Como fiz na década passada no extinto Blog de knunes no UOL agora que estamos perto do final da década é hora de relembrar de forma sucinta o que aconteceu nos anos 2010 (iremos abranger em todos os temas da série o período entre 2010 e 2018), a segunda década deste século XXI nos próximos dez sábados e como sempre começamos falando de política que na década teve a marca da Lava Jato, a derrocada petista com o segundo presidente a sofrer impeachment e o festival de escândalos.
Os escândalos políticos da década
Arruda é preso e Erenice se envolve em tráfico de influência nos primeiros escândalos políticos da década
A década começou com o escândalo do mensalão do DEM de Brasília. A crise política que se iniciou em novembro de 2009 se agravou com a prisão do então governador José Roberto Arruda em fevereiro de 2010. Arruda ficou dois meses preso preventivamente por decisão do STJ e perdeu o cargo. O então vice Paulo Octávio assumiu o cargo mas ficou cinco dias e Wilson Lima que era o presidente da Câmara Legislativa assumiu o mandato e convocou eleição indireta em que o escolhido para completar o mandato foi Rogério Rosso que governou Brasília até 31 de dezembro.
No mesmo ano estoura o Caso Erenice Guerra. O caso ocorreu durante a campanha eleitoral em que uma denúncia da revista Veja apontava o envolvimento de seu filho com tráfico de influência. Erenice era ministra chefe da Casa Civil e acabou exonerada.
A degradação do Rio de Janeiro
Anthony Garotinho e Sérgio Cabral foram presos por fazer parte de uma organização criminosa que destruiu a reputação do Rio
O Rio de Janeiro virou alvo de uma organização criminosa que saqueou o estado. Liderada por Sérgio Cabral a quadrilha deixou o estado em situação de penúria. Cabral foi preso em 2016 num desdobramento da Lava Jato e teve seu nome envolvido na compra de votos para a escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 que foram no Rio. O ex- governador Anthony Garotinho foi preso quatro vezes por diversos crimes.
Dinheiro escondido no bunker
R$ 51 milhões encontrados no bunker de Geddel escandalizaram o país em 2017
Em setembro de 2017 a Polícia encontra na casa do então deputado Geddel Vieira Lima mais de R$ 51 milhões escondidos em um bunker. A dinheirama jamais teve sua origem revelada.
O governo Dilma Rousseff
Eleita em 2010 e reeleita em 2014 Dilma Rousseff entrou pra história pela porta dos fundos pois ela acabou sofrendo impeachment. Sua posse em 1º de janeiro de 2011 foi histórica pois pela primeira vez uma mulher assumia a presidência. No mesmo ano de 2011 sete ministros caíram. O primeiro foi Antônio Palocci que foi defenestrado da Casa Civil, na sequência caíram Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi.
As manifestações que entraram pra história
O país sai as ruas em 2013 e pede melhorias, mas não é atendido e nos protestos teve mortes impactantes como a de Santiago Andrade em 2014
Em junho de 2013 o país assiste à uma revolução vinda das ruas. Tudo começa com protestos por causa de um aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em São Paulo. Foi o estopim para a onda de manifestações e protestos naquele mês histórico. Aos poucos os protestos ganham força e nem o governo é poupado. Durante a Copa das Confederações que foi realizada no Brasil os protestos tiveram maior intensidade e a FIFA teve de rebolar para garantir a segurança do torneio. Em 20 de junho de 2013 mais de 1 milhão de pessoas esteve nas ruas do país. Nem todos os protestos eram pacíficos, houve baderna e depredação por parte dos black blocs, um grupo extremamente radical que se misturavam aos manifestantes. Em fevereiro de 2014 durante um protesto no Rio o cinegrafista da Band Santiago Andrade foi morto pelo estouro de um rojão causado por um black bloc.
Surge a Lava Jato
Sérgio Moro quando era juiz liderou a onda de prisões de políticos e donos de empreiteiras que se envolveram na sujeira com a Petrobras e que virou bandeira contra a corrupção
Naquela segunda feira, 17 de março de 2014 começava a surgir uma operação que desvendou como saqueadores destruíram um dos patrimônios do Brasil. A Operação Lava Jato começou a dividir as atenções dos brasileiros mostrando como a Petrobrás foi saqueada. Um esquema de corrupção levou à uma onda de prisões nos mais de 5 anos de existência. Capitaneada pelo então juiz Sérgio Moro a Lava Jato desvendou como a Petrobras sofreu com a corrupção. A cada delação era revelada como a estatal foi locupletada ao longo de anos. Empreiteiras como a Odebrecht e Andrade Gutierrez envolvidas na sujeira, políticos em maioria do PT e do PMDB envolvidos, um verdadeiro mar de lama. De Alberto Yousseff até Nestor Cerveró várias pessoas foram presas e fases se sucederam. Em janeiro de 2017 o relator da Lava Jato Teori Zavascki morre em acidente aéreo e é substituído por Edson Fachin.
Dilma se reelege em eleição acirrada
Morte precoce de Eduardo Campos marcou uma das mais acirradas eleições da história e que renderam a reeleição para Dilma
A eleição de 2014 foi acirrada, mas também triste por um fato lamentável. A morte em acidente aéreo do candidato Eduardo Campos abalou a campanha. Campos era apontado com um futuro político brilhante e potencial presidente, mas acabou encontrando a morte na manhã do dia 13 de agosto. Para o lugar de Campos assumia Marina Silva e sua rápida ascensão nas pesquisas foi abreviada rapidamente por Dilma que foi pro segundo turno com Aécio Neves e o segundo turno teve debates quentes, mas no fim Dilma seria reeleita com uma diferença de mais de 3 milhões de votos sobre Aécio.
