Dando continuidade a retrospectiva o assunto agora é a economia num ano que a Reforma tributária foi aprovada e o arcabouço fiscal foi tema constante no noticiário.
Fernando Haddad conquista o mercado
No primeiro ano à frente da economia o ministro da Fazenda Fernando Haddad teve um começo tímido, mas aos poucos foi entendendo o mercado e ganhou o respeito dos empresários e o mercado começou a entender como comanda a complicada economia brasileira num estilo completamente diferente de seu sucessor, Paulo Guedes. A aposta no sucesso do arcabouço fiscal deu certo e a lei foi aprovada em agosto, por outro lado travou um embate com o presidente Lula por conta da defesa do deficit zero.
Reformas são aprovadas e dão esperança à economia
O arcabouço fiscal, pacote de medidas que substitui o teto de gastos públicos que foi adotado no governo de Michel Temer foi aprovado em agosto. A nova lei tem como objetivo manter o equilíbrio entre a receita e a despesa a cada ano. No primeiro semestre houve uma série de negociações entre o governo e o Congresso e no começo de agosto a PEC foi aprovada no Congresso imediatamente entrando em vigor apos a sanção presidencial. A bancada de Brasília conseguiu evitar a perda do Fundo Constitucional que havia sido incluída no parecer inicial, mas conseguiram fazer com que a ideia fosse rejeitada no texto final.
Já a reforma tributária que foi tantas vezes adiada pois passaram governos e nada de uma reforma decente finalmente sairá do papel. A PEC proposta pelo governo foi aprovada na CCJ e votada no plenário do Senado e na Câmara dos Deputados sendo aprovada em 15 de dezembro e promulgada no dia 20. A reforma que será implantada a partir de 2026 vai transformar a forma de como são cobrados tributos com a eliminação de três impostos (ICS, Pis e Cofins) num imposto único alem da criação da Contribuição de Bens e Serviços. A aprovação da reforma fez com que a S&P subisse a nota de crédito do Brasil.
Juros caem, mas continuam altos
O Brasil continuou sendo um dos países com as mais altas taxas de juros do planeta, mesmo reduzindo a Taxa Selic. Em 2023 a taxa de juros deu sinais de que já é hora de reduzir mais. Quando o ano começou a Selic estava em 13,75% a.a, mas a partir de agosto começaram os cortes e foram quatro reduções de 0,5 p.p terminando o ano com a taxa de 11,75% a.a, ainda alta, mas pode reduzir mais. A inflação termina o ano dentro da meta estabelecida pelo mercado podendo passar de 4%. O presidente Lula travou embates com o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto que terminará seu mandato no ano que vem.
Twitter muda de nome e surge o rival, o Threads
Em 2023 o Twitter que foi comprado ano passado por Elon Musk mudou de nome passando a ser identificado com X. O aplicativo de mensagens passou por modificações temporárias que revoltaram os usuários. Eu uso há 14 anos e falei que iria sair, mas resolvi ficar mais um pouco e ano que vem saio de vez. Diante dessas mudanças a empresa Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp lançou em julho seu aplicativo de mensagem, o Threads que teve um começo muito bom, mas ainda não caiu de vez no gosto do público.
O fenômeno da Inteligência Artificial
A grande sensação tecnológica de 2023 tem nome. E a inteligência artificial que transformou de forma alucinante a economia numa revolução que foi escolhido como termo notável do ano segundo o Dicionário Collins. Tudo isso ocorreu com a criação do Chat GPT, a ferramenta que permitiu um avanço significativo atuando em todas as áreas. A versão 4 fez com que as máquinas se tornassem mais inteligentes, ao mesmo tempo a inteligência artificial começou a ser usada sem nenhum benefício. O sucesso do Chat GPT fez com que o Google lançasse o concorrente, o Google Bard. Uma das provas do que a inteligência artificial é capaz foi num comercial veiculado em julho pela Volkswagen que conseguiu juntar Elis Regina e Maria Rita e isso foi possível graças ao uso da inteligência artificial que chegou pra ficar.
Brasil novamente às escuras
Mais uma vez o Brasil teve de enfrentar um apagão. O apagão ocorreu no dia 15 de agosto atingindo 25 dos 26 estados e o Distrito Federal e foi causado por uma falha até hoje inexplicável nas linhas de transmissão deixando por 6 horas os brasileiros sem luz. Eu achei que tinha sido um daqueles cortes sem aviso da Neoenergia, a empresa de energia daqui do DF onde moro, mas não foi, tanto é que a luz voltou meia hora depois. A exceção foi o estado de Roraima.
O escândalo financeiro que abalou o mercado varejista
O ano de 2023 viu um escândalo financeiro que abalou o varejo. O escândalo das Lojas Americanas, tradicional empresa do comércio varejista que revelou um rombo estimado inicialmente em R$ 20 bilhões e que acabou sendo de R$ 12 bilhões surgiu em 11 de janeiro quando foi revelado o balanço da empresa de 2022 que apontou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões que depois foi catapultado pra R$ 43 bilhões e o tamanho do rombo deixou a diretoria de cabelo em pé. Em junho a empresa admitiu que houve fraude financeira devido à maquiagem do balanço patrimonial. O rombo que foi omitido pela antiga diretoria acabou sendo creditado na confissão. No mês de novembro foi revelado o real tamanho do rombo e agora a empresa luta pra se sobreviver. Um outro escândalo financeiro ocorreu em agosto com a empresa 123milhas que entrou com pedido de recuperação judicial após suspender a venda de pacotes promocionais de viagem deixando muita gente no prejuízo. Já as livrarias Saraiva e Cultura acabaram tendo sua falência decretada pela justiça, mas a Cultura conseguiu reverter a situação paralisando o processo. Outras empresas que passaram por crises foram a Starbucks, Oi e Grupo M5 que é dona da marca M.Officer.
A retrospectiva continua a seguir com os acontecimentos nacionais do ano.
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