A Bela do Domingo: Flávia Alvarenga

A Retrospectiva 2018 está de volta depois do Natal e 2018 começa a entrar na reta final e hoje vamos relembrar a Copa do Mundo da Rússia, uma Copa cheia de surpresas e que terminou em Marselhesa com o bicampeonato da França.

A explosão do orgulho russo

Rússia foi muito longe na Copa e parou nas quartas caindo nos pênaltis

Durante 32 dias o mundo parou pra acompanhar os 64 jogos de uma Copa do Mundo eletrizante. A Rússia se mostrou para o mundo diferente do que estamos acostumados a ver diante do governo de Vladimir Putin. Antes da bola rolar havia um ar de insegurança e desconfiança em relação à receptividade do povo russo, mas as coisas funcionaram bem e os visitantes foram bem recebidos. Em meio à tudo isso a seleção nacional do país anfitrião empolgou e conseguiu a façanha de chegar até as quartas de final. Os russos começaram a Copa com a pior colocação no Ranking da FIFA e logo na estreia sapecou uma sonora goleada de 5 x 0 diante da Arábia Saudita, depois venceram o Egito de Salah e perdeu para o Uruguai, mas a classificação estava assegurada evitando o vexame da África do Sul que segue sendo o único país anfitrião que não passou da fase de grupos. Nas oitavas enfentou a Espanha e mesmo com menos posse de bola que os espanhóis segurou o empate e levou a decisão para os pênaltis e o goleiro Akinfeev virou herói defendendo duas cobranças levando os russos para as quartas e enfrentou a Croácia e de maneira inesperada levou a decisão de novo pros pênaltis, mas desta vez não deu. Smolov e o brasileiro naturalizado russo Mário Fernandes perderam suas cobranças e a Rússia acabou eliminada. Apesar da eliminação o país abraçou a sua seleção.

Casos de assédio envolvendo brasileiros foi o gol contra da Copa do Mundo

Mas por outro lado aumentou os casos de assédio contra as mulheres e dois casos envolveram brasileiros. No primeiro um grupo de brasileiros assediou uma russa e acabaram detidos e no outro caso a jornalista do Sportv Júlia Guimarães foi assediada por torcedores russos antes de uma entrada ao vivo.



Canarinho Pistola e o feiticeiro do hexa se uniram, mas a mágica não funcionou

Fora os casos de assédio as torcidas deram um show nas arquibancadas. O Brasil apresentou neste ano seu mascote, o Canarinho Pistola, um pássaro com cara de enfezado e que animou a torcida durante o período. Para cantar nos estádios uma nova música foi criada exaltando as cinco conquistas e ainda teve espaço para o Feiticeiro do Hexa, mas o feitiço acabou não funcionando pro nosso lado.

A queda alemã

Desolação alemã com a eliminação precoce na fase de grupos e a queda pra Série B da Liga das Nações num ano pra seleção da Alemanha esquecer

Se a Copa do Mundo é feita de zebras a mais improvável e a mais inacreditável aconteceu. Depois da França em 2002, Itália em 2010 e Espanha em 2014 a vítima da vez em 2018 foi a seleção da Alemanha que não escapou da maldição dos campeões de Copas anteriores que caíram na fase de grupos. Aliás o ano dos alemães é pra ser esquecido pois também acabaram sendo rebaixados na Liga das Nações e jogarão a Série B. Voltando pra Copa deu tudo errado pro time que antes da Copa pintava como um provável adversário do Brasil em uma oitava de final, mas tudo começou a ruir logo na estreia quando jogou de forma irreconhecível e perdeu da seleção do México obrigando a vencer os dois jogos seguintes. Contra a Suécia os alemães saíram atrás no placar, mas buscaram a virada que veio num golaço de falta de Toni Kroos. No último jogo bastava vencer a Coreia do Sul pra seguir adiante, mas sem inspiração e com jogadores abaixo do esperado a tragédia alemã veio com dois gols no final: o primeiro com a ajuda do VAR e o segundo começou com o goleiro Neuer perdendo a bola no campo de ataque e gerando um contra ataque mortal da Coreia que fez o gol decretando a queda alemã. Este foi o maior vexame da história da seleção alemã em todos os tempos.