A sede de poder de Eduardo Cunha
Eduardo Cunha teve dias de poderoso que terminaram com a sua prisão em 2016
O segundo mandato de Dilma não foi fácil, pois surgiu um inimigo implacável. Eduardo Cunha, o presidente da Câmara se tornou um opositor ferrenho de Dilma e protocolou o pedido de impeachment. Cunha fez de tudo pra minar o governo lançando pautas bombas mas ele acabaria sendo preso em outubro de 2016, antes seria cassado em maioria esmagadora pelos seus pares. Ao mesmo tempo sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz trocou de lado, se antes ela dava as notícias, agora virou notícia às avessas. Assim como Cunha ela também se envolveu na Lava Jato.
2016, O ano do impeachment
Cenas de um ano turbulento: das manifestações até a aclamação de Temer o Brasil viveu dias insanos em que a temperatura subia enlouquecidamente e que terminaram com 13 anos de poder do PT
2016 foi um ano tenso e conturbado diante do turbilhão político que agitou aqueles 12 meses e começou em janeiro com a denúncia de que o ex- presidente Lula era o dono de um sítio em Atibaia. A crise se aprofunda com as revelações do então senador Delcídio do Amaral de que Lula e Dilma sabiam do esquema. Em 13 de março os brasileiros saíram ás ruas para protestar contra o governo. A crise se agrava com a divulgação por Moro de conversas entre Lula e Dilma e Lula seria ministro pra escapar das mãos de Moro, mas não adiantou. Em 17 de abril os deputados votam pela aprovação do pedido de impeachment de Dilma encaminhando a decisão pro Senado que em 12 de maio decidem afastar Dilma do cargo de presidente pelas pedaladas fiscais. Michel Temer assume interinamente a presidência até o dia 31 de agosto quando os senadores decidem afastá - la definitivamente. Dilma Rousseff se juntava à Fernando Collor como os presidentes que sofreram impeachment como determina a Constituição. Com a queda de Dilma o PT encerrou melancólicamente 13 anos no poder.
A denúncia que minou o governo Temer
O governo Temer vinha navegando em banho maria quando no dia 17 de maio de 2017 estoura a denúncia bombástica armada pelo empresário Joesley Batista do grupo JBF. Revelada pelo jornalista Lauro Jardim no jornal O Globo surgiram gravações em que Temer avaliza a compra do silêncio de Eduardo Cunha em que dizia ter de manter isto. Além disto surgiu uma mala de dinheiro vinda de Rodrigo Rocha Loures. Temer foi denunciado pelo então procurador geral Rodrigo Janot em dois artigos, mas em ambos foi salvo na Câmara e por pouco não sofreu um processo de impeachment. A denúncia bomba derrubou a carreira de Aécio Neves. O então senador que quase foi eleito presidente em 2014 viu sua reputação ir pro ralo pelo seu envolvimento no caso Joesley.
Do Planalto para o xadrez, o triste fim de Lula
Cercado pela multidão Lula é conduzido até a sede da PF: prisão que decretou o seu quase fim político
Cercado pela multidão Lula é conduzido até a sede da PF: prisão que decretou o seu quase fim político
A trajetória política do ex- presidente Lula ganhou uma enorme mancha quando foi condenado à prisão por Sérgio Moro em julho de 2017, aliás depois que saiu da presidência sua vida virou um inferno. Em outubro de 2011 Lula foi diagnosticado com um câncer na laringe totalmente curado, depois esteve nas articulações até o PT ser defenestrado do poder. Em setembro de 2016 o famoso Power Point do procurador Deltan Dallagnol acusava Lula de ser o chefe de uma organização criminosa. Em julho de 2017 Lula era condenado e em janeiro de 2018 teve sua sentença decretada: 9 anos de prisão. Em 7 de abril de 2018 Lula se entrega e começa a cumprir prisão na sede da PF em Curitiba, mas em 8 de julho uma confusão jurídica o manteve preso.
A eleição de 2018
A eleição de 2018 teve 14 candidatos disputando a cadeira de presidente. No começo do ano surgiram outsiders como Luciano Huck, Joaquim Barbosa e João Dória. Nenhum dos três foi em frente, mas Dória que havia sido eleito prefeito deixou o mandato e se elegeu governador pelo estado de São Paulo. As pesquisas apontavam Luís Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro favoritos, mas depois da prisão Lula foi descartado e Bolsonaro assumia o favoritismo.
A facada que mudou a eleição
A facada que mudou a eleição
No dia 6 de setembro de 2018 um atentado abala a campanha. Enquanto fazia campanha em Juiz de Fora Jair Bolsonaro era esfaqueado por Adélio Bispo dos Santos e é levado para um hospital. Ele passa por três cirurgias e não faz mais atos de campanha. Enquanto Bolsonaro se recuperava o PT escolhia Fernando Haddad como candidato. Os debates foram se esvaziando e no primeiro turno Bolsonaro levou mas teve de disputar o segundo turno com Haddad. A campanha então passa a ganhar tom de guerra com fake news vindas dos dois lados. Em 28 de outubro os brasileiros voltaram às urnas e elegeram o ex- capitão da reserva Jair Bolsonaro do nanico PSL como presidente da República.
A série prossegue no sábado que vem falando de economia e a nova década perdida.
A série prossegue no sábado que vem falando de economia e a nova década perdida.
Não serão aceitos comentários preconceituosos, racistas e ofensivos, pois os mesmos serão DELETADOS.