, governador de Minas Gerais que esse ano fez declarações desrespeitosas contra os estados da Região Nordeste. 

A retrospectiva prossegue a seguir com os destaques econômicos do ano.

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