Craques apagados

CR7 começou a Copa com tudo, mas sucumbiu com Portugal enquanto Messi perdeu pênalti e nada pôde fazer para evitar a queda da Argentina

Cristiano Ronaldo e Messi chegaram à Rússia com status de craques. Os donos dos títulos de melhor do mundo nos últimos dez anos estariam dispostos a brilhar por suas seleções. O portuga até que começou bem fazendo quatro gols nos dois primeiros jogos, mas depois perdeu pênalti e quase foi expulso no jogo contra o Irã, mas foi salvo pelo VAR. Nas oitavas pouco fez e viu Portugal ser eliminado pelo Uruguai, já o argentino queria acabar de uma vez por todas com a mística de não brilhar na seleção e jogar o mesmo futebol do Barcelona, mas tudo começou errado logo na estreia ao perder pênalti contra a Islândia, no jogo seguinte sumiu e assistiu o atropelo da Croácia, então resolveu dar lampejos de craque e fez o gol que abriu o caminho da vitória sobre a Nigéria, aí voltou a se esconder do jogo e nada pôde fazer para evitar a eliminação diante da França seguindo a sina de não marcar gol em mata - matas. A Copa ainda teve outras decepções como a seleção do Peru que chegou à Copa do Mundo bem colocado no ranking da FIFA e contava com o reforço do atacante Paolo Guerrero, mas ele começou no banco e viu o seu time perder pra Dinamarca, depois pouco fez pra impedir a derrota e a eliminação para a França e no último jogo fez gol na vitória sobre a Austrália, a seleção da Espanha chegou à Copa em polvorosa: dois dias antes de começar o Mundial o técnico Julen Lopetégui foi demitido logo após ser anunciado como técnico do Real Madrid (ele sairia meses depois) e Fernando Hierro acabou sendo improvisado como técnico. A campanha foi apenas regular com dois empates e uma dramática vitória sobre o Irã. Nas oitavas parou em Akinfeev e foi eliminada pela Rússia. A eliminação representou o fim da geração Tiki Taka pois jogadores como Iniesta, herói da conquista de 2010, Sérgio Ramos, Piqué, David Silva e Busquets anunciaram a saída da seleção. O futebol africano sempre vinha passando de fase desde 1986 onde pelo menos tinha representante nas oitavas, desta vez não teve nenhum pois todos ficaram na fase de grupos. A seleção do Senegal só foi eliminada pelo número de cartões amarelos pelo Japão. 

A revolução do VAR

Uso do VAR, o árbitro de vídeo é uma grande revolução tecnológica e um divisor de águas pro futebol

A grande novidade tecnológica para a arbitragem foi aprovada por torcedores, técnicos e jogadores. O VAR, o árbitro de vídeo foi usado 22 vezes para lances polêmicos, a maioria deles para anular ou confirmar pênaltis. Nesta Copa apenas quatro jogadores foram expulsos e o VAR chegou para ficar pois começa a ser adotado nos grandes torneios mundo afora como na Libertadores, Sul Americana e a Champions a partir das oitavas, no Brasil o VAR começou a ser adotado na Copa do Brasil e no ano que vem no Campeonato Paulista. No Brasileirão a ideia não foi aprovada pelos clubes que alegaram os custos altos.

Hexa cancelado pra 2022

Cenas da campanha brasileira na Rússia: Brasil não empolgou, mas chegou até as quartas

O Brasil foi o primeiro país a se classificar para Copa com um ano de antecedência, Tite conseguiu recuperar o time e o torcedor se empolgou voltando a acreditar no título. Nos amistosos boas vitórias contra a Alemanha, Rússia, Croácia e Áustria. A preparação foi feita em duas etapas: em Londres e depois em Sóchi. A caminhada da seleção começou em 17 de junho com um tropeço logo na estreia ao empatar com a Suíça na cidade de Rostov - on - don. O Brasil teve 20 minutos de bom futebol e abriu o placar com um chutaço de Philippe Coutinho, mas depois relaxou e a Suíça empatou com o gol de Zuber que nas imagens da TV fez falta em Miranda antes de cabecear pro gol, de nada adiantou pedir VAR e o gol foi confirmado. Na segunda partida dia 22 de junho em São Petersburgo contra a Costa Rica o Brasil viveu mais de 90 minutos de agonia diante da retranca armada pelo time costarriquenho e com o paredão Keylor Navas pegando tudo até que nos acréscimos chegou ao gol com Coutinho e depois Neymar fechou a conta e ao fim da partida se ajoelhou e chorou no gramado. O terceiro jogo em 27 de junho no estádio do Spartak contra a Sérvia até que foi tranquilo e o Brasil venceu bem com gols de Paulinho e Thiago Silva garantindo o primeiro lugar do grupo. Então em 2 de julho veio as oitavas contra o México em Samara e o Brasil teve paciência pra vencer o esquema montado pelo mexicano Osório e venceu o jogo com gols de Neymar e Firmino.

Sonho do hexa morre em jogo duro diante da Bélgica onde o Brasil pagou pelos erros e por um primeiro tempo ruim

Então veio o jogo contra a Bélgica no dia 6 de julho em Kazan e o Brasil começa bem o jogo tendo duas chances claras de gol, mas aí veio um escanteio e a bola cruzada para a área desvia em Fernandinho: Bélgica 1 x 0. O gol abala a seleção que tenta reagir, mas veio o segundo gol que começou com Lukaku pegando a bola no campo de defesa e saindo em disparada, ninguém fez falta e ele serviu para o chute seco e forte de Kevin De Bruyne. No segundo tempo com o placar adverso o Brasil tenta, faz seu gol com Renato Augusto que entra no intervalo, cria chances, mas param todas nas mãos do paredão Courtois. Fim de jogo em Kazan e o sonho do hexa fica adiado pra 2022. Nas últimas quatro Copas o Brasil em três parou nas quartas de final e a última vez que ganhamos de um europeu no mata mata foi na final de 2002 contra a Alemanha. Diferente de outras Copas Tite foi mantido no cargo e iniciou um novo ciclo visando a Copa de 2022. Nos seis amistosos pós Copa foram seis vitórias sem tomar gol. O ano de 2019 tem como grande desafio a Copa América que será em casa. 

Neymar foi alvo de muitos memes por suas quedas em campo, Fernandinho repetiu 2014 com jogo bisonho contra a Bélgica e Gabriel Jesus sentiu o peso da camisa e passou em branco na Copa

Neymar começou o ano sofrendo uma fratura em fevereiro, passou por cirurgia e se recuperou, mas na Copa foi alvo constante porque apanhou dos zagueiros e rolou muito em campo. Não demorou muito pra ser alvo de zoação e vítima de inúmeros memes que rolaram nas redes sociais. Gabriel Jesus passou em branco não fazendo um gol sequer, mas é novo e tem muito que aprender e recentemente admitiu que pesou a falta de gols, por outro lado jogadores que fizeram parte do 7 x 1 falharam como Fernandinho que no jogo contra a Bélgica marcou gol contra e não fez falta em Lukaku no lance do segundo gol belga, Paulinho foi discreto, Marcelo mostrou que é um jogador comum na seleção diferente do Real Madrid. Já Thiago Silva e Miranda formaram uma dupla de zaga bem segura, Casemiro foi boa opção no meio campo, Douglas Costa provou que se não fosse a contusão teria lugar no time titular e Firmino entrou bem em algumas partidas. 

Hegemonia europeia

A Copa do Mundo virou território europeu. Nos últimos quatro mundiais só deu Europa e como em 2006 na Alemanha só tinha time europeu numa Mini Euro. As semifinais reuniram França, Bélgica, Croácia e Inglaterra. Os franceses chegaram na semifinal passando por australianos, peruanos, dinamarqueses, uruguaios e argentinos enquanto os belgas passaram por Panamá, Tunísia, Inglaterra, suaram pra vencer de virada o Japão e despachar o Brasil. A trajetória dos ingleses antes da semifinal teve vitória suada na estreia contra a Tunísia, goleada sobre o Panamá e derrota pra Bélgica, classificação nos pênaltis sobre a Colômbia e vitória sobre a Suécia. A Croácia por sua vez começou ganhando da Nigéria, atropelou a Argentina e despachou a Islândia. Nas oitavas disputou sua primeira prorrogação e se classificou nos pênaltis diante da Dinamarca e despachou a Rússia de novo nos pênaltis. Na primeira semifinal a França foi superior e tirou a Bélgica da final com o gol de Umtiti, na segunda semifinal a Croácia jogou sua terceira prorrogação e desta vez venceu de virada a Inglaterra com o gol de Mandzukic coroando sua melhor campanha superando o feito de 20 anos atrás quando foi terceira colocada. Restaram para belgas e ingleses jogarem pelo terceiro lugar e a Bélgica levou a melhor vencendo por 2 x 0 coroando a melhor geração da história com craques como Hazard, De Bruyne, Courtois que foi escolhido o melhor goleiro do mundial e Lukaku.

O mundo é dos Bleus! França é bicampeã

França vence a Copa do Mundo pela segunda vez e Deschamps se iguala à Zagallo e Beckenbauer sendo campeão tanto como jogador e técnico

No dia 15 de julho o mundo parou para ver a grande final da Copa no estádio Luzhniki em Moscou. A França saiu na frente com o gol contra de Mandzukic que desviou chute de Griezmann e a bola entrou. Perisic empatou o jogo para a Croácia, mas em um lance dentro da área o VAR apontou pênalti pois o zagueiro croata meteu a mão na bola e Griezmann converteu. No segundo tempo a Croácia cansou sentindo o peso de ter jogado três prorrogações e a França se aproveitou matando o jogo com os gols de Pogba e Mbappé que se tornava o segundo jogador mais jovem a marcar gol numa final de Copa depois de Pelé. Mandzukic ainda fez o segundo gol croata contando com a ajuda do goleiro Lloris. Quando o juiz apitou o fim de jogo uma festa em azul e branco tomou conta do estádio Luzhniki. O técnico Didier Deschamps foi carregado e jogado pro alto pelos jogadores. Ele se junta à Zagallo e Beckenbauer como os únicos a serem campeões como jogadores e técnicos. A taça foi entregue debaixo de uma chuva forte ao goleiro Lloris, o capitão francês. 20 anos depois a França é de novo dona do planeta bola.

Mbappé brilhou e aos 20 anos ajudou a França a ser bi com um time multifacetado com o zagueiro Umtiti sendo destaque

Para chegar ao segundo título mundial a França apresentou uma seleção multifacetada. Os 23 jogadores que compuseram o elenco vieram de 17 nacionalidades diferentes como o camaronês Umtiti, o goleiro Lloris que é filho de espanhol, Hernandez que nasceu na Espanha e o grande nome jovem do mundial, o atacante Mbappé de 20 anos. O jogador do Paris Saint Germain jogou como se fosse um veterano e marcou quatro gols e foi escolhido um dos melhores do mundial. 

Luka Modric foi eleito o melhor jogador da Copa liderando a Croácia que consegue o vice campeonato e o inglês Harry Kane termina a Copa como artilheiro

O croata Luka Modric foi eleito o melhor jogador da Copa ficando com a Bola de Ouro do Mundial e depois conquistando no The Best da FIFA e pela France Football. Motor do time da Croácia fez dois gols e deu uma assistência além de percorrer 72 km nos sete jogos que disputou. Nos 64 jogos do mundial foram marcados 169 gols numa média de 2,64 por jogo e tivemos apenas um 0 x 0. O artilheiro do torneio foi o atacante Harry Kane da Inglaterra com 6 gols.

O Blog de knunes cobriu a Copa fazendo antes em abril o aquecimento contando a história dos mundiais anteriores através dos personagens, dias antes da bola rolar apresentamos as 32 seleções e a cobertura dos jogos foi feita no mesmo esquema de 2010 e 2014 com o relato dos jogos e nas partidas da seleção avaliei os jogadores com notas de 0 a 10.

A retrospectiva prossegue amanhã com as frases de maior impacto no ano.